O
Vaticano condenou a opção de morte da norte-americana Brittany Maynard,
uma jovem de 29 anos que sofria de um tipo agressivo de câncer cerebral
e que pôs fim à própria vida no dia primeiro de novembro. A jovem optou
por suicídio assistido, por meio de medicamentos, em sua casa de
Portland, no Estado do Oregon. É um dos cinco estados da Federação nos
estados Unidos em que a eutanásia é considerada legal. Para o Presidente
da Academia para Vida, Mons. Carrasco de Paula “O suicídio assistido é
um absurdo. Nós não julgamos as pessoas, mas o gesto em si é preciso
condenar”.
Suicídio (do latim sui, “próprio”, e
caedere, “matar”) é o ato intencional de matar a si mesmo. Segundo o CVV
(Centro de Valorização da Vida) de São Paulo, no Brasil, cinco de cada
100 mil brasileiros, com idade entre 15 e 24 anos, cometem suicídio.
Segundo o psicólogo Dr. Matthew Nock, da Universidade de Harvard, “a
maioria das pessoas que cometem suicídio tem algum transtorno mental.
Dentro estes as principais causas de suicídio são: depressão,
dependência de drogas, transtorno bipolar, anorexia, esquizofrenia e
transtorno de personalidade. Os transtornos das famílias envolvidas são
terríveis. Pessoas perguntaram: “Quando alguém se suicida, ele se
salva”?”. Antigamente a Igreja Católica, sem a ajuda da psicologia
pastoral para a compreensão dessa atitude, aplicou várias sanções para o
suicida, como a negação da sepultura eclesiástica e da celebração da
missa pela sua alma. Hoje, ajudada pela psicologia e a psiquiatria, a
Igreja já vê sob nova forma e tem grande compreensão e misericórdia para
com aqueles que chegam a tal ponto. Agora há sepultamento em cemitério
cristão e orações e missa pela alma do suicida
Sem negar que o suicídio é contrário ao
amor do Deus vivo, levamos em consideração a vontade salvadora de Deus
manifestada em Jesus que disse: “Eu vim para que todos tenham vida”:
“Aqueles que o Pai me deu, eu não perca nenhum”, e “Deus quer que todos
os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2,4).
Entramos no mistério da vontade de Deus que quer salvar a todos. Também
não devemos julgar alguém nestes casos; isto não nos compete. A
psicologia e a psiquiatria nos ensinam que ninguém conscientemente vai
tirar sua própria vida. Se o faz, com certeza não está mais consciente
do que faz, mesmo deixando recados explicando suas razões. A vida é de
um valor tão absoluto que repugna ao próprio ser humano perdê-la.
Lutamos diariamente pela saúde, para evitar acidentes e alongar a vida.
Porém, hoje, há entre pessoas idosas o medo do processo de morrer. Elas
estão com medo de se tornarem prisioneiras da tecnologia médica nas
UTIs. Temem pela dor e sofrimento intolerável, perdendo controle de suas
funções corporais, ou morrendo à míngua com demência severa. Também se
preocupam com a possibilidade de serem abandonadas e se tornarem um peso
para outros. Aí, elas pensam sobre o suicídio como solução rápida.
Nossa sociedade será julgada eticamente pela forma como responderá a
esses medos. O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Distúrbios
psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento
ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida. Não se deve
desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por
caminhos que só Ele conhece dar-lhes ocasião de um arrependimento
salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida”
(CIC. 2282/3). Aos familiares que vivem o drama pela perda de um membro
nessa forma traumatizante, não devem se culpar pelo suicídio, mas podem
e devem confiar na infinita bondade e a misericórdia de Deus.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB reg. NE1
Nenhum comentário:
Postar um comentário