Na
primeira reunião do ano, que teve início hoje, 3, o Conselho Episcopal
Pastoral (Consep) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dá
continuidade à preparação da 53ª Assembleia Geral, que será realizada
de 15 a 24 de abril, em Aparecida (SP). Trata, ainda, de diferentes
assuntos como a Campanha da Fraternidade 2017 e o Ano da Paz. Hoje, pela
manhã, o membro da Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), Daniel
Seidel, apresentou a análise de conjuntura político-social.
Em
âmbito internacional, constam da análise o anúncio do embargo à Cuba
pelos Estados Unidos, mediado pelo papa Francisco; as eleições na Grécia
e seus efeitos sobre a crise da União Europeia; o ataque terrorista
sofrido pela revista Charlie Hebdo;
e o relatório da ONG britânica Oxfam, divulgado na véspera do Fórum
Econômico Mundial, que mostra o crescimento da desigualdade no mundo. De
acordo com a Oxfam, “se continuar o ritmo de crescimento da
desigualdade, em 2016 o 1% mais rico da população do planeta terá
ultrapassado a riqueza dos outros 99%”.
No que diz respeito à América Latina,
foi destacada na análise de conjuntura a situação do Haiti. De acordo
com o texto, cinco anos após o terremoto, “o quadro social em geral é
complicado”. A análise mostra que cresce o número da população com AIDS.
Além disso, 70% das pessoas estão desempregadas e vivem com menos de
dois dólares por dia. O bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da
CNBB, dom Leonardo Steiner, lembrou que, em janeiro, participou de um
encontro com o papa sobre a reconstrução do Haiti. O bispo disse que
existe um trabalho “extraordinário em termos de reconstrução do país” e
destacou o projeto de solidariedade entre os dois países, uma iniciativa
da CNBB e da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que surgiu
logo após a tragédia com o objetivo de despertar a consciência do povo e
das autoridades haitianas sobre o contexto de extrema pobreza. “O
trabalho que estamos fazendo junto com a CRB está no meio do povo”,
ressaltou dom Leonardo.
Realidade brasileira
Com relação ao Brasil, a análise aborda a
crise hídrica. “O sistema brasileiro de geração de energia a partir da
água não se sustenta mais”, aponta. Conforme o texto, “a crise é grave e
tem caráter prolongado, visto que as obras que se anunciam visam
compartilhar os recursos hídricos existentes, mas nenhuma iniciativa de
política pública enfrenta a raiz do problema que são o modelo de
desenvolvimento depredador e a matriz energética a ele vinculada”.
O arcebispo de Aparecida (SP) e
presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis, manifestou
preocupação com relação às populações mais carentes. Dom Damasceno
relatou ter visto pessoas atravessando o Rio São Francisco a pé, na
região que liga Petrolina e Juazeiro. “Algo que não acontecia”,
acrescentou. Para o arcebispo, “é preciso buscar uma solução não só
imediata, mas a médio e longo prazos”. O cardeal recordou que, em 2004, a
Campanha da Fraternidade já havia abordado a questão da água, quando
foram apontados desafios e soluções.
O arquivamento da Projeto de Emenda
Constitucional 215 também está presente na análise de conjuntura. A PEC
2015 visa “definir como competência exclusiva do Congresso Nacional a
homologação das demarcações das terras tradicionalmente ocupadas pelos
indígenas”.
Outro ponto da análise refere-se à
criação da Frente pelas Reformas Populares, que terá “o objetivo de
concretizar uma ampla unidade para construir mobilizações que façam
avançar a conquista de direitos sociais e bandeiras históricas da classe
trabalhadora. Buscará também fazer a disputa de consciência e opinião
na sociedade”. A Frente pelas Reformas Populares foi lançada em 22 de
janeiro e compreende movimentos populares e entidades da sociedade
civil”.
Após exposição e debate, o texto da
análise de conjuntura passará por uma revisão para, posteriormente, ser
divulgado no site da CNBB.
A reunião do Consep prosseguirá até amanhã, dia 4.
Fonte: CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário