João 20,19-23
Festa de Pentecostes
A liturgia católica celebra, neste domingo, a Festa
de Pentecostes, o dia do aniversário da Igreja, que o considera público e
solene. É o inicio de sua missão como Igreja.
A Festa de Pentecostes já existia e era celebrada
pelos judeus, cinqüenta dias depois da Páscoa. Era, antes, a festa da colheita,
que motivava uma peregrinação a Jerusalém, com a oferta das primícias dos
frutos da terra. Depois passou a ser a festa da entrega da lei (Torá) de Deus,
através de Moisés, cinqüenta dias depois da Páscoa.
Quanto a nós,
celebramos a descida do Espírito Santo sobre os discípulos, cinqüenta dias após
a ressurreição do Senhor. Não está, pois, em referência à colheita e à lei, mas
ao Espírito Santo de Deus. Podemos dizer que é o dia do nascimento da Igreja,
quando as primícias (frutos novos) são oferecidas a Deus, quando se faz o
início da grande colheita do Espírito para o Pai, em Cristo Jesus. É o tempo de
entrega da nova lei; não mais a lei escrita em pedra, mas inscrita no coração
pelo Espírito Santo, a lei do amor. O efeito principal da vinda do Espírito
Santo é formar o Povo de Deus. O Espírito Santo é mandado por Jesus para fundar
e suscitar um Povo de Deus, não mais limitado à raça, à cultura e ao país de
Israel, mas para penetrar fermentando todos os povos da terra para que se
tornem um só Povo de Deus. Os povos das atuais nações mal merecem o nome de
Povo. Povo é entendido, segundo os planos de Deus, como conjunto de seres
humanos que têm consciência de si, auto-afirmação, organização e autonomia da
ação, com direitos e responsabilidades assumidos e exercidos. Sua raiz profunda
é o amor que enriquece pelo dom de si. Povo não é massa. Quando uma nação fica
povo mesmo, as elites e a multidão se articulam de modo harmonioso para o bem
comum de todos. É o Espírito Santo que realiza esse Povo de Deus, que é a
Igreja. E a Igreja guiada pelo Espírito Santo é chamada a anunciar diariamente
Jesus como caminho, verdade e vida. O caminho que a Igreja percorre assistido
pelo Espírito Santo não é o do sucesso, da glória, do triunfalismo, mas sim, o
da cruz. Ela, orientada pelo Espírito Santo, segue o caminho daquele que só fez
o bem e foi crucificado. Muitos gostariam de ter uma Igreja tranqüila, que não
se envolvesse com problemas temporais, que ficasse longe das criticas e das
perseguições, mas para ela ser fiel ao seu Mestre Jesus Cristo, não poderá
ficar conformada com o anti-Reino, mas terá que anunciar e denunciar tudo
aquilo que está contra a dignidade humana.
Peçamos ao
Senhor, na festa de hoje, quando celebramos seu Espírito, que realize entre nós
um novo pentecostes. Que Ele revista nossas Igrejas com a força do alto para
que a nova evangelização se concretize em gestos de solidariedade com os mais
pobres. Que ele reúna na unidade todas as Igrejas cristãs e todos os povos do
nosso continente na liberdade e na paz.
Pe. Raimundo Neto
Pároco de S.
Vicente de Paulo

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