Marcos 8, 27-35
VIGÉSIMO QUARTO DOMINGO DO TEMPO
COMUM
O evangelho proclamado hoje (Marcos
8,27-35) representa um ponto culminante na revelação do mistério de Cristo
segundo o evangelista Marcos. No texto distinguem-se
três partes: nas duas primeiras Jesus dirige-se a seus discípulos, e na
terceira a eles e ao povo conjuntamente.
1º) Confissão de fé em Cristo por
parte de Pedro, e lei do silêncio messiânico por parte de Jesus para evitar a
ideia do messianismo triunfalista e político, conforme o pensar comum de todo
judeu.
2º) Anúncio por Cristo de sua paixão,
morte e ressurreição. A imediata reação de Pedro revela que os discípulos
necessitam de uma prévia catequese sobre o mistério pascal de Jesus, para que
possam entender que classe de Messias Ele é.
3º) Convite de Jesus para seu
segmento e condições do mesmo. Parte dirigida a todos igualmente: povo e
discípulos. A todos Jesus propõe a ascese libertadora da cruz.
Jesus nunca propôs nem mandou algo
que Ele mesmo não tivesse cumprido primeiro. Ele nos precedeu com o exemplo,
praticando o que pede o cristão de sempre; por isso é modelo a ser imitado.
Cristo foi o primeiro a fazer a opção radical pelo Reino de Deus, opção
plasmada em seu desprendimento e pobreza total, em seu amor a todos,
especialmente aos mais pobres e em seu sentido de perdão e reconciliação.
Ele se adiantou a nós na entrega da
vida para ganhá-la. Se Jesus nos pede autenticidade sem claudicações diante da
incompreensão, da solidão, da malquerença, da perseguição e da morte, Ele
caminhou na frente com o “sim” fiel ao Pia, ao bem, à justiça e à fraternidade.
Surge daí o atrativo indeclinável de sua figura que fundamenta o seguimento.
Cristo é o modelo a ser seguido por todo seu discípulo, homem e mulher e em
todas as etapas da vida.
Nenhum mestre de espírito nem
fundador de religião apresentou com tal radicalidade de seu próprio segmento
mediante a autonegação como condição para a vida. Por isso a cruz salvadora é
elemento exclusivo do cristianismo, do estilo e da doutrina de Jesus. Se Ele
promete a vida a quem a entrega por Ele e pelo evangelho, é porque,
efetivamente, pôde fazê-lo com a garantia de sua vida nova e gloriosa à qual
teve acesso pela paixão e morte na cruz.
Pe. Raimundo
Neto
Pároco de
São Vicente

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