segunda-feira, 23 de novembro de 2009

ATUANDO HÁ 27 ANOS NO BRASIL, AS FAZENDAS ESPERANÇA LEVAM APOIO AOS DEPENDENTES QUÍMICOS

Atualmente com 25 casas, e as vésperas de inaugurar mais três unidades da Fazenda da Esperança, (dia 21/11, em Macaé (RJ); dia 22/11, em Guarará (MG), e dia 31/01/10, em Coromandel (MG)), a associação Família da Esperança ajudou, em 27 anos de existência, 15 mil pessoas.
“A nossa finalidade é levar esperança a muitas famílias desesperadas pelo consumo de drogas de seus filhos. Essa esperança é para nós o encontro com a fé, com o Evangelho, que dá respostas e sentido à vida de todos, sobretudo aos desesperados da sociedade moderna”, explicou o funcionamento das Fazendas da Esperança, padre César Santos, responsável regional das unidades no Sudeste e Centro-Oeste.
A Fazenda da Esperança surgiu da associação de fiéis reconhecida pela Igreja, chamada Família da Esperança. O trabalho da associação se dá em diversos campos sócias, mas o principal é a recuperação de jovens dependentes químicos. O idealizador da primeira Fazenda da Esperança foi Nelson Giovaneli, em 1983, na cidade de Guaratinguetá, interior de São Paulo. Hoje, existem Fazendas da Esperança em nove países (Alemanha, Rússia, Paraguai, Uruguai, Argentina, México, Guatemala, Moçambique, Filipinas e Brasil). Atualmente, em solo brasileiro, há Fazendas em praticamente todos os estados, com exceção de Rondônia, Amapá e Goiás. Em 2010 haverá instalação nos estados de Espírito Santo e Mato Grosso e Minas Gerais.
As unidades das Fazendas da Esperança acolhem pessoas com idade entre 15 e 45 anos e lhes propiciam moradia, alimentação e outras necessidades básicas. A organização se baseia na família e no carisma da pobreza de São Francisco de Assis. Segundo padre César, aproximadamente 1,5 mil jovens, entre homens e mulheres são acolhidos hoje nas Fazendas, e em 27 anos de existência, 15 mil pessoas foram beneficiadas pela instituição. “O tratamento se baseia no tripé espiritualidade-convivência-trabalho. A espiritualidade para as Fazendas é refletir e viver as frases do Evangelho, e depois partilhar as experiências feitas. A convivência é a vida em família, onde se pratica a comunhão de bens, se partilha a alma, se vive como irmãos. O trabalho é auto-sustentação, onde todos se esforçam de viver do próprio suor, da lida diária no trabalho”, explicou padre César.
De acordo com a associação, os índices de reincidência dos acolhidos pelas Fazendas são inexpressivos. Na Fazenda feminina da Alemanha, chega-se a 0% o total de reincidência. Na Fazenda masculina da Rússia, a 10%. De maneira geral no Brasil, a média fica em torno dos 20% de reincidência, variando de região pra região.

Visita do papa
No dia 12 de maio de 2007, o papa Bento XVI, em sua visita ao Brasil, foi a uma unidade do projeto, em Guaratinguetá (SP). De acordo com padre César, após a visita do Santo Padre, ratificou publicamente o reconhecimento da Igreja no trabalho realizado pela associação Família da Esperança. “A sociedade assim percebeu os resultados desse trabalho, que na realidade é um carisma nascido na Igreja Católica. Depois da visita de bento XVI, a Fazenda da Esperança se expandiu mais e recebe muitas ofertas de novas Fazendas. O reconhecimento do poder público também cresceu na confiança ao nosso trabalho. Para quem trabalha e quem recebe ajuda nas Fazendas, a vinda do Papa significou a benção de Deus a um caminho de consagração, que quer levar esperança a muitas pessoas”, ressaltou padre César.

Perfil
Os jovens que vivem nas Fazendas vêm de todas as classes sociais, religiões e sexo, e em algum momento fizeram ou fazem uso de drogas a partir da pré-adolescência. Nas unidades do Brasil, atualmente, a maioria dos jovens já participaram de algum crime, ou de alguma forma de violência para obtenção de drogas. “Todos aceitam viver sob uma orientação católica, pois o método da Fazenda é a vivência do Evangelho. Diariamente se escolhe uma palavra do evangelho da liturgia do dia. Depois se partilha as experiências vividas de acordo. Isso faz vir em relevo o que há de melhor no ser humano, independente de religião: a fraternidade, a solidariedade, a partilha, etc”, afirmou padre César Santos.

Como são sustentadas?
Para implantar, uma Fazenda precisa da doação de muitas pessoas, que organizam a área, a reforma de casas, o ambiente para uma vida comunitária, religiosa e de trabalho. Depois as Fazendas precisam de um período para se manterem do próprio trabalho, organizando oficinas de trabalho rurais, de manufaturas, de artesanato, entre outros. A meta de cada Fazenda é viver do próprio trabalho.

Ligação entre Fazendas
As Fazendas mais antigas enviam "missionários" que vão às Fazendas novas e se dedicam na instalação. Eles mesmos pagam sua passagem, e trabalham gratuitamente, divulgando o trabalho na região, reformando as casas, preparando o ambiente para a chegada dos internos. São hoje mais de mil voluntários que se dedicam dentro e fora das fazendas, vivendo em prol delas. As Fazendas formam uma grande rede, com grupos que preparam os jovens para se internar e depois os recebem, como apoio externo, a fim de que continuem ligados. Esses grupos tem o nome de "Grupo Esperança Viva" e estão igualmente espalhados em todo o Brasil e onde existem Fazendas da Esperança.

CNBB

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