Uma multidão recebeu o teólogo em Barbalha. Os penitentes cantaram benditos medievais Antônio Vicelmo
Em 90 minutos, o ex-frade franciscano, frei Betto, defendeu uma aproximação de Deus com vistas para o socialBarbalha. "Estamos vivendo num mundo muito paganizado, onde Deus é bastante usado para enriquecer religiões e igrejas". Esse foi o maior apelo que o teólogo, filósofo e frade dominicano, Carlos Alberto Libânio Christo, frei Betto, fez à plateia que lotou o auditório do Cine Teatro Neroly Filgueira, em Barbalha, dentro da programação da Semana dos Direitos Humanos que homenageia Frei Tito de Alencar, cujo aniversário de morte foi lembrado ontem, na região do Cariri."Muitas igrejas apregoam que Jesus é o caminho. No entanto, o padre e o pastor estão ali para cobrar o pedágio". Ao fazer esta crítica, frei Betto esclareceu que "nós não precisamos de uma espiritualidade que prometa prosperidade às pessoas. Mas que desperta o amor a Deus e ao próximo". A crítica, segundo o teólogo, é direcionada também à Igreja Católica, onde segundo afirmou, "existem pessoas sensíveis às questões sociais e outras que ficam somente na aleluia, aleluia, cuidando do próprio umbigo e esquecendo os mais pobres".Autor de 51 livros, alguns dos quais traduzidos para vários idiomas, frei Betto abordou, durante cerca de 90 minutos, o tema "Crise da Modernidade e Espiritualidade", salientando que as pessoas vivem, atualmente, "uma crise na modernidade, causada por uma cultura mercantilista, que se reflete no social, por meio de uma deterioração dos valores morais".Com isso, segundo ele, o ser humano moderno está abandonando a sua espiritualidade, afastando-se de Deus. "Falamos com Ele, mas, muitas vezes, não deixamos que Ele se manifestasse em nós", lembrou. Frei Betto explicou que a modernidade está em crise. "A modernidade agoniza, solapada por esse buraco aberto no centro do coração pela cultura da abundância. Nunca a felicidade foi tão insistentemente ofertada. Está ao alcance da mão, ali na prateleira, na loja da esquina, ´publicitada´ em todo tipo de mercadoria". Ele defendeu uma espiritualidade includente, voltada para as questões sociais".O teólogo, que é discípulo de São Domingos, propôs, como alternativas para uma reaproximação de Deus, três caminhos - buscar na experiência religiosa uma forma para o desenvolvimento afetivo; agir com ética para resgatar valores universais, como o amor; e ter coragem para fazer da vida uma permanente travessia, com a noção de que o tempo no qual se vive é mutação permanente.
Fonte: Diário do Nordeste
Antônio VicelmoRepórter
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