Mateus 6,24-34
OITAVO DOMINGO DO TEMPO COMUM
A mensagem evangélica deste
domingo (Mateus 6,24-34), prossegue a leitura do Sermão da Montanha, no qual
Jesus proclama as atitudes básicas do discípulo para assimilar o novo projeto
de Deus. A passagem de hoje é de grande beleza literária. Cristo define a
atitude do cristão diante do dinheiro e substância material que nela se
fundamenta. Parece que estamos ouvindo um eco da primeira bem aventurança: a
dos pobres de espírito.
A passagem evangélica abre-se com
um dilema, que é tese de partida: “Ninguém pode servir a dois senhores... não
podem servir a Deus e ao dinheiro”. O axioma é ao mesmo tempo um satisfatório a
dois senhores. O Deus da revelação é um Deus “ciumento”, como se afirma
frequentemente no Antigo Testamento, especialmente nos Salmos e no Pentateuco.
Portanto, não admite rival. Ma resulta também que o deus-dinheiro, o ídolo
mamon, é totalizante. E quando se apodera do coração do homem, destrona
qualquer outra deidade. Diante da inevitável disjuntiva Jesus propõe a opção a
seguir: servir ao Senhor, abandonando-se a sua providência amorosa de Pai,
ideia, que ele apoia em duas belíssimas imagens da natureza: os pássaros e
lírios do campo são objeto do cuidado de Deus que prevê gratuitamente sua
substância espontânea, quanto mais o será o homem que vale muito mais que
eles.
Jesus fez um duplo convite: “Não
se preocupem com a vida, com o alimento e com as vestes”. Busquem em primeiro
lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais lhes será dado em acréscimo.
O Senhor não diz busquem “unicamente”, mas busquem “sobretudo”o Reino de Deus;
com isso não exclui o resto, mas coloca-o em segundo lugar. Jesus é realista e
não um sonhador embriagado por poesia, trinados e flores – Ele sabe que somos
passarinhos e lírios, e que precisamos ganhar a vida com diligência e trabalho;
mas descobrindo a cada passo a providência de Deus e confiando-nos totalmente
ao Pai, sem angústia obsessiva pela aquisição de coisas.
Peçamos ao Pai de amor e ternura,
revelado em Jesus Cristo, que afaste de nosso coração toda ganância e
preocupação sobre nós mesmos, e nos dê coração novo capaz de amar e ser
amado.
Pe. Raimundo Neto
Pároco
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