sábado, 26 de dezembro de 2009

IRMÃS ENCLAUSURADAS: DIA DE VISITAR AQUELAS QUE VIVEM PARA DEUS


Nem as grades impedem um contato mais próximo do público com as religiosas. Quem visita garante que, depois do encontro, o sentimento de paz é renovador



Além do Natal, as irmãs recebem visitas na Páscoa e em 17 de agosto, Dia de Santa Beatriz da SilvaO 25 de dezembro é um dos três dias nos quais as 19 irmãs concepcionistas franciscanas, que vivem no Mosteiro da Imaculada Conceição e São José, no São João do Tauape, recebem visitas do público. Uma mensagem de amor e alegria e a busca por Deus são os motivos que levam muitas pessoas a procurarem esse encontro com as irmãs enclausuradas, que recebem todos com muita satisfação.O contato acontece entre as grades, mas, nem por isso, chega a ser triste ou frio. As irmãs acolhem todos como numa festa. Familiares e muitas pessoas desconhecidas aproveitam esse dia para estar ao lado dessas mulheres, que escolheram a oração e os serviços como opções de vida. Um exemplo é a irmã Maria Stella de Jesus Costa, que está há 40 anos no mosteiro. Ontem, ela recebeu a visita de vários familiares, entre eles o seu pai, que a visita todos os meses, e também de pessoas desconhecidas que querem um minuto de conversa."As pessoas vêm aqui porque se sentem longe de Deus. A gente vai conversando, orientando, dando uma luz no caminho", explica ela. Irmã Maria Stella diz que, no mosteiro, as atividades das religiosas são de oração e serviços domésticos, como lavar, cozinhar, passar, fazer limpeza ou costurar peças, que são vendidas na lojinha. Somente três vezes ao ano, no dia 25 de dezembro, na Páscoa e em 17 de agosto, Dia de Santa Beatriz da Silva, fundadora da Ordem da Imaculada Conceição, é que elas recebem visitas do público. No entanto, o contato com a família acontece mais vezes durante o ano.Há três meses, a irmã Íris Oliveira, de 35 anos, chegou ao mosteiro. Vinda de Recife, no estado de Pernambuco, é postulante a entrar para a congregação. "Depois de um ano, vem o noviciado, que é a entrada definitiva", explica. Um momento de conversa com a religiosa é suficiente para sentir muitas e intensas manifestações de alegria e felicidade."Estar aqui, ao contrário do que muitos pensam, não é uma prisão. Sinto-me muito feliz, realmente realizada. O chamado de Deus é individual e particular para cada um de nós. Cada um recebe o seu e o meu é este, com muita alegria. Não sinto saudade da vida do lado de fora, porque Deus capacita as pessoas para o seu chamado. Sem alegria, não conseguimos. Muitos são os que o Senhor chama, poucos os escolhidos, por isso o essencial da vida é ser feliz", destaca Irmã Íris.VoluntariadoA enfermeira Tereza dos Santos Marques, sempre que pode, vai ao mosteiro. Ela utiliza a sua profissão para fazer trabalho voluntário com as irmãs. "Desde 1992, quando uma irmã se internou no Hospital Geral de Fortaleza, que eu tenho contato com elas, que são amigas muito especiais para mim. Quando venho para cá e converso com elas, saio com o coração aliviado. Elas são cheias de Deus e nós somos cheias de mundo. A presença de Deus aqui é muito grande", finaliza.Fique por dentroHistóriaA Ordem das Irmãs Concepcionistas Franciscanas ou Ordem de Santa Beatriz ou, simplesmente, Concepcionistas nasceu na Espanha, precisamente em Toledo, onde, em 1484, Beatriz Menezes da Silva, com 12 companheiras, deu início à nova família religiosa com uma intenção bem definida: contemplar e difundir o privilégio da Imaculada Conceição de Maria, até então apenas devoção e objeto de complicadas discussões teológicas. Em abril de 1489, o papa Inocêncio VIII aprovou a nova Ordem. As monjas são de vida monástica contemplativa, de clausura papal. São totalmente dedicadas a Deus pelo bem da humanidade, por meio da oração contínua.


Paola Vasconcelos/Diário do Nordeste

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