domingo, 27 de novembro de 2011

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO

Marcos 13, 33-37

Primeiro Domingo do Advento

Hoje é o primeiro domingo do ano litúrgico. A sociedade civil começa o ano no dia 1º de janeiro. A Igreja tem seu próprio ano que começa com o 1º Domingo do Advento e termina com a festa de Cristo Rei. Durante o ano litúrgico, a Igreja celebra os principais fatos da história da salvação e do Mistério de Cristo: Natal, Semana Santa, Páscoa, Pentecostes. Celebra outras festas importantes como Santíssima Trindade, Sagrado Coração de Jesus, festas de Nossa Senhora e dos Santos. Para nós, como membros da Igreja, começa então um Ano Novo. Isto deve significar: fazer bons propósitos, ter renovado ardor, procurar fazer deste ano o melhor possível, engajar-se na comunidade.
Celebramos também hoje o Primeiro Domingo do Advento. Advento quer dizer "vinda". Este tempo nos lembra aquele que o povo do Antigo Testamento esperava: a vinda do salvador, do Messias. Advento é tempo de alegria e esperança, de conversão e caminho de encontro com o Senhor que "está para chegar". A ação de Deus manifesta-se no Advento e infunde em toda a humanidade uma grande e alegre esperança, que reforça a luta pela vida. Se Deus está para chegar, trazendo luz e alegria, toda tristeza há de se acabar e toda escuridão da existência humana será iluminada. O Advento é tempo para o cultivo da esperança forte e paciente, mas sobretudo ativa e dinâmica. Isso exige conversão para os valores do Evangelho: partilha dos bens com os mais pobres, os preferidos de Deus; solidariedade com os miseráveis, tão feridos em suas dignidades fundamentais; e a fraternidade universal. Neste tempo de graça os espinhos do mal devem ser queimados em nossas estradas e de suas cinzas devem nascer rosas de justiça, amor e esperança. Precisamos, neste tempo propício, esculpir a imagem de Deus-amor dentro de nós e a projetar para o nosso irmão.
Para este ano litúrgico B a Igreja apresenta o Evangelho de São Marcos escrito pelo ano 65, quando foi redigido numa época difícil, marcada por convulsões histórico-sociais no Império Romano, particularmente na Palestina. E para este domingo é colocado o capítulo 13 de Marcos onde está contido o mais longo discurso de Jesus. Provavelmente foi o último texto inserido no evangelho, para esclarecer o sentido dos acontecimentos dos anos 67-70: a guerra dos judeus contra os romanos, terminando com a derrota dos primeiros e segunda destruição do templo de Jerusalém.
O evangelho de hoje (Marcos 13, 33-37) insiste numa vigilância ativa e corajosa. Jesus quer que o esperemos em estado de vigilância dinâmica: não alienados da realidade, mas amando e servindo, crendo e trabalhando. Ele nos conta uma pequena parábola onde nos diz que o patrão parte para uma viagem. Deixa para cada um de seus empregados tarefas a serem realizadas. O caráter imprevisível da volta, a qualquer hora da noite, implica a atitude de vencer o cansaço para não ser pego desprevenido. Isso significa fidelidade na missão confiada a cada um. O dever de estar atentos é de todos. Vigiar não significa cruzar os braços e deixar as coisas acontecerem, mas é contribuir para que as coisas aconteçam de acordo com a Palavra de Deus.

Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo

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