É possível ouvir o áudio na íntegra, abaixo, assim como os trechos específicos, ao longo do texto.
O Papa Francisco retornou à Ásia
A primeira viagem apostólica internacional do Papa Francisco neste ano de 2015, a então sétima de seu Pontificado, e terceira à Ásia após a visita à Terra Santa e à Coreia do Sul foi ao Sri Lanka e depois às Filipinas, de 12 a 19 de janeiro. Foi mais um exemplo da atenção do Pontífice à Ásia.
A viagem do Papa Francisco à República do Sri Lanka e às Filipinas foi nas pegadas dos predecessores Paulo VI e João Paulo II, que também visitaram os dois países: o Papa Montini ambos os países em 1970, e o Papa Wojtyla em 1981 visitou as Filipinas e em 1995 Sri Lanka e novamente as Filipinas.
Falando desta viagem, Francisco afirmou que voltou à Ásia “com prazer”. “Guardarei sempre no coração a lembrança do acolhimento jubiloso por parte das multidões, em alguns casos até mesmo oceânicas”, disse.
Sri Lanka
No Sri Lanka, “país de maravilhosa beleza natural”, o momento culminante foi a canonização do missionário São José Vaz. Numa época de perseguição religiosa, ele ministrava com frequência os sacramentos em segredo aos fiéis católicos, e ajudava sem distinção todos os necessitados. Durante a missa de canonização, disse o Papa Francisco: “indiquei S. José Vaz como modelo para todos os cristãos, chamados hoje em sai a propor a verdade salvífica do Evangelho num contexto multirreligioso, com respeito aos outros, com perseverança e humildade”.
O Pontífice na sua viagem salientou ainda o processo de reconciliação do povo cingalês, que está tentando reconstruir a unidade depois de um longo e dramático conflito civil. No encontro com as autoridades governamentais, ele destacou a importância do diálogo e do respeito pela dignidade humana na busca paciente da reconciliação. Já o encontro com os vários líderes religiosos confirmou as boas relações que existem entre as diferentes tradições religiosas, o Papa então pediu a cooperação de todos para curar, “com o bálsamo do perdão”, as feridas da guerra.
O tema da reconciliação caracterizou também a visita do Papa ao Santuário de Nossa Senhora de Madhu – ocasião em que pediu a Maria que obtenha o dom da paz e da unidade a todo o povo cingalês.
Filipinas
Do Sri Lanka Francisco foi às Filipinas, cuja finalidade particular da visita era levar conforto e encorajamento às populações que foram atingidas pelo tufão Yolanda. Ali uma multidão calculada em 7 milhões de pessoas recebeu o Papa.
Na região mais devastada, Tacloban, o Papa enalteceu a fé e a capacidade de recuperação da população local, assim como a generosidade das ajudas. “A potência do amor de Deus se manifestou no espírito de solidariedade demonstrada em inúmeros gestos sacrificados e iniciativas de caridade que marcaram aqueles dias trágicos”.
Os encontros com as famílias e os jovens foram outros momentos salientes da viagem às Filipinas. “Ouvir dizer que as famílias com muitos filhos e o nascimento de tantas crianças são uma das causas da pobreza. Parece-me uma opinião simplória. Posso dizer que a causa principal da pobreza è um sistema econômico que tirou a pessoa do centro e colocou no seu lugar o deus-dinheiro; um sistema econômico que exclui e cria a cultura do descarte que vivemos. Esta é a causa da pobreza, e não as famílias numerosas.
À juventude, Francisco ofereceu uma palavra de encorajamento em seus esforços para a renovação da sociedade, de modo particular através da proteção do meio ambiente e de uma atenção especial aos pobres. “O cuidado em relação aos pobres é um elemento essencial do nosso testemunho cristão; comporta a rejeição de toda forma de corrupção e pede a construção de uma cultura da integridade”, afirmou.
