Roma (ZENIT.org) - Imediatamente informado sobre o falecimento do presidente emérito da República Italiana, Francesco Cossiga, ocorrida hoje, aos 82 anos, Bento XVI, profundamente triste, recolheu-se em oração.
Há poucos dias - informa hoje a Rádio Vaticano -, Dom Rino Fisichella havia sido encarregado pela Secretaria de Estado, em nome do Papa, de manter-se informado sobre o estado de saúde do ex-presidente; esteve no Hospital Gemelli de Roma, onde se encontrava Cossiga.
O cardeal Angelo Bagnasco, presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), em nome de todo o episcopado, recordou hoje, em uma nota, "o profundo sentido de Estado e a intensa experiência de fé, testemunhada nos longos anos de atividade acadêmica e de compromisso político".
Cossiga, prossegue a nota, serviu a Itália "nas mais altas tarefas institucionais, em momentos muito delicados, sempre consciente de suas próprias responsabilidades e atento à busca do bem comum".
Nascido em Sassari (Sardenha) no dia 26 de julho de 1928, aos 17 anos se inscreveu na Democracia Cristã, e aos 28 foi nomeado secretário provincial. Dois anos depois, em 1958, tornou-se o mais jovem subsecretário da Defesa no terceiro governo, guiado pelo presidente da Democracia Cristã, Aldo Moro.
A circunstância mais trágica pela qual é recordado é a do sequestro e assassinato de Moro, pelas mãos das Brigadas Vermelhas, quando Cossiga desempenhava o cargo de ministro do Interior e, frente às exigências da organização terrorista, as instituições escolheram o caminho da firmeza.
Depois do assassinato de Moro, em 9 de maio de 1978, Cossiga pediu demissão. Mas no ano seguinte foi nomeado presidente do Conselho, permanecendo no cargo até 1980. Converteu-se no 8º presidente da República Italiana em 1985.
Em 1991, a partir das revelações sobre a existência de Gladio - a seção italiana de Stay Behind Net, uma organização secreta da Aliança Atlântica -, apresentou-se no Parlamento a petição de processar Francesco Cossiga. Em 1993, no entanto, o comitê parlamentar considerou que as acusações eram infundadas.
Por sua parte, o jornal vaticano L'Osservatore Romano recordou que o nome de Francesco Cossiga "aparece em muitos momentos cruciais para a vida do país, da reconstrução pós-bélica aos movimentos estudantis, dos anos escuros do terrorismo até o esgotamento de uma época e de uma geração política, sob os golpes das investigações judiciais e das turbulências provocadas pela queda do muro de Berlim".
"O estadista - afirma L'Osservatore - foi também, para todos os efeitos, homem da chamada Primeira República, da qual pode ser considerado um dos seus símbolos, representante de uma geração que, das cinzas do fascismo e do segundo conflito mundial, soube construir uma nova Itália, em um contexto repleto de dificuldades e contradições, como o da Guerra Fria."
Cossiga foi, segundo o jornal vaticano, "um homem de Estado; desse Estado que às vezes soube transmitir o sentido da firmeza e da certeza do direito e que às vezes tremeu sob os golpes do terrorismo e das tramas, verdadeiras ou supostas, que de vez em quando afloravam em um contexto certamente particular como o italiano, sobretudo desde os anos 70 a 90".
Nenhum comentário:
Postar um comentário