15/02/13
- 6ª. Feira depois das cinzas
– Isaías
58, 1-9 – “o verdadeiro jejum”
Por
meio do profeta Isaías o próprio Senhor denuncia os crimes do povo de Israel
que se vangloriava de cumprir a lei e de praticar a justiça somente porque
jejuava e buscava a Deus. Para eles, o fato de que jejuassem e fizessem sacrifícios
e mortificações era o suficiente para agradar a Deus ainda que, ao mesmo tempo,
litigassem uns com os outros e cada um se preocupasse apenas com os seus
próprios negócios. Diante disso, o
Senhor lhes recomendou: “Não façais jejum
com esse espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no céu!” A leitura de hoje, portanto, nos motiva a
fazer uma reflexão atenciosa sobre a
maneira como estamos oferecendo sacrifícios ao Senhor neste tempo da
Quaresma. A oração e o jejum que oferecemos a Deus devem ser acompanhados de um
espírito de caridade, de acolhida, de reconciliação, de partilha, do contrário
não terão valor nem sentido. Aos olhos de Deus o verdadeiro jejum é
aquele que nos leva a pôr um termo às injustiças, para acolher o que estão
necessitados, vendo no rosto de cada irmão, outro Cristo. Jejum e oração não
têm razão de ser se não forem vivenciados acompanhados de um verdadeiro
espírito de caridade e de obras de justiça. Assim fazendo a nossa luz brilhará
nas trevas e veremos atendidos os nossos pedidos de socorro. – Com
que espírito você jejua? – O que você acha mais importante: jejuar
às sextas feiras ou perdoar a alguém que o (a) ofendeu? – O jejum que você
pratica tem alguma razão de ser ou é apenas para cumprir uma tabela?
Salmo 50 – “Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!”
O arrependimento é a porta para o perdão e
é muito mais importante do que holocaustos ou sacrifícios. O salmista,
arrependido, diz que o seu sacrifício é a sua alma penitente, isto é,
arrependida, suplicante. O pecado nos afasta dos irmãos e por isso, nos afasta
de Deus, mas a misericórdia do Senhor nos faz voltar ao convívio com os nossos
irmãos e nos aproxima do céu porque Deus nunca despreza um coração arrependido.
Evangelho – Mateus 9, 14-15 – “jejum de
coração”
Jesus Cristo veio ao mundo também para nos
ensinar a dar sentido a todas as nossas ações. No Evangelho de hoje Ele nos orienta
a como praticar os atos religiosos, de coração, e não por obrigação. Precisamos ter em conta de que Deus conhece o nosso coração e percebe claramente as nossas motivações,
portanto, quando jejuamos devemos fazê-lo com muita disposição e por amor, sem
lamentos nem justificativas. Há momentos na nossa vida que não nos cabem
jejuar nem fazer sacrifícios, mas sim aproveitar a ocasião que nos é oferecida.
De que adianta para nós o jejum se o nosso coração não está contrito no
sacrifício? Um coração ressentido, vingativo, revoltado não consegue amar nem
fazer nada por amor, muito menos jejuar.
Para nós, cristãos o jejum deve
ter um significado de vida e de alegria e uma motivação coerente para a nossa
ação. Em outras palavras, deve haver uma razão de ser para o jejum e não
somente jejuar por jejuar, sem um motivo que toque o nosso coração. Os discípulos de Jesus partilhavam com Ele de
todos os eventos com alegria e submissão à Sua vontade e aos Seus ensinamentos.
Eles estavam perto de Jesus e usufruíam da Sua
presença e da Sua companhia, portanto, não tinham clima para jejuar, nem
precisavam disso. Há
que se ter uma causa nobre e sincera para que pratiquemos o jejum e o sacrifício. –
Quando você jejua você se sente em paz? – Você gosta de mostrar aos outros que
está jejuando? – O que Jesus acha do seu jejum? - Você é uma pessoa que sabe curtir o
momento presente como um presente de Deus?
Helena Serpa,
Fundadora da Comunidade Missionária Um Novo Caminho
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