O Papa agradeceu a Deus pela sua visita ao Sri Lanka e às Filipinas, e pediu que Ele abençoe esses dois países. (SP)
Sarajevo
No dia 6 de junho o Papa Francisco visitou Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, naquela que foi a 8ª viagem apostólica internacional de seu Pontificado, a segunda à região dos Bálcãs, após a viagem à Albânia em setembro de 2014. Com o lema "A paz esteja convosco", o Pontífice visitou uma cidade que se tornou o símbolo do sangrento conflito dos anos 90, encorajando a população à uma convivência pacífica e à construir um futuro comum e reforçando o diálogo ecumênico e inter-religioso entre as comunidades formadas por croatas, sérvios e bósnios muçulmanos.
"Nesta terra - disse o Papa ao ser recebido no Aeroporto - as relações cordiais e fraternas entre muçulmanos, judeus e cristãos têm uma importância que vai além de seus confins. Elas testemunham ao mundo inteiro que a colaboração entre várias etnias e religiões em vista do bem comum é possível, que o pluralismo de culturas e tradições pode existir e contribuir para soluções originais e eficazes dos problemas; que mesmo as feridas mais profundas podem ser curadas com um percurso que purifique a memória e dê esperança ao futuro. Neste sentido as crianças, todas juntas, são a 'aposta' para o futuro".
Durante sua estadia de 11 horas em Sarajevo, Francisco cumpriu uma extensa agenda. A primeira reunião do Santo Padre foi com os três presidentes bósnios, que representam os principais povos e religiões do país. A presidência rotatória é formada por um muçulmano, Bakir Izetbegovic, um croata, Dragan Covic, e um sérvio Mladen Ivanic.
A grande missa celebrada ao ar livre, no Estádio Olímpico Asim Ferhatovic, no Bairro de Kosevo, na presença de cerca de 70 mil fiéis, foi o ponto alto da viagem. O Pontífice também participou de um encontro inter-religioso com mais de 200 representantes das diferentes religiões presentes em Sarajevo: islâmica, ortodoxa, católica e hebraica. Os líderes religiosos consideraram a visita de Francisco como um impulso à paz.
Essa foi a segunda viagem de um Papa a Saravejo. Em 1997, João Paulo II havia visitado a cidade, apenas dois anos depois da sangrenta guerra civil no país (1992-1995). (JE)
Papa na América Latina
Em julho foi a vez de Francisco realizar sua nona viagem internacional – viagem que o levou pela segunda vez a seu continente. Oito dias, três países visitados: Equador, Bolívia e Paraguai. Tratou-se da primeira visita a países que falam a mesma língua do Pontífice, deixando Francisco à vontade para improvisações – que não faltaram.
Equador: os idosos
Assim que chegou ao Equador, Francisco disse a que veio: “que não haja diferenças, não haja exclusão, não haja pessoas descartadas. A América Latina tem uma dívida com os pobres”. Mas foi o Santuário da Divina Misericórdia em Guayaquil que registrou a imagem-símbolo da passagem do Papa pelo país. Ali, o Pontífice rezou o Ave Maria com centenas de pacientes com câncer, idosos e pobres. “Não somos testemunhas de uma ideologia, mas do amor misericordioso de Jesus”, disse Francisco num dos últimos eventos em Quito.
Bolívia: os detentos
Do Equador, o Papa foi à Bolívia, onde cores, danças e músicas marcaram a sua recepção no país, onde não faltaram também momentos polêmicos, como o presente que Evo Morales deu a Francisco, um crucifixo encravado na foice e no martelo. Em Santa Cruz de la Sierra, o Pontífice pronunciou seu discurso mais elaborado, um verdadeiro manifesto aos movimentos populares. Mas o evento mais marcante em solo boliviano foi a visita à prisão de Palmasola, onde estão detidos inclusive brasileiros. Momento intenso para falar de reinserção, dignidade e sobretudo da verdadeira liberdade, aquela que só Jesus Cristo pode nos oferecer.
