quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

CONGRESSO EUCARÍSTICO NAS FILIPINAS, O EVANGELHO DO DIÁLOGO NA ÁSIA


Cebu (RV) - Uma ocasião para relançar a evangelização na Ásia por meio do diálogo e da experiência de comunhão. Este é o objetivo do 51º Congresso Eucarístico Internacional, a ser realizado em Cebu, Filipinas, de 25 a 31 de janeiro. O tema escolhido para esta edição - quatro anos após o Congresso de Dublin, em 2012 - é "Cristo em vós, esperança da glória", passagem extraída da Carta de São Paulo aos Colossenses. São esperados 10 mil participantes e 8.500 delegados, provenientes de 71 países.
Entre os principais conferencistas estão os Cardeais Luis Antonio Tagle, Arcebispo de Manila; Dom Timothy Dolan, Arcebispo de Nova Iorque; Dom John Onaiyekan, Arcebispo de Abuja, Nigéria, e Dom Oswald Gracias, Arcebispo de Bombai. O Santo Padre será representado pelo Cardeal Arcebispo de Yangon, Myanmar, Dom Charles Maung Bo.
"O tema da esperança é o tema central deste Congresso Eucarístico em um continente, feito sobretudo de jovens, em que a esperança é um elemento necessário para olhar ao futuro". A este propósito, a Rádio Vaticano conversou com o Presidente do Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais, Dom Piero Marini:
RV: O Congresso realiza-se nas Filipinas, único país asiático, juntamente com o Timor Leste, de maioria católica...
"Sim, as Filipinas são uma exceção na Ásia, que é o continente em que Cristo nasceu, e infelizmente é necessário dizer que é o continente, hoje, em que Cristo é ainda menos conhecido. Os católicos nas Filipinas são cerca de 100 milhões. 80% da população é católica. Assim, as Filipinas são para nós, de certa maneira, o ponto de partida para a evangelização da Ásia. E, de fato, Cebu está precisamente no coração das Filipinas. Sabemos que a evangelização da Ásia teve várias fases: a primeira é a dos missionários assírios - os "caldeus" - que partiram justamente da região da qual havia partido Abraão. A primeira evangelização foi a deles. Algumas fontes referem que por volta do ano 1000, esta Igreja caldeia - que chegou até mesmo à Mongólia, Indonésia e Índia - tinha mais fieis do que a Igreja de Roma e Constantinopla juntas. Mas depois, por causa também da língua siríaca e pela falta de inculturação, esta evangelização perdeu-se no tempo. Foi depois retomada pelos franciscanos em 1200-1300 e mais tarde pelos jesuítas. E a partir de 1.800 muitas Congregações deram continuidade a esta evangelização das Filipinas. Sabemos que as Filipinas foram evangelizadas pelos espanhóis, os quais chegaram em 1521 precisamente em Cebu. Eis porque se celebra o Congresso Eucarístico em Cebu. As Filipinas são, portanto, um exemplo em toda a Ásia de uma Igreja que viveu a inculturação, porque este é o grande programa que há 30 anos é levado em frente por todas as Conferências Episcopais da Ásia, as quais colocaram o diálogo como fundamento da evangelização. Diálogo, porque se trata de um continente rico de culturas. E - naturalmente - se a fé ou se a liturgia não são inculturadas, mais tarde passam sem deixar marcas”.
RV: Na Ásia existem ainda tantos cristãos que estão sofrendo...
"Sim, e um dos motivos principais disto é que ainda hoje - infelizmente - persiste na Ásia a visão da Igreja Católica como de uma Igreja ligada ao Ocidente. E isto é um grande obstáculo para a evangelização. Disto a necessidade de uma inculturação da fé, de dialogar com as outras religiões. O importante do Congresso Eucarístico é mostrar como a Eucaristia é uma lugar de reconciliação e um motivo de paz, em que todos se encontram filhos do mesmo Deus e irmãos entre si".
RV: Quais são os frutos dos Congressos Eucarísticos?
"Antes de tudo é necessário sublinhar que os Congressos Eucarísticos têm acompanhado a história da Igreja, a partir do final de 1800. O primeiro Congresso Eucarístico foi o de Lillem na França, em 1881. Naquela época eram Congressos Eucarísticos que sublinhavam sobretudo a visibilidade: queriam sublinhar a presença dos católicos em um ambiente, como aquele do século XIX, repleto de governos que eram contra a Igreja Católica, e a necessidade dos cristãos de marcarem presença: toda a atenção era colocada na Procissão Eucarística, quase como num sentido de tomar posse novamente das cidades. Mais tarde, os Congressos Eucarísticos tornaram-se ocasiões - quando Pio XI antecipou a idade para receber a Eucaristia - das milhares de Primeiras Comunhões por parte dos jovens. Sob Pio XI, houve sobretudo o aspecto missionário, porque os Congressos Eucarísticos atravessaram a Europa, foram para a América e assim por diante. Portanto, sempre houve um movimento que acompanhou e sublinhou a história da Igreja, até 1960, quando se celebrou o Congresso de Munique da Bavária, que marcou uma reviravolta, passando a sublinhas a importância da celebração da Eucaristia mais que de outros elementos, como a Procissão Eucarística ou a Adoração fora de Missa, que até então, haviam caracterizado mais os objetivos dos Congressos Eucarísticos. Aqueles que irão a Cebu, darão um testemunho da Igreja universal a esta Igreja particular de Cebu, mas vão também para receber. Em Cebu se encontrará uma população muito pobre. Não é uma grande metrópole do Primeiro Mundo. Mas os filipinos são pessoas que têm uma grande fé, um grande amor pela vida e pela alegria. Eu vou com prazer, porque os filipinos deram um testemunho em todo o mundo e ainda estão dando, de trabalho e de fidelidade. Esta pé, portanto, uma ocasião para agradecer a todos os filipinos espalhados no mundo pelo seu testemunho de fé e unidade na Igreja Católica". (JE)(from Vatican Radio)
Fonte: Rádio Vaticano

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