O primaz Sean Brady expressou profunda decepção
Roma (ZENIT.org) - A Irlanda não nomeará um novo embaixador residente junto à Santa Sé. "É com grande pesar e relutância que o governo decidiu fechar a Embaixada da Irlanda junto à Santa Sé": assim diz uma nota publicada na quinta-feira, 3 de novembro, no site do Ministério das Relações Exteriores.
A motivação de Dublin para fechar a sede é de razão econômica. "Embora a embaixada junto à Santa Sé é uma das mais antigas missões (diplomáticas) da Irlanda, não tem nenhum retorno econômico", assim se afirma na motivação apresentada por Dublin, sublinhando que "nenhum setor da despesa pública poderá ser dispensado da necessidade de reduções de custos. "
"O governo acredita que os interesses da Irlanda com a Santa Sé podem ser suficientemente representados por um embaixador não-residente", disse o comunicado.
A decisão foi confirmada por telefone pelo atual Tánaiste (Vice-Primeiro-Ministro) de Dublin e Ministro dos Assuntos exteriores e do Comércio, Eamon Gilmore, ao cardeal Seán Brady, arcebispo de Armagh e Primaz da Irlanda.
Na chamada, o político trabalhista explicou que a escolha do executivo - definida como "lamentável, mas necessária" – deve ser lida no contexto da crise financeira e não tem nada a ver com as recentes tensões diplomáticas entre Dublin e o Vaticano para a gestão do escândalo dos abuso sexuais de menores.
A resposta do primaz da Irlanda tem sido clara. "Gostaria de expressar a minha mais profunda decepção com essa decisão, porque significa que a Irlanda vai ficar sem um embaixador residente junto da Santa Sé, pela primeira vez desde que foram estabelecidas relações diplomáticas, e trocados representantes entre os dois Estados desde 1929," assim se pode ler num comunicado de imprensa emitido pela arquidiocese.
"Sei - continua a nota – que muitos outros compartilharão esta decepção." De acordo com o cardeal Brady, "esta decisão parece mostrar pouca consideração para o importante papel desempenhado pela Santa Sé nas relações internacionais e pelos laços históricos entre o povo da Irlanda e da Santa Sé durante muitos séculos."
"Vale a pena recordar – sublinha o cardeal – que para o novo Estado da Irlanda o estabelecimento de relações diplomáticas com a Santa Sé em 1929 foi um momento muito significativo" "Foi muito importante para afirmar a identidade e a presença do Estado Livre Irlandês, a nível internacional", continua a declaração.
O texto conclui com a dupla esperança de que "apesar deste passo lamentável, a cooperação estreita e mutuamente benéfica entre a Irlanda e a Santa Sé no mundo da diplomacia pode continuar", e que Dublin nomeie logo um novo embaixador residente junto à Santa Sé .
Sobre o tema se expressou também o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi, "A Santa Sé toma nota da decisão da Irlanda para fechar sua embaixada em Roma junto à Santa Sé", disse o porta-voz do Vaticano.
"Naturalmente todo Estado que tem relações diplomáticas com a Santa Sé está livre para decidir, de acordo com suas possibilidades e seus interesses, se ter um embaixador junto à Santa Sé residente em Roma, ou residente em outro país”, continuou Lombardi .
"O que é importante são as relações diplomáticas entre a Santa Sé e os Estados, e estes não estão em causa no que diz respeito à Irlanda", concluiu o porta-voz da Santa Sé.
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