Paraguai: os jovens
E finalmente o Paraguai, terra de mulheres valentes, que souberam reagir com esperança – como disse Francisco – nos momentos difíceis. Terra também de jovens, que acolheram o Papa num verdadeiro clima de JMJ. A eles, o Papa recomendou barulho – barulho para transformar a sociedade.
Quem nos dá o tom da visita de Francisco à América Latina é o próprio Papa, que de regresso ao Vaticano disse aos jornalistas: "Digo uma coisa que me surpreendeu muito. Em todos os três países, nunca vi tanta criança! É uma lição para nós, para a Europa. A riqueza desse povo e dessa Igreja é que se trata de uma Igreja viva”.
Apenas dois meses após a memorável visita ao Equador, Bolívia e Paraguai, o Papa Francisco voltava ao Continente americano, desta feita para a 10ª viagem apostólica internacional de seu Pontificado, com duas etapas: Cuba e os EUA. (BF)
Cuba
Nas pegadas de seus predecessores, João Paulo II – janeiro de 1998 – e Bento XVI – março de 2012 –, no dia 19 de setembro, como “Missionário da Misericórdia”, tema da etapa cubana, o Papa Francisco chegava a Havana para a histórica visita à ilha caribenha, na qual, de 19 a 22 de setembro, esteve em Havana, Holguín e Santiago de Cuba. Uma viagem memorável no signo da misericórdia e da construção de pontes.
Qual Sucessor de Pedro, ao confirmar os cubanos na fé, Francisco lançou fortes mensagens não somente à Igreja e à sociedade da Ilha, mas ao mundo inteiro.
Em rápidas pinceladas, destaque para alguns dos memoráveis encontros e celebrações: a santa missa na Praça da Revolução, em Havana; encontro com os sacerdotes, religiosos e seminaristas na Catedral de Havana; encontro com os jovens na capital cubana; e ainda, o encontro com o líder da Revolução, Fidel Castro; em Holguín, missa na Praça da Revolução; em Santiago, o encontro com os bispos, e a oração à Virgem da Caridade do Cobre, padroeira da Ilha.
Numa época de crescentes conflitos, o Papa convidou a lançar pontes, “pequenas pontes, mas uma após a outra constrói a grande ponte da paz”. Em suas palavras, atos concretos desse construir pontes foi certamente a reaproximação, após mais de meio século, entre Cuba e EUA – etapa seguinte desta viagem – e o anúncio do acordo de paz na Colômbia, graças, inclusive, em, ambos o casos, ao papel do Papa Francisco.
“Corações abertos, mentes abertas”, Francisco exortou a “acolher e aceitar quem pensa de modo diferente”. O amor é servir aos mais vulneráveis. “O serviço jamais é ideológico, a partir do momento que não serve a ideias, mas a pessoas”.
Em terras caribenhas, Francisco convidou a crer “na força revolucionária da ternura”, da compaixão. “Não é pietismo”, observou o Papa. É levar a misericórdia de Jesus onde há pecado e falimento. Sem medo, sem purismos.
Na Ilha caribenha Francisco pôde partilhar com o povo cubano a esperança de realização da profecia feita por são João Paulo II: “Que Cuba se abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba”. (RL)
Em setembro, Cuba e EUA: a viagem dos extremos
Depois de sua primeira viagem à América Latina, Francisco teve outra missão inédita: Cuba e Estados Unidos, em setembro. Na ilha reduto do socialismo, ficou marcado o encontro com Fidel e a sintonia com o povo, em maioria pobre e católico. No país do norte, berço do capitalismo, encontrou uma Igreja de estampo tradicionalista, um rebanho reticente em relação às reformas do Pontífice e uma sociedade em geral consumista. Lá, o impacto gerado pelo Papa que rompe esquemas foi mais extraordinário.
