Padre Geovane Saraiva*
Natal é um convite feito às pessoas de boa vontade de “participar da divindade daquele que uniu a Deus nossa humanidade”, manifestando-se como luz, a iluminar todos os povos no caminho da salvação. No Natal experimentamos misteriosamente “a troca de dons entre o céu e a terra”, na ternura e esperança, sem jamais ter medo da ternura, disse o Papa Francisco.
O Menino Jesus, tão pequeno na gruta de Belém, entrou no mundo como uma criança frágil, vivendo na sociedade de seu tempo, filho de Maria de Nazaré e do carpinteiro José, querendo, evidentemente, desmanchar a montanha do orgulho e do egoísmo, amparado pela simbologia do manto da paz, da justiça, da ternura e da solidariedade. Mas ele, sem que as pessoas conseguissem perceber, carregava consigo uma profunda marca, a natureza divina – É o Verbo de Deus que se encarnou e veio se estabelecer entre nós (Jo 1, 14).
De nós católicos cabe exultar e, ao mesmo tempo, contemplar associados aos anjos, que povoaram os céus naquela noite feliz e memorável, no insondável e misterioso coro: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”, para que sua chegada encontre morada no interior das pessoas, além de causar-nos uma alegria transbordante, naquele que de modo inexprimível, no dizer Santo Afonso Maria de Ligório, “desce das estrelas, vindo morar numa gruta, ao frio, ao gelo”.
Que este Natal de 2013, a partir dos gestos, atitudes e palavras do nosso querido Papa Francisco, seja de verdade: festa de paz, amor, justiça e fraternidade. Não terá nenhum sentido celebrar o Natal do Senhor, sem que aconteça no nosso interior, profundas mudanças de conversão, aceitando na vida e no dia a dia a atitude pobre, mansa e humilde de Jesus da Nazaré.
Para a humanidade que parece ter perdido o sentido da vida, eis uma ocasião indispensável para uma profunda revisão de vida, no menino que o vemos na manjedoura, pobre e frágil, simples e humilde, mas que recorda um número infinito de meninos empobrecidos, cansados de ilusórios presentes. Eles não querem esses ilusórios presentes, porque estão ávidos é de um futuro, marcado de pequenos gestos, gestos concretos traduzidos em despojamento, amor de verdade!
Saibamos, pois, aproveitar do Natal, festa tão simpática, a qual enche nossos corações de enorme alegria! Alegria mesmo por toda parte! Vamos ficar bem atentos diante do Evangelho, como palavra de ordem: “Eis que eu anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo” (Lc, 2, 10). Mas qual é mesmo a verdadeira alegria? “Nasceu-vos hoje na cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2, 11).
Um feliz Natal! Eu sonho com aquela esperança indissolúvel, da terra transformar-se céu e o céu transformar-se terra, “Porque um menino nasceu para nós, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: conselheiro admirável, Deus forte, pai dos tempos futuros, príncipe da paz” (Is 9,5). Amém!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, articulista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos);
"25 Anos sobre Águas Sagradas (coletânea de artigos e fotos).
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