terça-feira, 19 de janeiro de 2010

CONHEÇA A LINHA DE TRABALHO DO SÍNODO PARA O ORIENTE MÉDIO

Coletiva de imprensa no Vaticano apresenta texto com linha de trabalho para a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispo para o Oriente Médio
O texto que define a linha de trabalho para a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio foi apresentado hoje, no Vaticano. O "Lineamenta", como é conhecido o documento, constitue o primeiro passo de uma consulta, que será enviado para as Conferências Episcopais de todo mundo, e assim dará a possibilidade a todas as Igrejas particulares de preparar o Sínodo através da reflexão e do envio de sugestões.
Ao apresentar o texto, o arcebispo Nikola Eterovic, secretário geral do Sínodo dos Bispos, destacou que Assembleia visa "confirmar e reforçar os cristãos na sua identidade, mediante a Palavra de Deus e os Sacramentos" e "reavivar a comunhão eclesial entre as Igrejas particulares, para que possam oferecer um testemunho de autêntica vida cristã, jubilosa e atraente".
O texto está dividido em três partes.

Primeiro capítulo: "A Igreja Católica no Oriente Médio"Evoca brevemente a história das Igrejas do Oriente, que remontam à primeiro Igreja cristã de Jerusalém e se difundiram na região mantendo a unidade essencial na pluralidade das expressões. Igrejas caracterizadas pela apostolicidade e por uma forte índole missionária. Para além da Igreja de rito latino, existem Igrejas Orientais Católicas de cinco diferentes Tradições: Alexandrina (Igreja Copta e Igreja Etiópica), Antioquena (Igreja Siro-Malankaresa, Igreja Maronita e Igreja Síria); Arménia (Igreja Arménia); Caldeia ou Siro-oriental (Igreja Caldeia e Igreja Siro-Malabaresa); Bizantina ou Constantinopolitana (nomeadamente a Igreja Greco-Melquita).
Muitas foram as dificuldades enfrentadas por estas Igrejas ao longo dos dois mil anos de existência. O texto recorda alguns desafios atuais, como os conflitos políticos na região (Israel – Palestina, Iraque, Líbano); além de graves limitações, para as pessoas e comunidades, ao exercício da liberdade de religião e de consciência.
O Documento propõe a formação dos cristãos para que possam viver com ainda maior fidelidade a própria fé na vida privada e pública. Os fiéis são também chamados a continuar a dar o seu precioso contributo à edificação de uma sociedade democrática, que respeite os direitos e deveres de todos os cidadãos.
Segundo capítulo: "A comunhão eclesial"De índole mais teológica, começa por sublinhar a natureza da comunhão da Igreja, assente no mistério da Santíssima Trindade, para referir a questão da comunhão no interior da Igreja Católica – entre as várias Igrejas Orientais Católicas, que deveriam tornar-se cada vez mais uma riqueza para todos os cristãos do Médio Oriente. Indicados os dois maiores sinais da comunhão eclesial: a celebração da Eucaristia e a comunhão com o Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro Apóstolo e Chefe visível de toda a Igreja.
Terceiro capítulo: "O testemunho cristão"É o capítulo mais longo. Nele se aborda o testemunho dos católicos já no interior da própria Igreja, mas também fora.
Faz-se notar que precisa de ser incrementado o diálogo com as outras Igrejas e comunidades cristãs (não católicas), nomeadamente através do Conselho das Igrejas do Médio Oriente e do Conselho dos Patriarcas católicos.
O diálogo com o hebraísmo é a peculiaridade das Igrejas de Jerusalém (seis Igrejas Católicas e cinco Ortodoxas, mais duas comunidades eclesiais protestantes). As relações com o judaísmo são condicionadas pela situação política que opõe de um lado os Palestinianos e o mundo árabe e do outro o Estado de Israel. Recorda-se, a este propósito, a necessidade de ter sempre presentes a distinção entre o plano religioso e o plano político, evitando absolutamente usar a Bíblia com fins políticos ou a políticas com objetivos religiosos. Sublinhado o elo religioso entre Judaísmo e Cristianismo, entre o Antigo e o Novo Testamento. Os cristãos estão chamados a encorajar todos os meios pacíficos que possam conduzir à paz através da justiça.
O documento refere também, com relevo, as relações com os muçulmanos. Embora as Constituições da maioria dos Estados do Médio Oriente garantam, na letra, a igualdade dos cidadãos, na prática, em razão da não suficiente distinção entre religião e política, os cristãos vêem-se muitas vezes em situação de não cidadania.
Neste difícil contexto, os cristãos estão chamados a dar um contributo específico e insubstituível à sociedade em que vivem, testemunhando Cristo e os valores do Evangelho em todos os setores da vida pessoal, familiar e pública.ConclusãoO texto apresenta as razões, tanto de ordem política como da fé, que fazem com que seja essencial que os cristãos permaneçam no Médio Oriente, continuando a oferecer aí o seu contributo específico para a construção de uma sociedade justa, pacífica e próspera.Próximo passoOs pareceres serão selecionados e sintetizados no "Instrumentum laboris", documento base de trabalho que será discutido na assembleia sinodal, no Vaticano, de 10 a 14 de outubro próximo . O tema será "A Igreja Católica no Oriente Médio: Comunhão e testemunho. A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma." O Papa Bento XVI em sua visita apostólica a Chipre, em junho, entregará este documento base, aos representantes das Igrejas Orientais Católicas.

Canção Nova Notícias, com Rádio Vaticano

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