Francisco cumpriu seu papel com relevância. O mediador do diálogo, facilitador da ponte de comunicação dos ex-inimigos Cuba e EUA, desembarcou na tarde do dia 22 em Washington, sendo recebido com honras de Chefe de Estado pelo Presidente Barack Obama, esposa, filhas e sogra.
Falando como “um irmão entre irmãos”, no dia 24 canonizou o franciscano Junípero Serra, evangelizador do México e “pai” da Califórnia, defensor dos indígenas. Foi o primeiro Papa a falar ao Congresso dos EUA, tocando temas como migração, tolerância religiosa e refugiados. Em Nova York, no dia seguinte, pediu aos membros da ONU que deixem de lado o “nominalismo declamatório com efeito tranquilizador sobre as consciências e adotem uma vontade efetiva para resolver os graves problemas que ameaçam a humanidade”.
No bairro marginalizado de Harlem, encontrou-se com crianças imigrantes, celebrou missa no célebre Madison Square Garden e deliciou milhares de nova-iorquinos passando de papamóvel nas ruas adjacentes ao Central Park. Finalmente, Filadélfia, para o VIII Encontro Mundial das Famílias.
Pensando na misericórdia
Sempre em busca do encontro, Francisco driblou as polêmicas focado nas afinidades e não nas contrariedades. Confrontou-se com as famílias de todo o mundo que foram àquela cidade exclusivamente para ouvir o seu recado. Salientou que o bem-estar de todos só pode existir na justiça, aonde deveres e direitos são bens de todos, naquela casa comum sem fome nem desigualdades onde a vida nos foi doada para que a preservemos, para nós e nossos filhos.
Em Filadélfia, o Pontífice falou às famílias e aos bispos sobre a grande ferida produzida por uma sociedade que reduz todos a consumidores. Para o Papa “ecológico”, uma das principais raízes da pobreza de tantas situações contemporâneas reside na solidão radical à qual muitos indivíduos são forçados, uma solidão que teme o compromisso, uma busca desenfreada de sentir-se reconhecido. Francisco propôs aos seus fiéis um sentido maior de família e as despertou para as verdadeiras ameaças à sua integridade.
Ali, se despediu dos Estados Unidos, assegurando que reza para que todos os seus habitantes sejam “bons e generosos custódios" dos recursos humanos e materiais que possuem. (CM)
África da Misericórdia
Presidentes e organizações recomendaram que, por questões de segurança, o Papa cancelasse sua ida à República Centro-Africana. Não sabiam, todavia, que Francisco decidira ir à África justamente para abrir a Porta Santa da Misericórdia na capital Bangui onde, da ferida da guerra, ainda escorre sangue inocente.
Francisco sujou a batina nas estradas de terra vermelha do coração do continente negro, visitou os últimos em um campo de deslocados e refugiados. Voltou a tirar os sapatos para, mais uma vez, entrar em uma mesquita e pedir diálogo e tolerância entre muçulmanos e cristãos.
O Papa fez visitas fora de programa. Em uma delas, a um hospital pediátrico em Bangui, abraçou, no corpo doente de Aids de uma criança raquítica, todos aqueles que ainda sofrem com a doença.
Em Uganda, recordou os mártires cristãos do passado, exemplos de persistência e fé para os cristãos de hoje, “a carteira de identidade” deles, como disse o Papa.
Era a primeira vez que Bergoglio pisava em terras africanas e, como todos os que chegam por lá, foi marcado indelevelmente pelo jeito de ser e hospitalidade do povo africano.
Margeando a Linha do Equador, o Papa chegou ao continente pelo Quênia. Em Nairóbi, conheceu as realidades das maiores favelas do mundo, ouviu com atenção os cantos de louvor na Missa na capital... e com um gesto emblemático, fez 70 mil pessoas darem-se as mãos em nome da união de um só país contra o tribalismo. (RB)(from Vatican Radio)
Fonte: Rádio Vaticano
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