segunda-feira, 9 de junho de 2014

FESTA DE SANTO ANTÔNIO É ATRAÇÃO EM CARIDADE


Vaqueiros, motociclistas e ciclistas participaram de eventos em torno das celebrações ao padroeiro da cidade



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A tradição reúne participantes de diferentes cidades dos Sertões de Canindé. Eles cumprem devoção de fé e de civismo, ao mesmo tempo em que fortalecem o intercâmbio entre os participantes
FOTOS: ANTÔNIO CARLOS ALVES
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Os motociclistas também integraram público de devotos. Eles percorreram uma média de 30 quilômetros em pagamento de promessasCaridade. Gibões e chapéus de couro. A intimidade com as montarias e as músicas típicas do sertão do Ceará mobilizou cerca de 2.500 participantes na 15ª Missa do Vaqueiro, realizada no fim de semana neste município. Seguindo a tradição, antes da celebração eucarística, os cavaleiros realizaram o cortejo com as bandeiras do Brasil, Ceará e da associações representativas da categoria. O evento integrou a Festa do Padroeiro, Santo Antônio, que prossegue até o dia 13 de junho.
A celebração tornou-se uma das principais manifestações da cultura popular na região. Estavam presentes autoridades como a prefeita da cidade, Simone Tavares. O evento tem toda sua liturgia baseada na vida dos chamados "heróis de sertanejos", que assistem à celebração religiosa montados em seus cavalos.
Ao som dos chocalhos, vestidos com roupas de couro, os sertanejos seguiram em uma grande cavalgada pelas ruas de Caridade até a Fazenda Ideal, onde foi celebrada a missa pelo padre e João Mascarenhas.
Em cima dos cavalos, eles participaram da celebração. Rezaram e pediram paz. Agradeceram as bênçãos alcançadas a Santo Antônio. A missa foi criada por Junior Tavares, um defensor ferrenho da cultura popular. "No início eram apenas cinco amigos. Hoje temos mais de dois mil colegas'', disse.
No rosto de cada vaqueiro é possível ver as marcas de uma vida de muito trabalho, debaixo do sol forte do sertão, motivo de orgulho para eles. Na hora do ofertório, os vaqueiros depositam no altar objetos do cotidiano e instrumentos usados no pastoreio dos animais. No fim da missa foram distribuídos aos vaqueiros, queijo, rapadura e carne bovina, alimentos que fazem parte do dia a dia dos moradores da caatinga.
A missa em Caridade é realizada sempre na primeira semana de junho. Aboios e agradecimentos ao padroeiro formam as manifestações na festa. Eles costumam dizer que, quem vem à Caridade, não importa se vaqueiro ou defensor da cultura popular, carrega a certeza de que, no próximo ano, se vivo estiver, estará presente mais uma vez na manifestação cultural.
A fé e devoção a Santo Antônio trouxeram a Caridade, vaqueiros de municípios como Aratuba, Baturité, Apuiarés, Canindé, Mulungu, Pentecoste, Paramoti, Maranguape, Itatira, Madalena, Tejuçuoca, Santa Quitéria, Fortaleza e Serrita.
Nesta missa, padre Tula comemorou 50 anos de fé e de defesa da cultura sertaneja, dos valores culturais do povo e da gente do sertão. "Precisamos ganhar força na reflexão e liturgia", disse o religioso. Segundo ele, "se Jesus Cristo tivesse nascido no Nordeste não teria falado de ovelhas, mas de boi, vaca e vaqueiros". O sacerdote é considerado uma celebridade viva do cotidiano religioso da zona rural.
Além da Missa do Vaqueiro, as homenagens a Santo Antônio em Caridade levaram ainda mais de 300 motoqueiros que enfrentaram cerca de 30 quilômetros em cumprimento a penitências e promessas.
Também aconteceu uma ciclo romaria como parte das manifestações de louvor ao padroeiro. "Somos os defensores da vida e do perigo'', gritava o motoqueiros Francisco da Silva Bastos. No total, as três categorias prestaram homenagem ao santo, sendo cerca de 2.500 vaqueiros, 300 motoqueiros e 800 ciclistas.
Antônio Carlos Alves
Colaborador
Fonte: Diário do Nordeste




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