Fotos :
Elizangela Santos
Realizada na manhã deste domingo, em Crato, a 17ª Romaria das
Comunidades ao Caldeirão do Beato José Lourenço. O evento foi uma
realização das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e das Pastorais Sociais da
Diocese de Crato. Este ano, a tradicional romaria traz o tema: “Caldeirão da
Resistência: Água nossa de cada dia”, com a problemática da crise hídrica que
assola o nosso Estado, e também, articular alternativas sobre as dificuldades
relacionadas a falta d’água no semiárido cearense, a fim de compartilhar e
debater soluções sobre a preservação e o acesso a água.
Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
(Funceme), esse é o quinto ano consecutivo de seca no Ceará. Entre os meses de
fevereiro e maio de 2016, choveu somente 329,3 mm, quando a média esperada era
de 600,7 mm, ocasionando uma baixa de 45,2% na média de chuvas para este
período. De acordo com estudos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
(Cogerh) que monitora os 153 reservatórios que fornecem água para o Estado, quase
todos se encontram com volume abaixo de 30%, e muitos já estão completamente
secos na sua totalidade ou no nível morto.
Para o Coordenador das Pastorais Sociais da Diocese do Crato, padre
Vileci Basílio Vidal, esse é um momento oportuno para fomentar uma discussão
ampla sobre os problemas da escassez de água, tento em vista que a situação é
bastante preocupante. “Estamos vivendo uma crise de sustentabilidade, falta
água para nossa gente no sertão nordestino. Neste ano a Romaria ao Caldeirão,
procura incentivar a campanha pela instituição de políticas públicas de
captação, armazenamento e aproveitamento de água das chuvas para consumo
humano, dos animais e a produção de quintais, pois a água tem uma dimensão
sagrada e não podemos desperdiçar”. Ainda segundo o sacerdote a falta de
planejamento e o desperdício estão entre as principais causas da crise hídrica.
“O problema não é de escassez de água, mas a falta de responsabilidade social
para que não haja poluição das águas, falta de políticas e ações para recuperar
os mananciais poluídos, e também falta de um bom gerenciamento para que todos
tenham acesso à água de qualidade”, aponta.
A Santa Missa em memória da comunidade do Caldeirão foi celebrada de
frente a Capela de Santa Inácio de Loyola, pelo Bispo Coadjutor da Diocese de
Crato, dom Gilberto Pastana de Oliveira, acompanhado por sacerdotes de diversas
paróquias, grupos religiosos e caravanas, que buscam através da história do
Caldeirão e do beato José Lourenço, fortalecer a atuação dos movimentos
sociais.
Após o ato eucarístico, foram realizadas apresentações culturais, com
grupos de tradição, como as incelenças e grupo de bacamarteiros.
Caldeirão: Uma experiência sustentável
O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto foi fundado em 1926, em terras
cedidas pelo Padre Cícero Romão Batista ao beato José Lourenço Gomes da Silva.
A comunidade foi estabelecida próxima a uma falha geológica e a um lençol
freático que circundava a região, acarretando no acumulo água durante logos
períodos. Esse atributo foi essencial para o desenvolvimento do local e para
amenizar os efeitos das temporadas de seca, como a do ano de 1932, que levou um
grande quantitativo de retirantes à Juazeiro do Norte, para pedir auxílio ao
Padre Cícero, que os enviava para o Caldeirão. Um dos grandes méritos do beato
José Lourenço, foi aliar os recursos humanos aos ecossistemas do semiárido,
promovendo assim, um sistema igualitário e harmonioso, entre os que ali viviam e
o meio ambiente.
Fonte: Diário do Nordeste
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