domingo, 14 de fevereiro de 2016

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO



Lucas 4, 1-13

PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA


A cena da tentação de Jesus, estampada no início do evangelho deste domingo (Lc 4,1-13), destaca dois elementos constantes de sua vida. O primeiro é a continua pressão para abandonar o projeto do Pai e seguir seus principais caminhos, movido pelo ideal mundano de grandeza; e o segundo, a presença do Espírito, de quem recebe força e proteção suficientes para separar os apelos do tentador e manter-se fiel ao Pai.
As três tentações são uma espécie de resumo de todas as que Jesus sofreu durante seu ministério. Vieram, até mesmo, de pessoas amigas, como Pedro, quando falou forte com Cristo, tentando dissuadi-lo da ideia de sofrimento e da cruz, como antecedentes da ressurreição. Para o apóstolo, era inconveniente o Messias falar de fracasso. Essa mentalidade valeu-lhe uma severa censura de Jesus, que o chama de “Satanás”, por ser contrário aos desígnios divinos. Os filhos de Zebedeu, Tiago e João, também pensaram diferente de Jesus, ao quererem garantir para si os melhores lugares no seu Reino. Seria incorreto, portanto, julgar que Jesus se foi tentado por inimigos, coo os que o desafiaram a descer da cruz, para crerem nele. Pessoas piedosas e tementes a Deus em determinado momento, podem ter uma mentalidade oposta ao pensamento divino e forçar outros a acompanhá-las.
A vida de Jesus, desde o início, foi marcada pelo Espírito Santo. O seu nascimento foi obra dele, a força do Altíssimo, que cobriu Maria com sua sombra. Por ocasião do batismo, o Espírito desceu sobre Jesus, como energia divina que sempre o acompanharia, livrando-o do mau caminho, e defendendo-o das insinuações do maligno. A cruz foi o lugar de confronto entre o tentador e o Espírito Santo na vida de Jesus. Este não se considera um super homem, capaz de enfrentara cruz, confiando apenas na capacidade pessoal de suportar e vencer o sofrimento. Se tivesse sido abandonado à sua própria sorte, dificilmente teria superado aquela aprovação. Pela força do Espírito, porém, mostra-se forte até o fim, mesmo diante da pena terrível imposta por um tribunal injusto. Sua condição de vencedor resulta da aceitação da intervenção o Espírito Santo em sua história.
A experiência de Jesus deve ser refeita em nossas idas. Estamos expostos a muitas tentações como a do ter e do prazer. Como Jesus as venceu, certamente com Jesus seremos vencedores.
Neste tempo de Quaresma, lembremo-nos de que é tempo de conversão, tempo de superar as tentações, tempo de assumir novos valores e redirecionar a vida para o amor a Deus e ao próximo. Durante esta semana, procuremos perceber quais são os nossos vícios e vamos tentar superar a mentalidade de que viciados são só os outros.

Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente

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