quarta-feira, 5 de março de 2014

DIÁRIO DO NORDESTE GANHA PRÊMIO DA CNBB



Os jornalistas Maristela Crispim, Fernando Maia, Iracema Sales e Melquíades Júnior, da Editoria de Reportagem Especial do Diário do Nordeste, foram os ganhadores do prêmio Dom Helder Câmara de Imprensa, instituído pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e que será entregue no dia 1º de maio, quando da abertura da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, com a reportagem ”Excluídos – Quilombolas/Indígenas/Ciganos”.

Maristela disse que, na realidade a ideia da pauta foi de um dos repórteres da Editoria de Reportagem Especial, Fernando Maia, que tem uma profunda afinidade com questões sociais e “trouxe pra gente a ideia de trabalhar com públicos que não estão nos noticiários. Pessoas excluídas de muitos momentos da sociedade. Então a gente viu em três etnias nos quilombolas, nos indígenas e nos ciganos, localizados na Região Nordeste do   Brasil, um público que se poderia trazer para o noticiário o dia a dia das pessoas, uma realidade que elas não acompanham muito de perto”.

A Maristela Crispim pegou a equipe – da Editoria de Reportagem – formada por ela, Fernando Maia, Iracema Sales e o Melquíades Júnior, que na época era correspondente do jornal em Limoeiro do Norte, e pela formação dele na área de sociologia e pelo perfil dele os outros acharam que ele teria muito o que contribuir para esse material.

Dai a equipe foi dividida geograficamente. E passou a viajar por todo o Nordeste. Mas antes da viagem, eles tiveram um período de pouco mais de um mês de pesquisas, de leituras, entrevistas, com pessoas que trabalham nessa área, pesquisadores, professores, ONGs, que tem atuação com essas populações, para fazer o levantamento. Depois desse levantamento, iniciaram as viagens e as entrevistas. A Maristela particularmente, viajou pelo Rio Grande do Norte, Paraíba Pernambuco. “Foi uma experiência muito interessante, inclusive de conhecer um pouco da construção do nosso povo que os livros nos dizem, a história que a maioria, ou a maioria com mais dinheiro   nos conquistou. É uma história muito dos brancos, dos portugueses, dos europeus que aqui chegaram. E ai a gente fica devendo a história por parte dos negros, que vieram pra cá, dos índios que já estavam aqui. Então o que a gente pode aprender dessas conversas com essas pessoas e dos ciganos, que chegaram aqui depois, é que se trata de uma história muito rica e ao mesmo tempo de muita dificuldade, de afirmação, de direitos, a serem conquistados”. Para eles ainda, segundo Maristela, é muito importante a terra, como elemento de afirmação e de reprodução da cultura”.

Os quatro repórteres encontraram algumas situações caminhando a um bom termo, principalmente da Constituição de 1988,  a chamada “Constituição Cidadã”. De lá pra cá, muita coisa progrediu, algumas nem tanto. “A gente tem direitos assegurados para as populações quilombolas e indígenas, mas elas precisam lutar muito para conseguir essas coisas. Ainda tem muita gente ai procurando título de terra para viver. E os ciganos, coitados, são os que não tem direito a nada. Até um registro de nascimento para matricular uma criança na escola eles tem dificuldades. São malvistos. São maltratados. Isso vem desde a vida mostrar um pouco da cultura deles. O que eles tem de bom da dança, da culinária. Das coisas que todos os povos tem de bom. A gente não vai chamar nem um povo de bom ou ruim. Todo mundo tem coisas boas e ruins. Nós tentamos trazer um pouco disso, inclusive em alguns casos, como foi o caso que o Fernando teve no Rio dos Macacos, na Bahia, que tem um conflito, numa área quilombola, uma área de marinha, hoje, depois que nós passamos por lá  – a primeira equipe de reportagem  -  a gente está vendo muita repercussão nacional. Estamos vendo que o pessoal está mais atento, especialmente o Ministério Público. Já se vê algumas ações. Isto é só um dos exemplos. Mas depois de todo esse trabalho publicado, foram três cadernos especiais de oito páginas, um dedicado a cada etnia e pode trazer um pouco disso para as pessoas. 
Sobre o prêmio, recebemos a notícia como um reconhecimento de peso. Ficamos muito felizes. A gente considera isso mais uma possibilidade de se trazer essas histórias. Quando a gente escreve um material desse e inscreve no prêmio a perspectiva não é só do prêmio é também de levar essa história a outros públicos, não só do Ceará e do Nordeste, mas para que outras pessoas tomem conhecimento dessas histórias e quando se é premiado a matéria passa a ser levada para mais pessoas e o poder de multiplicação da notícia é ampliado e a gente fica muito feliz. E no dia 1º maio vamos receber o prêmio: troféu e cerificado da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). “

Vale ressaltar que esse trabalho dos quatros repórteres especiais do Diário do Nordeste teve a duração de cinco meses percorrendo toda a Região Nordeste.    







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