domingo, 14 de abril de 2013

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO



João 21, 1-19
Terceiro Domingo de Páscoa

Celebramos neste domingo, o 3º da Páscoa, a aparição de Jesus ressuscitado, às margens do mar da Galiléia, e o trabalho sem êxito dos discípulos, após noite escura e redes vazias. Esta passagem nós encontramos em João 21,1-19. Só a palavra de Jesus ressuscitado torna possíveis uma pesca abundante e a partilha alegre, numa refeição com pão e peixe, que Ele mesmo oferece aos discípulos, já cansados do insucesso.
A aparição de Jesus ressuscitado vem corroborar a idéia de que ele não é um fantasma e nem um mero produto de alucinação coletiva. Ele possui uma identidade corpórea: come, bebe, toca nas pessoas, dialoga. Ele é o mesmo Jesus que viveu entre as pessoas, semeando o bem, construindo o reino de Deus e fiel ao projeto do Pai. Ele é uma pessoa viva, concreta, na plena posse de suas faculdades. Jesus está vivo e presente no núcleo central da Igreja, formada por seus seguidores.
Por tudo isso sentimos que a Páscoa da ressurreição de Jesus não é apenas o centro de nossas comemorações litúrgicas, mas é o centro de nossa própria vida cristã. O cristão é alguém que vive da vida de Cristo ressuscitado. Não pode, portanto, rastejar na mediocridade de uma vida puramente terrena, feita de prazeres superficiais e de ambições mesquinhas, de adoração a ídolos de barro, que se chamam prazer, dinheiro, poder. Se houvesse em cada cristão a consciência viva de que Ele é um ressuscitado, o nível da vida do mundo seria muito mais alto. Não dominaria, como lamentavelmente domina, agora, a baixeza do pecado e das paixões. Haveria fraternidade em vez de egoísmo. Haveria lares construídos na dignidade do amor e do trabalho. O amor sem compromisso está arrastando a sociedade para a perda de seus valores e dos anseios mais profundos da vida humana: a felicidade plena. Nos negócios, haveria o equilíbrio do lucro justo, em vez da ganância e cupidez do dinheiro, que enriquece os que têm muito e empobrece os que nada têm. E o número destes seria menor, porque haveria uma distribuição das riquezas muito mais dentro da justiça e da eqüidade, a fim de que a ninguém faltassem os recursos básicos que permitam vida digna do homem, filho de Deus: casa, alimento, saúde, roupa, educação, trabalho digno e salário justo. Haveria, no mundo indubitavelmente, um clima pascal. Com efeito, onde quer que esteja alguém providenciando as necessidades básicas para o próximo, onde houver educadores ensinando à criança e à juventude, onde houver engenheiros e operários de mãos dadas, construindo o progresso e a grandeza do ser humano, a quem Deus entregou o domínio da terra, onde se desenvolvem a cultura e florescem as artes que enobrecem o ser humano, onde todos as pessoas forem livres para crescer, para trabalhar e para rezar. Aí, estará acontecendo a ressurreição. Temos que implantar no mundo a cultura da vida, e não a cultura da morte. A cultura do efêmero deve ser substituída pela cultura da solidariedade, do amor ao próximo e do resgate aos valores que edificam e tornam feliz a pessoa humana. Que a vitoriosa páscoa de Jesus, o Senhor glorioso e ressuscitado, nos torne vitoriosos e vencedores com Ele.

Pe. Raimundo Neto.
Pároco de São Vicente de Paulo



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