sábado, 10 de janeiro de 2015

"COMO ENDURECE UM CORAÇÃO?" - PAPA NA MISSA DE ONTEM, EM SANTA MARTA

Um coração endurecido não consegue compreender nem sequer os maiores milagres. Mas «como endurece um coração?». Perguntou o Papa Francisco durante a missa celebrada na manhã de ontem, dia 9 de Janeiro, em Santa Marta.
Os discípulos, lê-se no trecho litúrgico do Evangelho de Marcos (6, 45-52), «não compreenderam o milagre dos pães: os seus corações estavam endurecidos». E no entanto, explicou Francisco, «os apóstolos eram os amigos mais íntimos de Jesus. Mas não entendiam». Embora tenham assistido ao milagre, «visto que aquela multidão – mais de cinco mil – comeu com cinco pães» não compreenderam. «Por quê? Porque os seus corações estavam endurecidos».
Muitas vezes Jesus «fala da dureza do coração no Evangelho», repreende o «povo de cerviz dura», chora sobre Jerusalém «que não entendeu quem ele é». O Senhor confronta-se com essa dureza: «Jesus realizou muito trabalho – frisou o Papa – para tornar os corações mais dóceis, sem durezas, amoroso». Um «trabalho» que continua depois da ressurreição, com os discípulos de Emaús e muitos outros.
Mas – perguntou o Pontífice – «como endurece um coração? Como é possível que as pessoas que estavam sempre com Jesus, todos os dias, que o ouviam e viam... e os seus corações estavam endurecidos. Mas de que modo um coração se torna assim?». E contou: «Ontem perguntei ao meu secretário: Diz-me, como um coração endurece? E ele ajudou-me a reflectir sobre isto». Eis então a indicação de uma série de circunstâncias com as quais cada um pode confrontar a própria experiência.
Antes de tudo, disse Francisco, o coração «endurece-se por experiências dolorosas, duras».
Outro motivo que faz endurecer o coração é «o fechamento: construir um mundo em si mesmo». Trata-se de um fechamento gerado pelo orgulho, pela suficiência, pelo pensamento que somos melhores do que os outros», ou também «pela vaidade». Algumas pessoas vivem fechadas e olham só para si mesmas, continuamente. Poderiam ser definidas «narcisistas religiosas».
Um ulterior motivo de endurecimento do coração é a insegurança. Atitude típica de quantos «são muito apegados à letra da lei». Como acontecia com os fariseus, explicou o Pontífice.
Eis a resposta à pergunta inicial. De facto, «o coração endurece-se quando não é livre e se não é livre é porque não ama». Conceito expresso pela primeira leitura da liturgia do dia (1 Jo4, 11-18), na qual o apóstolo fala do «amor perfeito» que «afugenta o temor». Com efeito, «no amor não há temor, porque o temor supõe um castigo e quem teme não é perfeito no amor. Não é livre. Sente sempre o temor que aconteça
Fonte: L’Osservatore Romano

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