Graças à compreensão de que é de Cristo, não dos homens, diz Papa
Por Jesús Colina
Berlim (ZENIT.org) – Bento XVI reconhece que há abandonos na Igreja por causa dos escândalos de clérigos, mas ao mesmo tempo considera que esta crise servirá para aprofundar seu caráter de “povo de Deus”, “a rede” de Cristo.
Essas foram as sinceras palavras com que o pontífice respondeu na manhã desta quinta-feira a uma das perguntas dos jornalistas que o acompanhavam no voo Roma-Berlim.
“Antes de tudo”, o bispo de Roma propôs aos jornalistas “distinguir o motivo específico pelo qual se sentem escandalizados por estes crimes registrados nos últimos tempos”.
“Posso compreender que, à luz dessas informações, sobretudo se forem pessoas próximas, a pessoa diga: ‘Esta já não é a minha Igreja. A Igreja era, para mim, força de humanização e de moralização. Se os representantes da Igreja fazem o contrário, já não posso viver com esta Igreja’”.
O Papa explicou que em geral os motivos de abandono da Igreja “são múltiplos, no contexto do secularismo da nossa sociedade”.
“Em geral, estes abandonos são o último passo de um longo trajeto de afastamento da Igreja.”
Para compreender este fenômeno, ele considera que é necessário que os batizados respondam a estas perguntas: “Por que estou na Igreja? Estou na Igreja como em uma associação esportiva, uma associação cultural etc., na qual encontro resposta para os meus interesses e, se não for assim, vou embora? Ou estar na Igreja é algo mais profundo?”.
Como resposta, o Papa explicou que é “importante reconhecer que estar na Igreja não quer dizer fazer parte de uma associação, mas estar na rede do Senhor, que pesca peixes bons e maus das águas da morte, para levá-los às terras da vida”.
Bento XVI considera que “pode ser que, nesta rede, eu esteja junto a peixes malvados e sinto muito, mas é verdade que não estou por causa deste ou daquele outro, mas porque é a rede do Senhor, que é algo diferente de todas as associações humanas, uma rede que toca o fundamento do meu ser”.
Portanto, os abandonos exigem respostas às perguntas mais fundamentais: “o que é a Igreja? Qual é a sua diversidade? Por que estou na Igreja, ainda que se deem escândalos terríveis?”.
Se se respondem a estas perguntas, “é possível renovar a consciência do caráter específico de ser Igreja, povo de todos os povos, que é povo de Deus; e aprender, dessa maneira, a suportar também os escândalos e trabalhar contra os escândalos, fazendo parte precisamente dessa grande rede do Senhor”.
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