Maria Lucia Fattorelli: quase a metade do orçamento federal é “sangrado” para destinação ao setor financeiro
Os membros do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunidos em Brasília, nesta terça-feira, dia 25 de outubro, ouviram uma exposição sobre a Dívida Pública Brasileira feita pela coordenadora nacional da associação Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli. A auditora aposentada do Ministério da Fazenda falou que, na prática, quase a metade do orçamento federal é “sangrado” para destinação ao setor financeiro e apelou à CNBB para que coloque a temática em debate, uma vez que tem pouca visibilidade na mídia.
Maria Lúcia explicou que a questão da temática da dívida pública tem sido abordada pelo movimento desde um plebiscito ocorrido no ano 2000, sobre a Dívida Externa. “Nós temos nos dedicado a estudar esse tema, aprofundar e verificar que dívida é essa, o que está por trás disso e nós conseguimos chegar a determinar que está existindo, não só no Brasil, mas no mundo todo, o que chamamos de ‘sistema da dívida’, um mecanismo que sangra os orçamentos públicos para destinar esses recursos para o setor financeiro. Aqui no Brasil, quase a metade do orçamento federal foi sangrado para este mecanismo da dívida pública”, denuncia.
Para a especialista, que apresentou aos bispos gráficos e documentos que comprovam a necessidade de auditoria da dívida pública, “é um escândalo”, o fato de, na conjuntura de recessão como a de 2015, com queda em vários setores econômicos, o lucro dos bancos ser maior que no ano anterior. No último ano, os bancos no Brasil lucraram R$ 96 bilhões e fizeram uma reserva de R$ 183,7 bilhões, de acordo com Maria Lúcia.
Maria Lúcia fez um apelo à CNBB para que aborde a temática em suas diversas instâncias. Para ela, a capilaridade da Conferência poderá fazer a diferença, em termos de conscientização popular, de construção de um outro modelo que venha garantir vida digna para todas as pessoas no Brasil. “Isso é urgente, isso é necessário. O Brasil, um dos países mais ricos do planeta, precisa dar esse passo”, sinalizou.
O movimento da Auditoria Cidadã da dívida realiza, desde 2001, estudos, publicações, eventos, além de atividades para a mobilização de entidades da sociedade civil nacional e internacional voltados para o objetivo de realizar, de forma cidadã, auditoria da dívida pública brasileira, interna e externa, federal, estaduais e municipais.
Fonte: CNBB
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