Mateus 14,13-21
Décimo Oitavo domingo do Tempo Comum
A leitura evangélica de hoje (Mateus 14, 13-21) inicia a parte narrativa que faz nexo com o Sermão eclesial. Mateus dirige agora sua atenção diretamente ao Povo de Deus, que é a Igreja, tema central no seu relato. E um primeiro momento deste tema maior é o episódio da multiplicação dos pães e dos peixes.
"Ao descer da barca, viu uma grande multidão e teve pena e curou os doentes". Assim Mateus declara a motivação do milagre que narrará em seguida onde Cristo se compadece do povo sem guia, porque andava como ovelhas sem pastor.
A compaixão pela multidão errante move Jesus a curar os enfermos sem que lhe peçam; e, depois, sacia a massa faminta tanto com curas como com alimentos que Mateus aponta como um anúncio do Reino.
Além de sinal dos tempos messiânicos que se cumpriam na missão de Cristo, o milagre da multiplicação aponta para o Sacramento da Eucaristia como alimento do novo Povo de Deus, e prenuncia escatologicamente o banquete definitivo do Reino, já inaugurado na pessoa, obra e mensagem de Jesus de Nazaré.
Estranhamente, embora sem motivo, na narração evangélica de hoje não se menciona o habitual assombro do povo e dos discípulos diante dos milagres do Senhor. E é porque o episódio é consignado e tem interesse não tanto pelo que tem de espetacular quanto por um tipo, um exemplo ou sinal que antecipa a Eucaristia, e uma antecipação do banquete messiânico da fraternidade humana no Reino de Deus e em sua consumação final.
Para entender melhor a passagem deste Evangelho, é muito importante que nos detenhamos nos elementos que precedem a conclusão do relato. O texto não diz que Jesus multiplicou os pães. Diz que Ele se compadeceu da multidão, curou seus enfermos e ordenou aos discípulos que lhes dessem de comer. Determinou que todos se estendessem sobre a relva e pediu que os discípulos lhe trouxessem as provisões de que dispunham. Depois, ergueu os olhos ao céu, pronunciou a bênção sobre os pães e os peixes e fez com que fossem à multidão. Jesus saciou as pessoas e, desse processo, tanto a multidão quanto os discípulos tomaram parte. Crer num milagre, algo como uma magia operada por Jesus, embora pareça piedoso, é falsificar o sentindo do texto, que não quer falar de milagre ou de multiplicação, mas de compaixão, serviço e eucaristia - doação até a morte. Se uma comunidade segue esse itinerário, nada lhe faltará e poderá saciar multidões, pois nela opera o Senhor. Na multiplicação, Jesus rejeita a tentação de resolver a questão da fome com um passe de mágica, um milagre. A solução do problema da fome não está num milagre econômico ou religioso, pois Jesus rejeita essa tentação. O verdadeiro milagre é o da distribuição e partilha dos bens da criação. Um ótimo domingo a todos!
Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo
Décimo Oitavo domingo do Tempo Comum
A leitura evangélica de hoje (Mateus 14, 13-21) inicia a parte narrativa que faz nexo com o Sermão eclesial. Mateus dirige agora sua atenção diretamente ao Povo de Deus, que é a Igreja, tema central no seu relato. E um primeiro momento deste tema maior é o episódio da multiplicação dos pães e dos peixes.
"Ao descer da barca, viu uma grande multidão e teve pena e curou os doentes". Assim Mateus declara a motivação do milagre que narrará em seguida onde Cristo se compadece do povo sem guia, porque andava como ovelhas sem pastor.
A compaixão pela multidão errante move Jesus a curar os enfermos sem que lhe peçam; e, depois, sacia a massa faminta tanto com curas como com alimentos que Mateus aponta como um anúncio do Reino.
Além de sinal dos tempos messiânicos que se cumpriam na missão de Cristo, o milagre da multiplicação aponta para o Sacramento da Eucaristia como alimento do novo Povo de Deus, e prenuncia escatologicamente o banquete definitivo do Reino, já inaugurado na pessoa, obra e mensagem de Jesus de Nazaré.
Estranhamente, embora sem motivo, na narração evangélica de hoje não se menciona o habitual assombro do povo e dos discípulos diante dos milagres do Senhor. E é porque o episódio é consignado e tem interesse não tanto pelo que tem de espetacular quanto por um tipo, um exemplo ou sinal que antecipa a Eucaristia, e uma antecipação do banquete messiânico da fraternidade humana no Reino de Deus e em sua consumação final.
Para entender melhor a passagem deste Evangelho, é muito importante que nos detenhamos nos elementos que precedem a conclusão do relato. O texto não diz que Jesus multiplicou os pães. Diz que Ele se compadeceu da multidão, curou seus enfermos e ordenou aos discípulos que lhes dessem de comer. Determinou que todos se estendessem sobre a relva e pediu que os discípulos lhe trouxessem as provisões de que dispunham. Depois, ergueu os olhos ao céu, pronunciou a bênção sobre os pães e os peixes e fez com que fossem à multidão. Jesus saciou as pessoas e, desse processo, tanto a multidão quanto os discípulos tomaram parte. Crer num milagre, algo como uma magia operada por Jesus, embora pareça piedoso, é falsificar o sentindo do texto, que não quer falar de milagre ou de multiplicação, mas de compaixão, serviço e eucaristia - doação até a morte. Se uma comunidade segue esse itinerário, nada lhe faltará e poderá saciar multidões, pois nela opera o Senhor. Na multiplicação, Jesus rejeita a tentação de resolver a questão da fome com um passe de mágica, um milagre. A solução do problema da fome não está num milagre econômico ou religioso, pois Jesus rejeita essa tentação. O verdadeiro milagre é o da distribuição e partilha dos bens da criação. Um ótimo domingo a todos!
Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo
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