Este
ano de 2014 o tempo do Advento começa no dia 30 de novembro o primeiro
domingo do Advento. Na Igreja Católica a palavra advento se refere ao
período de quatro semanas preparatórias para o Natal. O termo é cristão,
mas de origem profana, pois significa visita oficial de um personagem
importante no tempo da sua posse. Nos escritos cristãos dos primeiros
séculos torna-se termo clássico para designar a vinda de Cristo.
Trata-se de preparar bem a Festa do Natal, fazendo-a superar a mera
comercialização ou as insuficientes emoções humanas, para chegar à
profundidade do mistério de um Deus que nasceu entre os homens, a fim de
orientar o mundo e a humanidade segundo um novo plano. O Menino Jesus
que nasceu em Belém, pobre e rejeitado, é realmente o Rei do Universo.
Ele não impõe a sua vontade e o seu reinado, mas convida a todos a
acolher sua lei e construir assim uma sociedade de paz e universal
fraternidade.
O Natal será festa de verdadeira
alegria, de profunda paz e renovada comunhão entre os homens, na medida
em que houver uma autêntica e profunda preparação espiritual. O Advento
deve ser um tempo de conversão. Estudando a Sagrada Bíblia descobre-se
que os grandes mestres do tempo do Advento são o profeta Isaías e o
precursor João Batista, cujas leituras nos são propostas na liturgia das
quatro semanas de preparação para o Natal. O profeta Isaías estimula a
expectativa e o desejo da vinda de Cristo, descrevendo a beleza dos
tempos messiânicos: “Então o deserto se converterá em jardim e o jardim
tomará o aspecto de um bosque. No deserto reinará o direito e a justiça
habitará no jardim. A justiça produzirá a paz e o direito assegurará a
tranqüilidade. Meu povo habitará em mansões serenas, em moradas seguras e
abrigos tranqüilos” (Isaías 32, 15-18). São João Batista, o austero
pregador do deserto, exorta à penitência e conversão bradando: “Preparai
o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” Lc 3, 4-5).
As quatro semanas do Advento que termina
na Festa do Natal são para nós cristãos, uma fonte de espiritualidade,
uma bússola capaz de dar rumo e sentido a nossas vidas. “O tempo do
Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para
as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de
Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta
lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do
Cristo no fim dos tempos” (cf. Diretório da Liturgia, 2014, Ano A,
p.14).
Cada celebração do nascimento do Cristo é
uma reafirmação da força invencível da Verdade e do Bem. Mostra o valor
de uma luz que se acende nas trevas. Neste tempo que antecede o Natal a
“Coroa do Advento” aparece ao lado do altar nas Igrejas Católicas. A
Coroa do Advento, feita com ramos verdes, enfeitada com fitas coloridas e
cinco velas de cores diferentes que progressivamente vão sendo acesas,
retoma o costume judaico de celebrar a vida da luz na humanidade
dispersa pelos quatro pontos cardeais. Em cada domingo do Advento se
acende uma vela. No primeiro domingo se acende uma vela amarela (Isaías
anuncia a salvação ainda distante, cerca do ano 500 a.C; luz pálida). No
segundo domingo se acende uma vela vermelha (João Batista testemunha o
Salvador já próximo com martírio). No terceiro domingo se coloca na
“Coroa do Advento” uma vela roxa (Maria traz o salvador, roxo da
penitência). No quarto domingo uma vela verde é acesa (Jesus traz a
salvação, verde da árvore da vida, broto da raiz de Jessé). Na véspera
do Natal uma vela branca é colocada na coroa, símbolo de Cristo a luz do
mundo.
Os preparativos e a expectativa para o
Natal marcam o mês de dezembro de cada ano. Há, entretanto, profunda
diversidade de motivos que alteram os hábitos e sentimentos de pessoas
nesta época. Crença genuína ou mera caricatura do nascimento de Cristo;
narração fiel ou distorção do fato histórico e de sua dimensão
sobrenatural; simples promoção comercial; um simples desejo de aparentar
bondade; cumprimento de obrigações sociais: tudo isso significa
falsificação de uma mensagem profunda e transformadora. É o Natal num
mundo secularizado e descristianizado. Porém, há outra festividade
natalina que consiste na autêntica e verdadeira celebração do nascimento
de Cristo. Esta nos leva a uma expectativa de um novo nascimento de
Cristo na alma de cada cristão. Durante o período do Advento e
especialmente no Natal, proclamamos nossa fé no Filho de Deus que se fez
homem para nos salvar. O Advento e o Natal são riquezas de Deus
oferecidas aos homens. Vamos recolher esse tesouro, reparti-lo com
nossos irmãos e irmãs e com todo o Povo de Deus.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNB
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