A visita do Papa Bento XVI no domingo, 18, ao Centro Penitenciário de Rebibbia, na periferia de Roma, na Itália, foi uma demonstração da preocupação da Igreja Católica com a realidade carcerária no mundo inteiro.
Em entrevista exclusiva à correspondente do jornalismo da Canção Nova, em Roma, Danusa Rego, o porta-voz da Sala da Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi destaca que a Igreja está sempre muito atenta a esta realidade de sofrimento e crise na sociedade, por isso é natural que os Papas visitem os presídios.
“Visitando os presos de Rebibbia, o Papa visita espiritualmente todos os presos do mundo e todos os que trabalham nessa realidade. Ele quer chamar a atenção geral de toda sociedade para sermos conscientes desses problemas, termos solidariedade para com aqueles que sofrem e ainda contribuir para a sensibilização à reconciliação, afim de que exista uma superação do erro, não só uma punição, permitindo a existência de uma sociedade de paz”, salienta o porta-voz.
O primeiro a fazer uma visita a um presídio foi o Papa João XXIII, em 1958, depois dele, foram os Papas Paulo VI, João Paulo II e agora Bento XVI. Padre Lombardi explica que estas visitas são comuns no tempo de Natal, pois esta é uma época de grandes gestos de paz, reconciliação e conforto.
“A visita à Penitenciária de Rebibbia é uma visita simbólica para todos os presidiários do mundo, pois o problema carcerário é grave em todo lugar, não existe um país que isso não exista. No documento que o Papa concedeu a África recentemente [Exortação Apostólica pós-sinodal A fricae munus] existe um parágrafo específico sobre a criminalidade, os presídios e a pena de morte”, ressalta padre Lombardi.
Os problemas dos presídios e o trabalho da Igreja
Para o porta-voz da Sala de Imprensa da Santa Sé, os presídios são lugares de grande sofrimento e são, por outro lado, um espelho dos problemas mais graves e profundos da sociedade.
“Muitos pensam que a penalização é a solução para os problemas da criminalidade, pelo contrário, os presídios são lugares onde os problemas se perpetuam, pois lá a forma de vida é dura e há uma falta de respeito à dignidade dos detentos, o que cria problemas novos, em vez de resolvê-los", afirma.
Padre Lombardi salienta que os detentos, antes de tudo, são as pessoas que mais sofrem, pois vivem sob condições de vida muito difíceis, mas também a polícia carcerária, os funcionários e autoridades vivem sob pressão ao se ocuparem de problemas muito grandes e difíceis de resolver, por isso a atenção e proximidade do Papa para com eles também é grande.
O sacerdote lembra que em todo mundo, assim como no Brasil, a Igreja atua por meio da Pastoral Carcerária que trabalha na defesa dos direitos humanos e na recuperação da dignidade dos presos.
Leia mais
.: Bento XVI responde perguntas de presos: "Rezo sempre por vós"
.: Pastoral Carcerária participa de encontro na Procuradoria Geral
.: Pastoral Carcerária recebe Prêmio Direitos Humanos
Nenhum comentário:
Postar um comentário