Há alguns anos houve um levante midiático internacional, liderado pela América do Norte, para denunciar os casos de pedofilia na Igreja Católica. A pedofilia é absolutamente passível de condenação. Mas tomada uma distância histórica, já tendo passado alguns anos, resta-nos a pergunta: o compromisso era de fato em combater a pedofilia?
Lembro-me que naqueles anos, em 2011, pude participar de uma reunião internacional em Madri, Espanha e lá tivemos o estudo do problema sob o tema de “cuidado de menores e pessoas vulneráveis”. Ali uma assessoria veio dos Estados Unidos falar para nós. Éramos 53 países representados em 110 delegados. O relevante é que a assessora americana se tratava de Mônica Apple White, que trabalhou com os casos de Boston. Ela iniciou a sua exposição relatando um caso de pedofilia em uma pequena comunidade protestante, em uma pequena vila do Texas; após o relato nos perguntou: vocês ouviram falar disso? – Ela estava perguntando aos 53 países ali representados, se este caso de pedofilia havia aparecido nos noticiários da Inglaterra, do Brasil, da Índia, do Congo, da França…e, na verdade, ninguém conhecia o caso. Diante do que veio a interrogação se a propaganda midiática queria mesmo lidar com o problema da pedofilia ou tinha outra intenção.
A pedofilia é um problema que exige ações determinadas para liquidá-lo e bani-lo da Igreja e das famílias; por isso, a Igreja vem elaborando em suas comunidades religiosas e instituições toda uma resposta a este problema.
E onde entra a mídia? – exatamente nessa pergunta: será que a grande mídia está preocupada com os grandes problemas da humanidade: corrupção, pobreza, pedofilia, conflitos armados, crise econômica? – ou há outra intenção?
Nos anos de grande cobertura midiática sobre a pedofilia e a Igreja, no Brasil muitos católicos chegaram a ter vergonha de serem católicos, outros deixaram a Igreja e alguns omitiram que tinham amigos padres, pois a propaganda veiculava, sob as cortinas das matérias, que praticamente todo padre é pedófilo, uma vez que muitos quiseram associar a pedofilia ao celibato católico! O Papa Bento XVI foi acusado de crime contra a humanidade, por um grupo liderado por Richard Dawkins e alguns advogados norte-americanos. Os anos se passaram, e hoje se sabe que há denúncias de casos de pedofilia em clubes de futebol, em ambientes familiares, em escolas, no meio político e também nas igrejas: e onde está a mídia?
Parece que o seu compromisso não era com o grave problema da pedofilia! – Mas onde entra, nesta história a condução coercitiva? – exatamente aí, onde entrou a Igreja: na manchete!
A condução coercitiva do ex-presidente entrou de cheio nas manchetes jornalísticas e há toda uma produção quase que incansável nessa direção. Na época da cobertura dos casos de pedofilia, muitos chegavam a afirmar que a Igreja era formada por pedófilos, isto é, a propaganda levou inúmeras pessoas a acreditarem que somente nela havia esse problema, e muitos creem assim até hoje.
Depois de toda a cobertura de um ex-presidente em investigação: será que a grande mídia possui o compromisso em combater a corrupção? – Ou sua intenção é outra?
Por fim, seria toda a produção da grande mídia apenas mais uma manchete ou um compromisso com o combate à corrupção? – Óbvio, tem coisas que a história julgará, ela mesma nos dá agora elementos que indicam o rumo das coisas, mas sem pensar, sem refletir, sem analisar não é possível participar bem desse momento.
Pe. Abimael Nascimento, msc
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