domingo, 2 de março de 2014

PAPA NO ANGELUS: "AS RIQUEZAS DEVEM SER PARTILHADAS"; A UCRÂNIA ESCOLHA O DIÁLOGO

 


Cidade do Vaticano (RV) - O Santo Padre rezou, ao meio-dia deste domingo, a oração do Angelus com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Na alocução que precedeu a oração dominical, o Papa inspirou-se na liturgia do dia, centralizada na necessidade de partilhar as riquezas com os pobres, evitando a corrida a um acúmulo egoísta dos bens.
Nas saudações após a oração mariana, o Pontífice dirigiu um premente apelo à distensão entre Ucrânia e Rússia, convidando o país do Centro-Leste da Europa a escolher o diálogo.
"Ao tempo em que faço votos de que todos os componentes do país atuem para superar as incompreensões e para construir, juntos, o futuro da nação, dirijo à comunidade internacional um veemente apelo a fim de que apóie toda iniciativa em favor do diálogo e da concórdia."
A figura de Deus, o Pai bondoso que sempre provê seus filhos daquilo de que precisam, assim como proposta pela liturgia dominical, foi para o Papa Francisco uma oportunidade para refletir sobre um tema por ele muito querido.
A Divina Providência, afirmou no início de sua alocução, "é uma das verdades mais confortadoras" da fé.
Realisticamente, o Bispo de Roma reconheceu que, no entanto, as palavras com as quais o Evangelho fala do Deus providente "poderiam resultar abstratas e ilusórias" para "aquelas muitas pessoas que vivem em condições precárias, ou até mesmo de miséria, que ofende a dignidade delas":
"Mas na realidade são mais que nunca atuais! Recordam-nos que não se pode servir a dois senhores: Deus e a riqueza. Enquanto cada um buscar acumular para si, jamais haverá justiça. Devemos ouvir bem isso, hein? Enquanto cada um buscar acumular para si, jamais haverá justiça. Se, ao invés, confiando na providência de Deus, buscarmos, juntos, o seu Reino, então não faltará a ninguém o necessário para viver dignamente."
"Um coração tomado pela voracidade do ter é um coração vazio de Deus", disse o Papa, e é por isso, acrescentou, que "Jesus reiteradas vezes advertiu os ricos, porque é grande para eles o risco de colocar a própria segurança nos bens deste mundo":
"Num coração possuído pelas riquezas não há mais muito lugar para a fé: tudo é ocupado pelas riquezas, não há lugar para a fé. Se, ao invés, se dá a Deus o lugar que lhe cabe, isto é, o primeiro, então o seu amor leva a partilhar também as riquezas, a colocá-las a serviço dos projetos de solidariedade e de desenvolvimento, como demonstram tantos exemplos, inclusive recentes, na história da Igreja. E assim, a Providência de Deus passa pelo nosso serviço aos outros, pelo nosso partilhar com os outros."
Em seguida, Francisco fez a seguinte observação:
"Vocês sabiam? O sudário não tem bolsos! É melhor partilhar, porque levamos para o Céu somente aquilo que partilhamos com os outros."
É claro, admitiu ainda o Pontífice, este caminho indicado por Jesus "pode parecer pouco realista em relação à mentalidade comum e aos problemas da crise econômica". Mas "se pensarmos bem – assegurou –, nos leva à justa escala de valores", como Jesus mesmo disse quando afirma: "Por acaso, a vida não vale mais do que o alimento e o corpo mais do que a roupa?":
"Para fazer de modo que a ninguém falte o pão, a água, a roupa, a casa, o trabalho, a saúde, é necessário que todos nos reconheçamos filhos do Pai que está nos céus e, portanto, irmãos entre nós, e nos comportemos consequentemente. Foi o que recordei na Mensagem para a Paz de primeiro de janeiro: o caminho para a paz é a fraternidade. Este caminhar juntos, partilhar as coisas juntos."
Na conclusão após a oração mariana, o Papa Francisco dirigiu um pensamento ao iminente início da Quaresma, um caminho – reiterou – "de luta contra o mal com as armas da oração, do jejum e da misericórdia":
"A humanidade precisa de justiça, de reconciliação, de paz, e poderá tê-las somente voltando ao coração de Deus, que é a sua fonte. Também todos nós precisamos do perdão de Deus. Entremos na Quaresma em espírito de adoração a Deus e de solidariedade fraterna com aqueles, nestes tempos, mais provados pela indigência e por violentos conflitos."
O Santo Padre concedeu, a todos, a sua Bênção apostólica. (RL)

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