O cardeal Roger Etchegaray, que se recupera de uma fratura sofrida no dia 24 de dezembro de 2009, quando uma jovem tentou atacar Bento 16, disse neste sábado que, na ocasião, pensou "primeiro no papa" e "teve medo por ele".
"Não esquecerei nunca a última noite de Natal, uma noite que foi excepcional", disse o religioso francês ao recordar o episódio, em entrevista ao jornal "Corriere della Sera".
Às vésperas do último Natal, a suíço-italiana Susanna Maiolo, 25, conseguiu burlar a segurança na Basílica de São Pedro, em Roma, e avançou na direção do pontífice, que caiu ao chão, mas não se feriu. Bento 16 levantou-se rapidamente e celebrou sem novos incidentes a Missa do Galo.
Já Etchegaray, que também caiu, foi retirado imediatamente do local. Além de ferimentos leves, o cardeal fraturou o fêmur e teve que passar por uma cirurgia. Após a intervenção, ele ficou internado por três semanas.
"Pensei primeiro no papa. Tive medo por ele", revelou o cardeal, de 87 anos, que ainda brincou: "Caindo, entrei para a história".
Etchegaray também contou que ficou admirado com a reação do pontífice. "Para ele foi um verdadeiro choque, uma experiência traumatizante. Mas, ele levantou-se rapidamente e continuou a procissão até o altar, presidindo a Missa da noite de Natal. O papa é um homem corajoso", completou.
Questionado sobre a necessidade de se reforçar as medidas de segurança em torno do Papa, Etchegaray advertiu que Bento 16 "não renunciará nunca às estreitas relações com as pessoas", tanto que "apenas dois dias depois, em 27 de dezembro passado, ele já estava em meio aos pobres da comunidade de Santo Egidio, para comer com os estrangeiros e com os sem-teto".
Em relação a Maiolo, que foi presa e recebeu tratamento psiquiátrico na Itália, Etchegaray considerou que "basta o perdão do papa".
Para o futuro, o religioso não demonstra o cansaço da idade e diz esperar novas viagens e novos projetos, "porque um cristão vive o presente, no presente, e olha sempre em frente".
da Ansa, em Roma
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