Co
m quatro celebrações eucarísticas, uma delas, a última, depois da procissão, estão se encerrando os festejos em honra a Santa Luzia, na sua Capela, localizada à Rua Antônio Rocha, nas proximidades do Posto Multi e Ecofor.
O dia começou com a "Missa dos Enfermos". Neste momento, realiza-se a segunda, presidida pelo padre João Carlos, que na parte da tarde, com o padre Amado, embarca para a Colômbia (Bogotá) em tempo de férias. Às 17 horas, procissão e, em seguida, missa. A festa ficará encerrada com uma missa, celebrada pelo padre Luís Gabriel Mendoza, pároco de São João Eudes.
Depois da missa, entra a parte social, com música ambiente e Leilão dos Olhos Vivos.
A CAPELA
DE SANTA LUZIA
Em meados
da década de 1910, o Ceará, assim como o Brasil e o mundo, presenciou fatos
históricos importantes. O começo da Guerra Mundial assombrava e amedrontava
todos os que participaram e tiveram notícias de tamanha barbárie. Começavam, no
Brasil, as greves operárias, o início das reivindicações para melhores padrões
de trabalho. Os cearenses sofriam com terríveis secas, como a de 1915, além da
famosa ‘’Sedição de Juazeiro’’, em 1914, onde se tornou notável a influência de
Padre Cícero sobre o povo camponês. Em meio a tanta violência, nasce, no Ceará,
como uma flor que brota em meio à lama, uma nova esperança: uma nova
Arquidiocese, e nela, um pouco antes, uma pequena comunidade, nas proximidades
do Rio Cocó.
Onde hoje se encontra a Praça de
Santa Luzia, antigamente pertencia ao Sr Henrique de Castro Alencar, que cedeu
o espaço no qual, em1913, foi fincado um cruzeiro a fim de simbolizar que ali
seria construída uma Igreja. O período de construção da Capela foi de dois
anos, terminando apenas em 1915, graças aos esforços de Sr Henrique e amigos da
comunidade, que decidiram por consenso, elegendo Santa Luzia como padroeira.
Neste meio tempo, em 1915, com a Bula Papal “Catholicae Religionis Bonum”, de Bento XV, A Diocese do Ceará é
elevada a Arquidiocese de Fortaleza, criando-se também, as Dioceses do Crato e
de Sobral.
A Igreja de Santa Luzia foi
inaugurada com as bênçãos de Frei Roberto e de Dom Antônio de Almeida Lustosa.
Na primeira celebração, foram batizadas algumas crianças, que futuramente
viriam a dar frutos dentro da comunidade, tendo com exemplo D. Zilar, umas das
primeiras catequistas da Capela. Então, o Patronato das irmãs também ajudavam
nas celebrações e trabalhavam no ensino de ler e escrever de meninas. Tudo isso
era feito ao redor da capela, onde havia muitos sítios, vacarias, ao redor do que,
aos poucos, foi se construindo um bairro, batizado primeiramente de ‘’Santa
Luzia do Cocó’’ e, atualmente, denominado ‘’Jardim das Oliveiras’’.
Por volta de 1922, a Comunidade
era pequena e a Capela dispunha de poucos bancos, dividida entre o lado para
mulheres e outro para os homens. A mesa da comunhão separava os fiéis do altar,
que era revestido de pastilhas e ornamentado pelas imagens de Santa Luzia, São
Francisco, Santo Antônio e Nossa Senhora. No meio do Sacrário havia um
crucifixo.
Por ocasião das missas, as mulheres precisavam estar com
véu na cabeça e o terço na mão e, além de tudo, estarem bem vestidas para
receber a eucaristia. Na celebração das missas, o sacerdote permanecia de
costas para a assembleia e a missa era rezada em latim. Por não haver energia,
a Capela era iluminada por lampião ou velas. Além disso, a luz do luar
iluminava o cruzeiro, aonde as reuniões eram realizadas.
Em 1932, frei Roberto faleceu e toda a comunidade sofreu
muito com sua ausência. Com o decorrer do tempo, Dom Lustosa designou o padre
Francisco Cônego Pereira, mais conhecido como padre Pereira, como capelão da
Capela. Ele chegou à Comunidade neste mesmo ano, começando seu trabalho
missionário e ficando vários anos na comunidade. Além de ser muito querido, ele
era respeitado pelo povo. Com grande dificuldade de chegar à Comunidade, pois
residia em Messejana, vinha apenas uma vez por mês para celebrar missas na
Capela Santa Luzia.
Por volta
de 1970, chega à comunidade o padre Luis Renato Francisco Derouet, francês,
possuidor de grande carisma, respeitador e considerado pela Arquidiocese, o
maior animador da juventude e grande incentivador das Comunidades Eclesiais de
Bases (CEBES). Ele morou durante 20 anos na sacristia da Capela, em um pequeno
quarto, o qual ele considerava suficiente. O Padre chegou a trabalhar no
Hospital Geral de Fortaleza, como torneiro mecânico.
Ele
assumiu algumas comunidades para as quais foi designado, tais como a Capela de
Santa Luzia, Menino Deus e São Sebastião que, naquela época, pertenciam à
Paróquia Nossa Senhora da Glória. Em 1991, chegaram os padres redentoristas.
Em 1996, a
presença dinâmica do Padre Edimilson animou a comunidade a mais a trabalhar
para o reino de Deus. Passou também pela capela, o Padre Raimundo Nonato, que
embora de passagem rápida, assim como os outros, deu sua parcela de ajuda. Com
a doença do Padre José Alberto Castelo, Padre Sales veio substitui-lo até a
chegada do Padre José Wilson.
Em 2003,
com o decreto de Dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, Arcebispo de
Fortaleza, é criada a Paróquia São João Eudes, administrada pelos padres da
Congregação de Jesus e Maria, os Eudistas, e a capela de Santa Luzia se
integrou a esta desde então. Dentre as cinco comunidades que fazem parte desta
paróquia, a de Santa Luzia é a mais antiga. Sua Capela será a primeira das três
capelas paroquiais (as outras são Menino Deus e Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro) a ter ser templo e altar consagrados, pelo bispo auxiliar de
Fortaleza, Dom José Luis Gomes Vasconcelos, na presença de relíquias de São
João Eudes. A cerimônia dará abertura ao JUBILEU da Capela, que se prepara para
comemorar, em 2015, 100 anos de existência.
Contar a
história de a Capela de Santa Luzia é também contar a história de uma
comunidade que se criou através dela.
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