domingo, 1 de maio de 2011

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO



João 20,19-31

Segundo Domingo de Páscoa

O núcleo central da mensagem cristã – o querigma – é a ressurreição de Jesus. A ressurreição é um fato histórico, embora com referências para além da História: é um mistério da ação de Deus, que se projeta na eternidade. E o principal argumento de nossa certeza, além da morte de Jesus, de seu sepultamento e do sepulcro encontrado vazio; são as aparições. Sem elas, seria inexplicável a fé inabalável da comunidade cristã. A narração dessas aparições vai enriquecendo as leituras nestes domingos da Páscoa. Jesus mostra-se na identidade conhecida da sua vida pública. Era ele mesmo. Mas, ao mesmo tempo, seu modo de ser era diferente. Não dependia mais do tempo e do espaço. Entrava na sala, sem que precisasse abrir as portas. Apareceu na mesma tarde da ressurreição aos apóstolos reunidos sem a presença de Tomé.
O Evangelho refletido hoje é o de João 20,19-31 – o qual nos narra duas aparições de Jesus aos apóstolos: a 1ª no dia da ressurreição, ao cair de tarde – nesta sobressai a referência ao dom do Espírito para o perdão dos pecados; e a 2ª, no domingo seguinte – o encontro de Jesus com Tomé. Nesta aparição, o Senhor Jesus, sem deixar de ser condescendente com o apóstolo hesitante e tentado pelas dúvidas, exalta claramente a atitude dos que crêem sem ver. Nesta categoria, incluímo-nos todos nós. Neste evangelho, enfatiza-se a criação da comunidade messiânica e o mandato de Jesus ressuscitado; ele dá seqüência ao projeto de Deus. Reflete, por contraste, a atitude de Tomé, o amadurecimento na fé dos que, apesar de não terem visto Jesus, aderiram a Ele plenamente. Tomé ainda não tinha feito a experiência do Cristo vivo, nem tinha recebido o Espírito Santo. Sua fé é fraca; não nasce da experiência do amor da comunidade, mas depende de sinais extraordinários. Mas foi na sua profissão de fé que ele reconheceu em Jesus o servo glorificado, em pé de igualdade com Deus. As palavras de Tomé diante de Jesus foram palavras de adoração: “Meu Senhor e meu Deus”! Sem dúvida, estas palavras eram um prelúdio de toda a adoração que a Igreja iria prestar, ao longo dos séculos, ao Senhor ressuscitado.
Não podemos deixar de sublinhar a palavra de Jesus, tanto na primeira aparição quanto na segunda: “A paz esteja convosco”! Tinha um sentido de promessa de paz para aqueles que acolhessem a verdade da ressurreição. E a promessa de paz completa-se com o grande dom do perdão que, nesse dia, Jesus deixou nas mãos da Igreja, quando disse aos apóstolos: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoardos; àqueles a quem os relivesdes, ser-lhes-ão retidos.” ( Jo. 20,22-23 ). Jesus é o Salvador. E, agora que está glorificado, deixa aos ministros da Igreja o poder do perdão que Ele exerceu durante sua vida aqui na terra. Ele quer que brilhe para todos nós a luz da ressurreição e a alegria da paz que nos trouxe. Vivamos intensamente a páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, vencedor do pecado e da morte, doador da vida nova e plena.

Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo

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