Os romeiros podem ter reduzido em
número, mas não no fervor pela padroeira da Terra do Padre Cícero
por Elizangela
Santos - Colaboradora
A procissão é um momento de grande
emoção para os milhares de devotos que todo ano vão a Juazeiro do Norte louvar
a 'Mãe das Dores ( Fotos: Elizangela Santos )
Juazeiro do Norte. Uma multidão ocupou as ruas de Juazeiro do Norte
desde o fim da tarde de quarta-feira. São Os romeiros da "Mãe das
Dores" e do Padre Cícero que se despedem da cidade, emocionados com o
cumprimento do rito de fé, que realizam a cada ano. Dessa vez, a romaria esteve
abaixo da expectativa em termos de público.
Aquém
A estimativa era de
que pelo menos 400 mil pessoas estivessem na festa de Nossa Senhora das Dores,
mas a crise econômica e a proibição dos caminhões paus de arara foram motivo de
impedimento para muitas pessoas que pretendiam peregrinar até a cidade de
Juazeiro do Norte neste ano. A festa foi aberta no último dia 28 de agosto, com
a procissão das bandeiras. Neste ano, a Igreja iniciou as comemorações para
celebrar os cem anos da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, que começou como
pequena capela no povoado local e se tornou Basílica. Ao meio-dia foi realizada
a despedida dos romeiros. É um momento em que os fiéis levam artigos religiosos
e objetos pessoais para a bênção, antes de sair da cidade. A maior parte dos
participantes é dos estados de Alagoas e Pernambuco.
A despedida foi
realizada com a presença do bispo diocesano, dom Fernando Panico: "Estamos
chegando ao término de nossa romaria e queremos recordar os dias em que
estivemos aos pés de Nossa Senhora das Dores. Também agradecer o que esse
momento significou para muitos romeiros, na celebração do Ano Santo da
Misericórdia".
A comissão de organização
da romaria contou com reforço na segurança e maior organização do comércio
informal. A maior parte dos vendedores ocupou a parte interna do Centro de
Apoio aos Romeiros. Foram cerca de 800, dos mais de 2 mil que se instalam em
Juazeiro durante esse período. Para a secretária de Turismo e Romaria, Marli
Bezerra, essa foi uma alternativa encontrada para desocupar áreas do bairro
Socorro e a Praça do Marco Zero, dando preferência às apresentações culturais
nesse espaço.
O frei Raimundo
Barbosa, do Santuário dos Franciscanos, avalia que essa romaria esteve bem
abaixo do número esperado de fiéis. "Muitas pessoas ligaram dos locais de
origem para saber se havia sido liberado o pau de arara", diz.
Ele integrou uma
comissão, composta de autoridades locais e religiosos, que vinha negociando a
liberação do transporte para o contexto religioso, já que faz parte do
sacrifício de fé e da cultura romeira. Segundo ele, toda a conversação já vinha
bem adiantada nesse sentido.
Órgãos ligados ao
transporte, como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte
(Dnit), o Ministério da Justiça e o Ministério dos Transportes já tinham sido
contatados. "Agora, voltamos à estaca zero", lamenta. Ele também
afirma que não tem sido fácil para o povo nordestino o momento de crise
financeira e política que atravessa o País.
Desistências
A romeira de
Alagoas Filomena Maria da Conceição lamenta pelos seus conterrâneos da
localidade de Chã Preta não poderem vir. "É um momento sagrado para as
pessoas. Ficamos tristes e lamentamos por todos que ficaram apenas na vontade
de vir. Quando os motoristas souberam que ainda estava proibindo o transporte,
desistiram da viagem", conta.
E a festa deixa
saudades. "Para mim, esse é o momento mais importante, quando nos
despedimos de Nossa Senhora das Dores, ela que é a mãe de Jesus e minha mãe.
Saio daqui com coração já em saudades", declara emocionada a aposentada
Ana Lúcia do Nascimento, de Recife. Com lágrimas nos olhos, a devota,
juntamente com milhares de fiéis, participou da Bênção dos Chapéus e Despedida
dos Romeiros, nos momentos finais da Festa de Nossa Senhora das Dores, na
Basílica.
A próxima grande
romaria na cidade acontece no mês de novembro, com maior concentração no Dia de
Finados. A estimativa da Secretaria de Turismo e Romaria é da participação de
mais de 500 mil pessoas.
ENQUETE
O que achou desta romaria?
"Depois de
quatro anos, retorno a Juazeiro do Norte para participar da Romaria das Dores.
Percebo que houve algumas melhoras na estrutura da Cidade, mas o trânsito ainda
está muito complicado"
Marloni Joaquim dos Santos
Motorista
"Essa é a
quinta romaria de Nossa Senhora das Dores que venho, e a cada ano é mais
importante poder estar aqui para viver essa alegria. É uma forma de agradecer
as graças alcançadas e fortalecer a fé"
Severina Maria da Conceição
Aposentada
Fonte:
Diário do Nordeste
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