Há mais de oito anos foi encaminhado o pedido de reabilitação, mas ainda não se obteve resposta do Vaticano
Juazeiro do Norte. Após oito anos do pedido formal de reabilitação de ordens sacerdotais do Padre Cicero, em Roma, por uma comitiva com líderes religiosos, políticos e pesquisadores, movimentos começam a surgir nas grandes romarias de Juazeiro do Norte, como a Campanha pela Devolução das Ordens Sacerdotais do Padre Cícero Romão Batista. Os devotos de Juazeiro e romeiros de Estados como Alagoas se dizem "cansados" de esperar pela resposta da Igreja Católica.
O bispo diocesano dom Fernando Panico afirma que não vê muito distante uma resposta do Vaticano. Ele afirma ter conhecimento de causa, porque aos poucos começam a aparecer sinais, mas que é preciso humildade, paciência e oração para que se faça a vontade de Deus.
Os integrantes do movimento destacam a morosidade e a distância da Igreja em manifestar alguma resposta sobre o assunto. Mesmo sem a divulgação de avanços em Roma, a Diocese do Crato tem posicionamento otimista em relação às análises da documentação entregue, em nove volumes, pela comitiva, e que deve ser minuciosamente analisada. Há mais de 100 anos houve o processo de afastamento das ordens sacerdotais do Padre Cícero.
A caminhada pelas ruas do Centro de Juazeiro do Norte, no dia 31, segundo o coordenador, José Pereira Gondim, foi denominada "Passeata da Vitória", com cerca de 105 romeiros do Estado de Alagoas, além de mais 15 da região do Cariri, para ele considerados os verdadeiros devotos do Padre Cícero. Na primeira manifestação realizada, em novembro do ano passado, os poucos integrantes considerados pioneiros receberam um Certificado de Presença lavrado em cartório. "Será motivo de orgulho, agora ou futuramente", diz.
A meta é realizar mais uma caminhada, no dia 28 de fevereiro e todos os dias 20 de cada mês, data tradicional na realização das missas ao Padre Cícero. Segundo Gondim, esse foi um dos primeiros momentos em que a insatisfação do povo levou as pessoas às ruas, fazendo trocar as ladainhas, benditos e jaculatórias rezados em mais de cem anos.
História
O coordenador disse que esse é um momento histórico de reivindicações. Ele afirma que, a cada ano, o movimento tem contado com a adesão de mais romeiros. São homens e mulheres que saem às ruas portando bandeiras e estandartes, com a imagem do Padre Cícero e fazem questão de registrar em fotos a ocasião considerada histórica, por ser o início de uma jornada. Gondim destaca que essa é uma exigência em relação à avaliação da Santa Sé.
O bispo dom Fernando ressalta o carinho da população com o sacerdote, mas afirma que não é dessa forma que os devotos serão ouvidos pela Igreja. Ele diz que há toda uma análise que independe de imposições. "Vejo esses movimentos com simpatia, porque, de um lado, o povo quer uma resposta, mas, por outro, fico preocupado. Toda insistência, embora seja um direito do povo, pode ser interpretada no sentido negativo, como uma imposição e na Igreja não funciona assim", explica ele.
Em 2013 o bispo esteve com o papa Francisco e, durante meia hora de audiência, destacou o nome Padre Cícero, que foi recebido pelo Sumo Pontífice com simpatia. Ele demonstrou interesse em conhecer mais a vida do Padre Cícero.
Segundo o bispo dom Panico, é importante acolher a palavra da igreja, que não vem de um grito, mas resultante de um processo bem analisado. (E.S.)
Fonte: Diário do Nordeste
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