QUINTO
DOMINGO DO TEMPO COMUM
O Evangelho de hoje (Marcos 1, 29-39) mostra-nos Jesus
entrando de cheio em sua vida pública. Passa da sinagoga à praça e
às estradas. Assume sua missão. Jesus apresenta-se como libertador
dos males que afligem a humanidade. É aquele que toca pela mão e
faz levantar-se quem estava caído. O poder de Jesus ergue o ser
humano de seu estado de prostração, para servi-lo como é o caso da
sogra de Pedro, antes enferma, após a cura da febre começou a
servi-los. A cura é um símbolo d algo maior. É o sinal do Reino de
Deus já presente no meio do povo. A função de Jesus inclui curar
ou, de forma bem mais ampla, expulsar todo tipo de mal. Foi ele que
nos ensinou a rezar no Pai-Nosso: “Livrai-nos do mal”. Seria
incoerente que nós, como seguidores de Jesus hoje, buscássemos ser
agentes de cura, num mundo tão cheio de variadas formas de
sofrimento. Como curar hoje o irmão que sofre? As vezes parece
prático devolver o problema para Deus. Dizemos ao sofredor: “Vou
rezar por você”. E demos o caso por encerrado: daqui para frente é
com Jesus! É claro que temos que rezar uns pelos outros. Mas soa
estranho pedir a cura deste ou daquele e não se importar com o
estado dos hospitais públicos, com a miséria que favorece tantas
doenças, com o sistema injusto que trata luxuosamente a saúde de
uns e deixa outros sem assistência. Uma boa oração de cura seria
também pedir a Deus, diariamente, que nos torne sensíveis ao
sofrimento alheio e que nos inspire o que podemos e devemos fazer
para cuidar bem da saúde física, mental, emocional, afetiva,
espiritual, de quem está ao alcance dos nossos esforços. Várias
lições tiramos deste evangelho: Jesus vence os preconceitos contra
a mulher, aproxima-se da sogra de Pedro, toma-a pela mão curando-a,
dispondo-a para o serviço. A mulher coloca-se a serviço da
comunidade que ali está presente. Só quem é liberto de “muitas
febres” como a do poder, da ganância, da intolerância, do
fanatismo, pode servir à vida. Outra idéia é a de que quem deseja
colocar-se como seguidor ou seguidora de Jesus tem que desmascarar
“os demônios” que impedem a vida, assumindo um combate duro e
valente contra as forças que querem aproximar-se de mós e nos
matar. Ainda outra ideia é a de que Jesus veio para todos. Onde há
vida ameaçada, excluída, Jesus vem para anunciar a Boa-Nova do
Reino, em gestos de solidariedade, tornando-se Ele mesmo a boa
notícia para o povo.
Pe.
Raimundo Neto
Pároco
de São Vicente de Paulo
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