Lucas 4,14-21
TERCEIRO DOMINGO DO
TEMPO COMUM
O evangelho de São Lucas (4,14-21), da liturgia da palavra
deste domingo, nos mostra um momento glorioso da cidade de Nazaré, uma pequena
cidade da Galileia. Pequena e humilde a tal ponto, que Natanael perguntou com
certo desdém: “De Nazaré pode sair algo de bom”? (Jo. 1,53). Mas Nazaré
tornou-se muito grande e famosa, por tudo o que de grande aconteceu. Era a
terra de Maria e de José. Lá aconteceu a anunciação do anjo Gabriel e esse foi
o cenário silencioso do mistério da encarnação. Lá morou a Sagrada Família
depois da volta do exílio no Egito. Lá o Menino Jesus cresceu, recebeu educação
familiar, tornou-se adulto e viu chegar a hora de começar sua vida pública.
Jesus ficou conhecido como o profeta de Nazaré. Foi em Nazaré que Jesus
proclamou sua missão e apresentou seu programa de evangelização. Entrou, em dia
de sábado, na sinagoga, onde a comunidade, como de costume estava reunida para
ouvir a leitura da Lei dos profetas e para cantar os salmos. O presidente da
reunião Jesus a ler. Deram-lhe o livro do profeta Isaías, e ele, desenrolando o
pergaminho deu com o texto que dizia: “O espírito do Senhor pousou em mim,
porque me ungiu; e me mandou anunciar a boa nova aos pobres, pregar aos cativos
a libertação, aos cegos a recuperação da vista, libertar os oprimidos e
anunciar o amor da graça ao Senhor”. (Lc. 4,18-19).
Essas palavras em si poderiam servir para indicar a missão de
qualquer outro grande profeta. Mas, como nos diz aqui solenemente Jesus, elas
referem-se à sua pessoa de maneira especial. É ele que vem anunciar a plenitude
da benção de Deus, para a humanidade, como se instalasse um permanente ano
jubilar para todo o povo a semelhança do ano jubilar que se proclamava de
cinquenta em cinquenta anos para o povo de Israel. Ele vem anunciar o evangelho
aos pobres, os preferidos do Reino de Deus. Ele vem dar vista aos cegos, não só
curando-os miraculosamente como sinal de seu poder, mas iluminando as
consciências para conhecerem a luz da fé e os preceitos da lei de Deus. Ele vem
livrar os cativos de todas as escravidões matérias e espirituais que oprimem a
humanidade. Ele vem implantar no mundo a alegria da liberdade dos filhos de
Deus. Aquele “hoje pronunciado por Jesus naquele sábado, em Nazaré, vale para
todo o sempre, porque Cristo é de ontem, de hoje e de sempre”. Basta que, à
semelhança dos nazarenos, estejamos durante toda a vida atentos às palavras de
Jesus às inspirações da sua graça.
No domingo da proclamação da missão de Jesus na Sinagoga de
Nazaré, peçamos ao espírito de Deus por todas as comunidades cristãs e por todo
o povo de Deus para que possamos anunciar com alegria a verdade objetiva de
nossa fé, que é Nosso Senhor Jesus Cristo: caminho, Verdade e vida.
Pe. Raimundo Neto
Pároco de são Vicente de Paulo
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