quarta-feira, 25 de agosto de 2010

PROMOTOR VATICANO: ANTE ABUSOS SEXUAIS, VALENTIA E DETERMINAÇÃO

Dom Scicluna explica sua experiência junto ao cardeal Ratzinger

Nova York (ZENIT.org) – O promotor de justiça da Congregação para a Doutrina da Fé, monsenhor Charles Scicluna, considera que é preciso enfrentar a verdade perante os abusos sexuais cometidos por sacerdotes e destaca a “valentia e determinação” de Bento XVI frente a esses casos.
“Não há outra forma de sair desta situação além de enfrentar a verdade”, declarou em uma entrevista concedida a Fox News.
Para monsenhor Scicluna, este escândalo é “um desafio para a Igreja” e também “uma oportunidade para chamar o pecado pelo nome e fazer algo a respeito”. É ainda ocasião “para que a Igreja se mostre firme em sua luta contra o pecado, contra o crime”.
O promotor da Santa Sé afirmou que a Igreja deve ser severa com estes delinquentes, seguindo o modelo de Cristo, que “tinha palavras de fogo contra aqueles que escandalizavam os jovens”.
“Se prestarmos atenção nas suas palavras e formos leais a seu ensinamento, caminharemos em terreno firme. Não estamos sozinhos”, disse.
Monsenhor Scicluna aprova o fato de que neste âmbito a Igreja seja tratada de maneira mais estrita que outras instituições, já que “apresentamos muito claramente uma mensagem que deveria ser luz para o mundo”.
“Ainda que nos queixemos às vezes das matérias de jornal, as manchetes são um reflexo de que o mundo leva muito a sério o que dizemos, e se escandaliza quando o que fazemos não corresponde ao que dizemos”, disse.
Valentia do Papa
Durante a entrevista, o eclesiástico partilhou com a audiência sua experiência junto do então cardeal Joseph Ratzinger na Congregação para a Doutrina da Fé entre os anos 2002 e 2005, quando teve de revisar centenas de casos deste tipo.
“Eu sou testemunha direta da compaixão, da indignação e frustração que estes casos infundiram no cardeal Ratzinger, no homem, Joseph Ratzinger”, indicou.
“Foi um abrir os olhos para a gravidade da situação e a profunda tristeza pela traição sacerdotal e o fracasso sacerdotal.”
“Creio que qualquer um que tenha de revisar tantos casos sem dúvida mudará sua perspectiva sobre esta questão, sobre as debilidades humanas e também sobre o grande sofrimento que criam”, afirmou.
Ele também rejeitou as críticas à gestão do cardeal Ratzinger e assegurou que aqueles que trabalharam com ele na Congregação para a Doutrina da Fé o admiravam muito, por sua “valentia e determinação” para enfrentar estes casos.
O promotor de justiça da Congregação para a Doutrina da Fé destacou que um sacerdote que comete abusos sexuais trai a vocação. “O sacerdote foi ordenado para ser um ícone, uma imagem viva de Jesus Cristo; é outro Cristo no altar e quando prega. Por isso, quando abusa, esse ícone se faz em cacos”.

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