05/03/2014
- 4ª. Feira de cinzas -
“Joel 2, 12-18 –
“há um caminho a percorrer de volta ”
As leituras deste
tempo da Quaresma, que hoje começa, nos sugerem uma verdadeira reviravolta nas
nossas ações. A Quaresma é o tempo litúrgico de conversão que a Igreja marca
para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É um tempo que dispomos para nos
arrepender de nossos pecados, tempo de voltar atrás e de mudar o que em nós precisa
ser transformado a fim de que sejamos melhores e possamos viver mais próximos
de Cristo. Para isso, o profeta Joel nos conclama a um arrependimento sincero,
não só de fachada, mas de coração contrito. Precisamos voltar atrás, reconhecer
o nosso pecado e pedir perdão de Deus em qualquer situação que estivermos. Não
podemos deixar de acolher o Seu perdão e a Sua graça, pois Ele está nos
chamando para os Seus braços. Chorar, rasgar o coração, tocar trombeta, são
gestos simbólicos que expressam o sincero arrependimento e o propósito de não
mais ofender a Deus. Há um caminho a percorrer de volta, no entanto, sabemos as
coisas não acontecem como varinha mágica e de uma hora para a outra. Por isso, para nós, às vezes é difícil reatar
o fio da meada. Precisamos, porém fazer o esforço de purificar o nosso corpo a
fim de que o nosso espírito domine a situação.
O Senhor está sempre pronto a nos dar uma nova chance derramando a Sua
misericórdia sobre nós. E mesmo que sejamos os (as) maiores pecadores (as) não
podemos deixar passar esta oportunidade, pois Ele é benigno, compassivo e
misericordioso na hora em que nos voltamos para Ele. Portanto, vivamos este
tempo na fidelidade da Palavra e no propósito de não mais pecar e seremos
ressuscitados com Cristo para uma verdadeira felicidade. Que nós também toquemos
a trombeta, façamos o jejum que nos convém e chamemos todo o povo, da nossa
família, da nossa comunidade para vivermos uma Quaresma em ação de Unidade e de
Amor, preparando o coração para o grande dia da Ressurreição do Senhor. - Você
tem o coração amargurado pelo pecado? –
Aproveite a chance que o Senhor lhe dá:
- Faça a sua oração de
arrependimento hoje, por tudo o que pesa, tudo o que oprime o seu coração. –
Literalmente rasgue o coração diante do Senhor: Ele é paciente e cheio de
misericórdia.
Salmo
50
– “Misericórdia,
ó Senhor, pois pecamos “
Reconhecer o nosso ser pecador e suplicar a
misericórdia de Deus é o objetivo deste salmo. Ele nos faz baixar até o máximo
da nossa soberba e pretensão para nos apropriarmos do perdão de Deus que cria
em cada um de nós um coração puro, um espírito decidido a não pecar. Ele não
nos remete apenas ao arrependimento, mas
principalmente, ao propósito de não mais pecar. Só assim poderemos ter de novo
a alegria de sermos salvos (as).
2ª.
leitura – 2 Coríntios 5, 20-6,2 – “deixa-vos reconciliar com Deus”
“É agora o tempo favorável, é
agora o dia da salvação”! “Deixai-vos
reconciliar com Deus”,
nos diz São Paulo. Não podemos
deixar passar em vão a graça que adquirimos hoje de nos apossar da salvação de Jesus com o espírito
arrependido e contrito. Somos embaixadores de Cristo e devemos nos exortar uns
aos outros, lembrando sempre de que Jesus Cristo, que não cometeu pecado, foi
feito pecado para que nos tornemos justiça de Deus. Como colaboradores de
Cristo, peçamos a Ele que nos conceda um sentimento de contrição e perseverança
durante a quaresma para que possamos rasgar o nosso coração e, assim, crescer
espiritualmente acolhendo a graça de Deus que se manifesta na nossa vida a cada
momento. Deixemo-nos, pois reconciliar com Ele que, no momento favorável, nos
ouve e nos socorre no dia da salvação. AGORA é o momento favorável, e o dia da
salvação, é HOJE! Não percamos tempo, Deus nos espera de braços abertos! – Você tem se deixado reconciliar com Deus
ou tem recebido a Sua graça, em vão? –
Você já percebeu que o Senhor está querendo reconciliar-se e espera a sua
manifestação? – Você já se apossou da salvação que Jesus veio lhe trazer? –
Você se considera colaborador (a) de Cristo nessa grande obra?
Evangelho
– Mateus 6, 1-6. 16-18 – ”praticar a
justiça”
Neste Evangelho Jesus nos ensina a ser comedidos nas nossas manifestações
de piedade, não usando as nossas ações de justiça como trampolim para que
sejamos apreciados pelos homens. O jejum, a oração e a esmola são exercícios que edificam mais a nós próprios do que aos
outros, pois são atos concretos que devem ser regidos pelo nosso
coração e não pelo nosso exterior. Quando jejuamos temos como finalidade
purificar o nosso corpo, controlar a nossa vontade, assim como também nos
solidarizar com quem está necessitado, sentindo na nossa própria carne a sua
dor. Quando oramos elevamos a Deus o
nosso coração e nos apossamos da Sua misericórdia que nos motiva a nos envolver
com a dor dos nossos irmãos e praticar as boas ações. Quando damos esmola, estamos
colocando em prática o amor que nos foi exercitado pelo jejum e a oração. Por
isso, a esmola é um resultado das duas outras ações. É o nosso envolvimento
solidário com a necessidade e a penúria dos que vivem marginalizados. Por isso, Jesus nos
adverte de que o modo com que nós as praticamos será mais importante do que a
própria ação. Quando fazemos estas três ações de piedade com o fim de aparecer não estamos colocando em prática o
amor. Todas as ações que praticarmos de coração terão a sua consequente
recompensa. Por isso, não nos compete propagá-las nem alardeá-las esperando
receber o prêmio aqui na terra porque assim agindo, nós já estaremos sendo
reconhecidos (as) pelos homens e não por Deus.
Por
três vezes, nesse Evangelho, Jesus se refere aos hipócritas como aqueles que
dão esmola, oram e jejuam, somente para serem elogiados, vistos e admirados
pelos “homens”. Por isso, Jesus nos adverte: “Ficai atentos para
não praticardes a vossa justiça na frente dos homens, só para serem vistos”. O fato de sermos vistos, admirados,
elogiados, afagados, constitui-se numa necessidade da nossa carne fraca e, por
isso, se não estivermos atentos (as) estaremos sempre esperando elogios,
aplausos pelos nossos empreendimentos e nos entristeceremos se quando
exercitarmos boas ações as pessoas não vierem nos dar parabéns ou nos aclamar.
Se nos deixarmos recompensar somente por Deus que está escondido no profundo do
nosso ser, as nossas obras, mesmo que não sejam vistas pelos homens, terão
perfume agradável e subirão aos céus em forma de louvor. Seremos, então,
recompensados porque sentimos no coração a presença amorosa e reconhecida de
Deus que nos deixa serenos (as) e apascentados (as). Para nós, portanto, é
providencial neste tempo de Quaresma o exercício da oração, do jejum e da esmola, pois são meios que nos exercitam e
nos levam a uma verdadeira intimidade com o Senhor. - O que você prefere: agradar a Deus ou aos homens? -Quando faz alguma boa ação você se preocupa
em que todos saibam? – Qual é a sua
atitude quando você está jejuando? –
Você gosta de provocar elogios? – As pessoas costumam elogiá-lo (a)?
Como você se sente quando isso acontece?
Helena Serpa,
Fundadora da Comunidade Missionária Um Novo Caminho
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