Mateus 24,37-44
Primeiro domingo do Advento
Estamos iniciando, hoje, um novo ano Litúrgico. Ele
começa com o tempo do Advento, que quer dizer “vinda” ou “chegada”. É tempo de alegre expectativa da
chegada de Cristo no Natal. É tempo de jubilosa alegria e esperança. E, sob
essa influência, é também preparação para a última chegada de Cristo, a vinda
escatológica da Parusia. Esse olhar para o fim dos tempos é tema da primeira
parte do Advento, que vai do primeiro domingo até o dia 16 de dezembro. Do dia
17 até o Natal, é propriamente a preparação para a chegada do Jesus no Natal. É
esse tempo tão característico de alegria e de celebração, a que, até, se deu o
nome de “Semana Santa do Natal”.
O Evangelho
deste primeiro domingo do Advento (Mt. 24, 37-44) é justamente o aviso da
chegada do último dia. Não sabemos quando será esse dia. E, por isso mesmo,
devemos estar sempre preparados. Não fazer como fizeram os homens do tempo de
Noé. Não atenderam aos avisos dele, que ia construindo a Arca, e continuaram em
suas festas e orgias, até que chegou o dilúvio, em que todos pereceram. A
palavra “Vigilância” é a tônica da mensagem evangélica: “Vigiai, pois não
sabeis o dia em que o Senhor virá” (Mt. 24,42). Vigiar, no entanto, não
significa simplesmente estar de olhos abertos, procurando estar ciente de tudo
o que acontece em nossa volta, ou então querer policiar tudo, como em tempos de
inquisição, para condenar os outros. O verbo grego GREGOREI indica a
necessidade de estar preparado, e, para a teologia de Mateus, o estar preparado
quer dizer constantemente empenhado com a prática da Justiça. O convite a
vigiar, assim, é um convite ao compromisso ativo de cada pessoa da comunidade,
um compromisso ético com a vida. Essa vigilância, como também nos ensina São
Paulo, deve ser feita de fidelidade ao que pede de nós o Senhor: “Rejeitemos as
obras das trevas, cinjamos as armas da luz. Convém ao dia, procedermos
honestamente, sem orgias ou embriaguez, devassidão ou luxúria, contendas ou
ciúmes. Revesti-vos, em vez disso, do Senhor Jesus Cristo, e não vos preocupeis
com a carne, para satisfazer os seus desejos” (Rm. 13,12-14).
Nossa vida
cristã deve ser uma vida de luz. Os malfeitores agem à noite. Quem faz o bem,
age à luz do dia. E assim é o cristão. Ele não tem necessidade de se ocultar
porque sempre procura fazer o bem. Preparando-se para o último dia, não com
medo, mas com esperança. Nessa nossa caminhada de preparação espiritual para o
Natal, chamado de Advento, não nos esqueçamos de queimar os espinhos do pecado
e do egoísmo em nossos caminhos e que de suas cinzas possam nascer as flores do
perdão, da alegria, da justiça e do amor. Um bom advento rumo a um Santo
Natal!
Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente
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