domingo, 1 de junho de 2014

IGREJA DA PRAINHA RESISTE E CHEGA AOS 150 ANOS



A primeira missa foi celebrada em 8 de dezembro de 1841. O seminário é referência na educação de padre

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O Seminário da Prainha, situado na via, foi tombado como patrimônio histórico pelo Governo do Estado no ano de 2006
FOTO: LUCAS DE MENEZES
Uma das edificações mais marcantes da Av. Dom Manuel está situada ainda no início da via. Trata-se do Seminário da Prainha, que completa 150 anos em outubro deste ano. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha remonta à primeira metade do século XIX, já que o pedido da construção de uma paróquia naquela área se deu em 26 de outubro de 1839, por Antônio Joaquim Batista de Castro, morador no Outeiro da Prainha, que requereu uma licença à Câmara Municipal para que ele e outras pessoas pudessem construir uma capela de invocação a Nossa Senhora da Conceição, de acordo com a Arquidiocese de Fortaleza.
Ali, a primeira missa foi celebrada no dia 8 de dezembro de 1841. O seminário, tombado como patrimônio histórico pelo governo do Estado em 2006, é referência na educação de padres e leigos. O equipamento ainda teve entre seus alunos Dom Hélder Câmara e Padre Cícero, tendo sido inaugurado em 1864, por Dom Luís Antônio dos Santos, primeiro bispo de Fortaleza e que era patrono daquela via até 1960, quando a avenida foi nomeada como Dom Manuel.
Influências
Segundo o professor aposentado do Curso de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará, João Alfredo Sá Pessoa, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha guarda influências da escola neoclássica. "A Igreja da Prainha tem influências da arquitetura neoclássica. Entre essas características, estão o frontão triangular, cornija, janelas retangulares ou de remate semicircular", aponta.
Apesar dessa influência, o professor ressalta que existem elementos que não se referem a essa escola arquitetônica. "Os coruchéus, que são os remates das torres em formato de pirâmide, não fazem parte desse estilo. O seminário embora apresente cornija (faixa horizontal que se destaca da parede), elemento clássico, tem janelas de remate em forma de arco quebrado, usado no gótico. Já os azulejos são uma referência portuguesa", ressalta o professor.
Fatos da via
A Avenida Dom Manuel, ao longo de sua história, também serviu de cenário para fatos históricos. Em 1942, por exemplo, o aluno do curso de pilotagem Edgildo Giordano (Balalaika), de apenas 16 anos de idade, faleceu em um acidente aéreo. O avião que ele pilotava caiu no quarteirão entre a Av. Santos Dumont, Rua Costa Barros e Rua 25 de Março. A partir do episódio, surgiram lendas em torno do acontecido, entre elas a de que Balalaika teria brigado com a namorada e, por isso, jogou o aparelho que pilotava no quintal de sua amada, na Av. Dom Manuel.
Já no ano de 2005, foi descoberto o maior furto da história do País e o segundo do todo o mundo. O roubo ao Banco Central do Brasil, situado na Avenida Heráclito Graça, entre a Avenida Dom Manuel e a Rua Rodrigues Júnior, no Centro de Fortaleza, ganhou repercussão internacional.
Entre os dias 5 e 8 de agosto de 2005, uma quadrilha retirou do Banco Central, por um túnel escavado por baixo da Avenida Dom Manuel, 3,5 toneladas de cédulas usadas que seriam incineradas. O valor do furto foi de R$ 164,8 milhões.
FIQUE POR DENTRO
Quem foi o homem que dá nome à via?
Dom Manuel da Silva Gomes foi o terceiro bispo do Ceará e o primeiro arcebispo do Estado. Tomou posse do cargo em 1912 e passou a arcebispo em 1915, através da bula papal Catholico e Religionis Bonum, que elevou o bispado. Foi um dos maiores incentivadores da construção da nova Catedral Metropolitana de Fortaleza. Dom Manuel renunciou ao cargo em 1941 e faleceu no ano de 1950. O religioso era baiano, tendo nascido na cidade de Salvador em 14 de março de 1876. Seu corpo foi velado na Igreja do Rosário e sepultado na cripta da Catedral Metropolitana em construção.
Kelly Garcia
Repórter
Fonte: Diário do \nordeste

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