domingo, 22 de maio de 2016

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO



João 16,12-15


PárocoSOLENIDADE DA SANTISSIMA TRINDADE

               Celebramos neste domingo a solenidade da Santíssima Trindade, o Deus que nos envolve com ternura e que, no aconchego do seu amor, nos acolhe. Celebrar adorando é a melhor atitude para vivermos esta festa, pois, hoje, Deus nos quer falar a partir do mais íntimo de seu ser. Se o próprio sol que é criatura, não pode ser visto a olho nu, quanto mais Deus, que é criador pode ser visto em sua totalidade. Na pessoa de Jesus nas suas atitudes históricas concretas, podemos entender como é Deus, esta comunidade perfeita de amor.
               A solenidade da Santíssima Trindade só entrou na liturgia romana em 1334. Com o Concilio vaticano II, ela recebeu uma dimensão bíblica. Não é uma festa para desenvolver a doutrina sobre a Santíssima Trindade, mas um momento para as comunidades cristãs renovarem a sua aliança com o Pia que nos criou e libertou, entregando-nos o dom da vida de Jesus Cristo, seu Filho, e o dom do amor do Espírito Santo.

               Contemplar, a Trindade é parar diante desse mistério de amor, mas é também mergulhar nele e deixar-se envolver por ele. O nosso Deus não é um, pois, sozinho, seria solidão. O nosso Deus também não é dois, pois assim seria separado, e Deus não quer separação. O nosso Deus é Trindade para significar a comunhão de três. Quando dizemos Trindade, queremos fazer a soma de 1+1+1 = 3. Pois a Trindade não é matemática. Quando falamos Pai, Filho e Espírito Santo nos referimos, cada vez, a um único Deus que vive no relacionamento entre as três pessoas divinas, uma perfeita comunidade de amor. Com isso está claro que Deus é doação, é comunicação, e que ele está continuamente se comunicando. Na Trindade as pessoas se amam na medida perfeita, cada qual desenvolve a sua missão em comunhão total com o outro. Daí por que nós temos a expressão grega chamada pericórese para designar o caráter de comunhão que vigora entre as pessoas divinas. Com o adjetivo grego pericorético significa dizer que cada pessoa vive da outra, com a outra, pela outra e para a outra pessoa. O pai está sempre no filho, comunicando-lhe vida e amor. O filho está sempre no Pai conhecendo-o e reconhecendo-o amorosamente com o Pai. Pai e filho estão no Espírito Santo como expressão mútua de vida e amor. O Espírito Santo está no Filho e no Pai como fonte e manifestação da vida e do amor. No oposto à Trindade, nós temos o egoísmo, a tendência de esquecer os outros, esquecer-nos de Deus, construir ídolos. Nosso Deus, modelo de comunidade, exige que nós sejamos comunidade.
               O evangelho da solenidade de hoje (João 16,12-15) nos mostra que, estando prestes a deixar seus discípulos Jesus assegura-lhes o dom do Espírito. Espírito da verdade, que os guiará na posse total da verdade, fazendo-lhes conhecer o mistério de Cristo: como ele cumpriu as Escrituras, o sentido das suas palavras, dos seus atos e dos seus sinais; tudo que os discípulos antes não haviam compreendido. Assumindo esta missão, o Espírito glorifica o Cristo, assim como Cristo, que recebe tudo do Pai, glorifica o Pai. Portanto, um só é a revelação; sua fonte está no Pai, realiza-se no Filho esse completa nos que creem por meio do Espírito. O Espírito Santo faz reconhecer a manifestação do Pai em Jesus.
               Celebremos com grande fervor o mistério central de nossa fé, o Deus que se revelou por amor a nós, enviando o seu filho. E seu filho nos enviando na força do Espírito Santo. E não nos esqueçamos do que diz a doutrina de nossa igreja Católica, expressa no Catecismo Nº 266 sobre a Trindade Santa: “Veneramos o único Deus na Trindade e a Trindade na Unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância; pois uma é a pessoa do Pai, outra do filho, outra do Espírito Santo, igual à glória coeterna com a majestade”. Que a Santíssima Trindade nos inspire aqui na terra em comunhão com todos os seres humanos.    

Pe. Raimundo Neto
Pároco

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