Começa, a partir de hoje, a Romaria de Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte, reunindo milhares de fiéisJuazeiro do Norte. A festa da Mãe das Dores atravessa um século, mas este ano faz alusão aos 100 anos do Município que fortaleceu a fé em Nossa Senhora, em todo o País, levando aos nordestinos a mensagem do Padre Cícero. Os contemporâneos do sacerdote dizem que ele foi o maior devoto de Nossa Senhora. Tanto que as duas, entre as três maiores romarias do ano, em Juazeiro, são em alusão à Nossa Senhora das Dores. Começa hoje e vai até o dia 15, já a Festa de Nossa Senhora das Candeias é em fevereiro."Juazeiro do Centenário: Terra de Oração e Trabalho". Esse é o tema da festa que reúne em torno de 400 mil romeiros de todo o Nordeste. Alagoas e Pernambuco têm presença marcante, com maior número. Tudo começou com uma pequena capelinha, erguida pelo padre Pedro Ribeiro, em 1827, neto do brigadeiro Leandro Bezerra de Menezes, que concluiu o espaço no pequeno vilarejo, em Tabuleiro Grande, terras de sua propriedade. Uma influência que se multiplicaria aos milhões de fiéis.Para muitos, a Mãe das Dores não é só padroeira de Juazeiro, mas de todo o Nordeste. A fé em Nossa Senhora demonstrada, pela vinda da imagem de Aparecida, no mês de julho passado, em Juazeiro, o encontro do romeiro com a grande crença fortalecida pelo Padre Cícero. A missa dos 76 anos do sacerdote contou com a presença de mais de 40 mil fiéis e a imagem da santa padroeira do Brasil estava lá, de frente para toda multidão.Padre Cícero exerceu o papel de, em nome da Mãe das Dores, arrebanhar a massa de fiéis. Incentivou o uso do rosário de Nossa Senhora e a oração como elemento fortalecedor da fé dos nordestinos. Ele só veio assumir a capela, depois do falecimento do Padre Pedro e cinco capelões terem passado pelo local. Segundo o jornalista e escritor Geraldo Menezes Barbosa, contemporâneo do "Padim", isso só veio acontecer por solicitação das famílias que formavam núcleos de fiéis. "Sendo ele um grande devoto da Virgem Maria, foi quem influenciou as famílias do lugar a rezarem o rosário", diz.Segundo o escritor, essa influência se multiplicou com o fenômeno dos milagres ou hóstia com sangue em 1889 e que, Maria de Araújo, a protagonista dos milagres, dizia ter a visão da Virgem Maria. Como as terras do povoado foram doadas ao patrimônio da Igreja de Nossa Senhora das Dores, o Padre Cícero autorizou os moradores dos sítios a fazerem suas casas em terreno do patrimônio de Nossa Senhora das Dores. E o crescimento do lugar passou a se intensificar, a partir das árvores de Juazeiro em volta da capela. Tornou-se povoado populoso. A devoção de rezar o rosário de Nossa Senhora em Juazeiro veio em 1872, ensinada pelo "Padim", quando dizia que a Virgem das Dores era a grande advogada das pessoas junto ao filho de Deus. Em 1875, ele lançou um pedido aos devotos de Nossa Senhora das Dores para construção de uma igreja maior, numa obra que duraria sete anos. Já em 1884, a igreja estava pronta e a inauguração foi feita pelo bispo do Ceará, dom Joaquim José Vieira, no mês de agosto do mesmo ano.A festa no mês de setembro teve origem, segundo o escritor, com a chegada da imagem de Nossa Senhora das Dores, em 18 de setembro de 1887, vinda da França, tendo o Padre Cícero celebrado a solenidade de entronização. A imagem passou a receber a visitação de milhares de romeiros da Virgem Maria. "A partir desta data as romarias à Nossa Senhora das Dores passaram a ser no mês de setembro, quando todos conduzem na mão o rosário da Virgem como parte devocional e que esse ato se espalha por todo o Nordeste e Brasil".Tudo partiu do Padre Cícero que deu essa orientação ao romeiro, ensinando a importância de rezar durante o dia e a noite o santo rosário da Virgem Maria. Já o novenário da padroeira foi iniciado em 1887, em setembro.O Padim, segundo Geraldo Menezes, dizia aos romeiros que a reza do rosário deixava a pessoa guardada de todos os perigos. E lembra das palavras do sacerdote quando ele afirmava que: "quem não tiver tempo, reze mesmo no caminho da roça e nos momentos que estiver em casa". O escritor lembra da festa de Nossa Senhora das Candeias, a outra grande romaria de Juazeiro que faz alusão à Nossa Senhora. "Candeias quer dizer a luz do mundo, Jesus", explica. Já Romaria de Finados veio se intensificar somente depois da morte de Cícero Romão Batista.Segundo o padre Paulo Lemos, atual administrador da Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, foi seguindo este exemplo de Maria Santíssima que o Padre Cícero encontrou força e coragem para assumir sua missão de pastor e guia, conselheiro do sertão e grande missionário do Nordeste. Por isso, ele pedia: "depois de minha morte, não deixem de venerar a Virgem das Dores, em Juazeiro". Todas as paróquias vão participar dos festejos. Também haverá mutirão de confissões, com o maior número de sacerdotes.A cidade começa a se mobilizar e centenas de barraqueiros se instalam na cidade. Um esquema especial, segundo a Operação Romeiro, será dado sequência, enquanto se conclui o espaço definitivo do Centro de Apoio ao Romeiro. Uma programação paralela também é realizada pelos devotos de Nossa Senhora, com a tradicional procissão dos carroceiros, no dia 12, saindo da Rua São Pedro, terminando na missa na Basílica. A Procissão dos Carros acontece dia 14. Uma grande mobilização é feita pela cidade e os romeiros agradecem a acolhida atirando bombons dos paus-de-arara aos juazeirenses.No dia 2 de setembro, terá reunião geral da Operação Romeiro, integrando todos os setores para socializarem os serviços da festa. De 11 a 14 acontece o tradicional show do chapéu na Praça do Romeiro. O devocionário das 18h30 será presidido pelo padre Paulo Lemos.A programação se intensifica com o tríduo da romaria, quando há um maior número de romeiros nos três últimos dias. As missas são a às 6 horas na Basílica, e na Capela do Socorro até às 19 horas.
Fonte: Elizângela SantosRepórter/ Diário do Nordeste
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