Viagens para Espanha, Itália; Sínodo do Oriente Médio
Por Edward Pentin
Roma (ZENIT.org) - Vários acontecimentos históricos e notáveis esperam o Santo Padre e os funcionários do Vaticano depois das férias de verão europeias, conforme a Cidade Eterna vá retomando a vida.
Bento XVI se hospedará em sua residência veraneia de Castel Gandolfo até ao menos o fim do mês que vem, mas antes de regressar a Roma, tem compromissos importantes a cumprir.
O mais significativo será sua tão esperada visita à Grã-Bretanha, de 16 a 19 de setembro, durante a qual viajará para Escócia e Inglaterra e beatificará o cardeal John Henry Newman. Além de ser uma visita de Estado, a viagem apostólica também será de caráter pastoral. Terá como objetivo animar a Igreja local e incidir sobre uma sociedade cristã, mas cada vez mais secularizada.
Mas antes disso, a 5 de setembro, Bento XVI passará uma manhã em Carpineto Romano, o lugar de nascimento de Vincenzo Gioacchino Raffaele Luigi Pecci, o Papa Leão XIII. O Papa viajará de helicóptero à cidade, próxima de Roma, para comemorar o bicentenário do nascimento desse papa e celebrar uma missa na praça da cidade.
Leão XIII, que morreu a 20 de julho de 1903, aos 93 anos, foi o papa mais ancião de todos. É talvez melhor conhecido por ter escrito a primeira grande encíclica social da Igreja, a Rerum Novarum. Também tentou chegar ao mundo científico, fundou centros de estudo teológico e bíblico e abriu os arquivos do Vaticano aos pesquisadores católicos e não católicos. Também foi o primeiro pontífice a promover o diálogo ecumênico.
Nesta semana anterior à visita a Carpineto Romano, Bento XVI deu prosseguimento a sua tradição da celebração de sua anual Schülerkreis em Castel Gandolfo. O encontro com antigos alunos do Papa, realizado de 27 a 29 de agosto, teve como tema a hermenêutica do Concílio Vaticano II.
Juventude e famílias em Palermo
O primeiro compromisso importante do Santo Padre depois de regressar a Roma será no dia 3 de outubro, quando ele visita a capital siciliana, Palermo. Celebrará uma missa ao ar livre e dirigirá um discurso às famílias e aos jovens - duas áreas de grande preocupação para a Conferência Episcopal da Sicília.
Uma semana depois, Bento XVI inaugurará a assembleia do Sínodo dos Bispos sobre o Oriente Médio, que acontece de 10 a 24 de outubro. A reunião se centrará na "comunhão e testemunho" nesta região conflitiva, onde os cristãos são cada vez menos numerosos.
A assembleia do Sínodo reunirá especialistas no Oriente Médio de todo o mundo, incluindo os cardeais Nasrallah Sfeir, patriarca maronita do Líbano, Emmanuel Delly, patriarca caldeu de Bagdá, e Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais. Ainda que João Paulo II tenha celebrado um sínodo sobre o Líbano em 1995, esta será a primeira vez que a Igreja dedica uma reunião para toda a região.
No mês seguinte, o Santo Padre embarcará em sua quinta visita fora da Itália neste ano: uma viagem de dois dias à Espanha. A 6 de novembro, voará para Santiago de Compostela, destino de peregrinação durante a Idade Média que hoje é cada vez mais popular entre os crentes e não crentes. A tradição afirma que os restos mortais do apóstolo Santiago Maior se encontram enterrados ali, e a viagem do Papa coincide com o Ano Santo Compostelano, que se celebra cada vez que a festa do Apóstolo Santiago, 25 de julho, cai no domingo.
No dia seguinte, o Papa visitará também Barcelona, onde consagrará e proclamará como basílica uma famosa igreja da cidade, a Sagrada Família, obra-prima inacabada do devoto arquiteto catalão Antoni Gaudí. O Santo Padre também jantará com os bispos e visitará uma fundação para pessoas com deficiência, antes de regressar a Roma, à noite.
O governo da Espanha é um dos mais secularistas da Europa, e desde que chegou ao poder, em 2004, aprovou uma série de leis em oposição direta ao ensinamento católico. Como para demonstrar sua preocupação, esta será a segunda visita de Bento XVI ao país. A primeira vez foi em 2006, para o Encontro Mundial das Famílias, em Valencia. Ele ainda regressará à Espanha em agosto de 2011, para a JMJ de Madri.
Esses são só os atos mais significativos para o Papa e o Vaticano neste outono europeu, mas sem dúvida outros também encontrarão seu lugar no calendário do Papa e do Vaticano. Uma destas atividades poderia ser o terceiro consistório de Bento XVI, ainda que a maioria dos observadores afirme que deva ocorrer no ano que vem.
Atualmente, há 107 cardeais com menos de 80 anos, com direito a votar no próximo conclave, 13 abaixo do limite de 120 estabelecido por Paulo VI. Mas no início de 2011, haverá pelo menos mais 19 vacantes entre os cardeais eleitores. Apesar de se terem passado quase três anos desde o último consistório, o prazo está dentro do normal (João Paulo II convocou um consistório a cada três anos em média).
Entre os candidatos a receber o capelo vermelho estão Dom Raymond Burke, Prefeito da Assinatura Apostólica, Dom Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Dom Timothy Dolan, arcebispo de Nova York, Dom Malcolm Ranjith, arcebispo de Colombo (Sri Lanka), e Dom Reinhard Marx, arcebispo de Munique (Alemanha).
Tendo consistório ou não, o Santo Padre e o Vaticano têm pela frente meses bem ocupados.
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Edward Pentin é escritor independente que reside em Roma - epentin@zenit.org
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