João 16,12-15
Pároco SOLENIDADE DA SANTISSIMA TRINDADE
Celebramos neste domingo a
solenidade da Santíssima Trindade, o Deus que nos envolve com ternura e que, no
aconchego do seu amor, nos acolhe. Celebrar adorando é a melhor atitude para
vivermos esta festa, pois, hoje, Deus nos quer falar a partir do mais íntimo de
seu ser. Se o próprio sol que é criatura, não pode ser visto a olho nu, quanto
mais Deus, que é criador pode ser visto em sua totalidade. Na pessoa de Jesus
nas suas atitudes históricas concretas, podemos entender como é Deus, esta
comunidade perfeita de amor.
A solenidade da Santíssima
Trindade só entrou na liturgia romana em 1334. Com o Concilio vaticano II, ela
recebeu uma dimensão bíblica. Não é uma festa para desenvolver a doutrina sobre
a Santíssima Trindade, mas um momento para as comunidades cristãs renovarem a
sua aliança com o Pia que nos criou e libertou, entregando-nos o dom da vida de
Jesus Cristo, seu Filho, e o dom do amor do Espírito Santo.
Contemplar, a Trindade é parar
diante desse mistério de amor, mas é também mergulhar nele e deixar-se envolver
por ele. O nosso Deus não é um, pois, sozinho, seria solidão. O nosso Deus
também não é dois, pois assim seria separado, e Deus não quer separação. O
nosso Deus é Trindade para significar a comunhão de três. Quando dizemos
Trindade, queremos fazer a soma de 1+1+1 = 3. Pois a Trindade não é matemática.
Quando falamos Pai, Filho e Espírito Santo nos referimos, cada vez, a um único
Deus que vive no relacionamento entre as três pessoas divinas, uma perfeita
comunidade de amor. Com isso está claro que Deus é doação, é comunicação, e que
ele está continuamente se comunicando. Na Trindade as pessoas se amam na medida
perfeita, cada qual desenvolve a sua missão em comunhão total com o outro. Daí
por que nós temos a expressão grega chamada pericórese para designar o caráter
de comunhão que vigora entre as pessoas divinas. Com o adjetivo grego
pericorético significa dizer que cada pessoa vive da outra, com a outra, pela
outra e para a outra pessoa. O pai está sempre no filho, comunicando-lhe vida e
amor. O filho está sempre no Pai conhecendo-o e reconhecendo-o amorosamente com
o Pai. Pai e filho estão no Espírito Santo como expressão mútua de vida e amor.
O Espírito Santo está no Filho e no Pai como fonte e manifestação da vida e do
amor. No oposto à Trindade, nós temos o egoísmo, a tendência de esquecer os
outros, esquecer-nos de Deus, construir ídolos. Nosso Deus, modelo de
comunidade, exige que nós sejamos comunidade.
O evangelho da solenidade de hoje
(João 16,12-15) nos mostra que, estando prestes a deixar seus discípulos Jesus
assegura-lhes o dom do Espírito. Espírito da verdade, que os guiará na posse
total da verdade, fazendo-lhes conhecer o mistério de Cristo: como ele cumpriu
as Escrituras, o sentido das suas palavras, dos seus atos e dos seus sinais;
tudo que os discípulos antes não haviam compreendido. Assumindo esta missão, o
Espírito glorifica o Cristo, assim como Cristo, que recebe tudo do Pai, glorifica
o Pai. Portanto, um só é a revelação; sua fonte está no Pai, realiza-se no
Filho esse completa nos que creem por meio do Espírito. O Espírito Santo faz
reconhecer a manifestação do Pai em Jesus.
Celebremos com grande fervor o
mistério central de nossa fé, o Deus que se revelou por amor a nós, enviando o
seu filho. E seu filho nos enviando na força do Espírito Santo. E não nos
esqueçamos do que diz a doutrina de nossa igreja Católica, expressa no
Catecismo Nº 266 sobre a Trindade Santa: “Veneramos o único Deus na Trindade e
a Trindade na Unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância;
pois uma é a pessoa do Pai, outra do filho, outra do Espírito Santo, igual à
glória coeterna com a majestade”. Que a Santíssima Trindade nos inspire aqui na
terra em comunhão com todos os seres humanos.
Pe. Raimundo
Neto
Pároco
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