O evangelho de hoje é de Lucas (23, 35-43) próprio
para a solenidade de Cristo, Rei do Universo. O trecho que lemos leva-nos ao
calvário, para junto da cruz de Cristo, um rei crucificado entre dois bandidos.
Estranhamos que o reinado de Cristo seja diferente dos do mundo. Ele triunfa no
momento em que oferece a vida e morre. No momento em que tudo parece perdido,
Jesus mostra-se portador da salvação. Ele anuncia a salvação durante a sua
vida, e agora, na cruz, oferece-a aos
criminosos. Este evangelho parece estranho à primeira vista e levanta uma
pergunta inquietante. Que classe de soberania é a de Cristo, se é afirmada em
situação tão humilhante para ele? Aparentemente toda a sua vida resulta num
colossal fracasso: o patíbulo dos criminosos.
Três pontos
importantes para compreender este evangelho:
1º) Zombaria – Jesus foi
crucificado no meio dos sofrimentos físicos e morais. A zombaria era um
escândalo que envergonha os que o tinham seguido. Quem gosta de seguir um
fracassado? 2º) Um letreiro: sobre a cruz de Jesus havia um letreiro que
explica em grego, latim e hebraico a causa da sentença condenatória: “Ele é o
rei dos Judeus”. Neste letreiro, existia uma amarga ironia, e ao mesmo tempo,
uma verdade esplêndida: Ele, é, de fato, Rei. 3º) O pedido do bom ladrão –
chamado Dimas, segundo a tradição: "Jesus, lembra-te de mim, quando
entrares no teu reino! Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. O bom ladrão atinge
o mistério profundo de Jesus. Ele foi o primeiro beneficiário da salvação
trazida ao ser humano pela cruz de Cristo. É o primeiro herdeiro da
bem-aventurança dos que sofrem e choram, pois, no último instante, soube roubar
um lugar no Reino de Deus. Na cruz com o bom ladrão, Jesus mostra a
misericórdia de Deus, cujos passos jamais se esgotam. Jesus implanta o reino do
perdão e da gratidão. Quantos de nós hoje não gostariam de ouvir essa frase de
Jesus. Jesus não fala ao bom ladrão em acertos de contas; só reconheceu a
sinceridade de quem lhe fazia um pedido. Esta atitude de Jesus parece estranho
para uma mentalidade contabilista, para nossa tendência a guardar
ressentimentos e medir favores. Esta atitude de Jesus na cruz com o bom ladrão
combina com toda a vida e pregação de Jesus.
Com esta festa,
proclamamos Cristo, Rei e Senhor do Universo, que vence o anti-reino deste
mundo, fazendo-se servo, entregando sua vida em defesa dos humildes e
reconciliando a humanidade com Deus.
Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente
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