Cidade
do Vaticano (RV) – Só se pode compreender o mistério de Jesus
caminhando no caminho da humildade e da mansidão: foi o que afirmou o
Papa Francisco na homilia da Missa desta manhã (02/12), celebrada na
Casa S. Marta.
Os olhos de um pobre são os mais aptos a ver Cristo e, através Dele,
distinguir o perfil de Deus. Os outros que pretendiam sondar este
mistério com os recursos da própria inteligência devem, antes,
colocar-se “em joelhos”, em atitude de humildade. Caso contrário, não
poderão entender nada. Francisco reiterou a verdade e o paradoxo do
mistério da Boa Nova: o Reino do seu Pai é dos “pobres em espírito”. A
reflexão do Pontífice seguiu o trecho do Evangelho de Lucas proposto
pela liturgia, no ponto em que Cristo louva e agradece ao seu Pai porque
decidiu revelar-se a quem não conta nada para a sociedade ou a quem
conta, mas sabe fazer-se “pequenino” na alma:
“Ele nos faz conhecer o Pai, nos faz conhecer esta vida interior que
Ele tem. Mas para quem o Pai a revela? A quem dá esta graça? ‘Eu te
louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste essas coisas
aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos’. Somente aos que
têm o coração como os pequeninos, que são capazes de receber esta
revelação, o coração humilde, manso, quem sente a necessidade de rezar,
abrir-se a Deus, se sente pobre; somente a quem vai avante com a
primeira Beatitude: os pobres de espírito”.
Portanto, a pobreza é o dom privilegiado para abrir a porta do
mistério de Deus. Um dom – notou o Papa – que às vezes pode faltar a
quem dedica um vida de estudos a este mistério:
“Muitos podem conhecer a ciência, a teologia também, muitos! Mas se
não fazem essa teologia de joelhos, isto é humildemente, como
pequeninos, não vão entender nada. Vão nos dizer muitas coisas, mas não
vão entender nada. Somente esta pobreza é capaz de receber a Revelação
que o Pai dá através de Jesus, por meio de Jesus. Jesus vem, não como um
capitão, um general de exército, um governante poderoso, não, não. Vem
como um broto. Foi que ouvimos na primeira leitura: “Naquele dia, um
rebento brotará do tronco de Jessé. Ele é um broto: é humilde, é manso, e
veio para os humildes, para os mansos, para trazer a salvação aos
doentes, aos pobres, aos oprimidos”.
E Jesus, continua o Papa Francisco, é o primeiro dos marginalizados,
chegando até mesmo a dizer ser “um valor inegociável ser igual a Deus”.
“A grandeza do mistério de Deus”, repete, se conhece somente “no
mistério de Jesus e o mistério de Jesus é precisamente o mistério do
abaixar-se, do aniquilar-se, do humilhar-se” que “traz a salvação aos
pobres, para os que estão aniquilados por tantas doenças, pecados e
situações difíceis”. “Fora deste quadro - conclui o Papa Francisco – não
se consegue entender o mistério de Jesus”:
“Pedimos ao Senhor, neste tempo do Advento, para nos aproximarmos
mais, mais, mais do seu mistério e de fazê-lo no caminho que Ele quer
que façamos: o caminho da humildade, da mansidão, da pobreza, o caminho
de sentir pecadores. Então, Ele vem nos salvar, nos libertar. Que o
Senhor nos conceda esta graça”.(BF/SP).
Fonte: Rádio Vaticano
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