Marcos 9,38-48
Vigésimo Sexto Domingo do Tempo Comum
A página evangélica de Marcos 9,38-48 apresentada na liturgia deste domingo reúne para nós ensinamentos muito valiosos de Jesus. Aliás, seria o caso de perguntar: há algum ensinamento de Jesus que não seja valioso? Ele o único que pôde dizer: “Eu sou a verdade” ( Jo 14,6 ). E que pode dizer ainda mais explicitamente: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas”( Jo 8,12 ).
O primeiro ensinamento é quando João vem dizer a Jesus que havia alguém expulsando demônios em seu nome, e que o queriam impedir, uma vez que não era do grupo dos discípulos. Mas Jesus disse que o deixassem agir em paz, pois, se estava invocando seu nome para fazer milagres, não iria falar mal dele. E sentenciou valendo-se, ao que parece, de um provérbio: "Quem não está contra nós, está conosco". É a abertura para a verdade dos outros que Jesus nos quer ensinar. Não podemos entender ter o monopólio da verdade. Também em outras religiões se encontram parcelas da verdade. Cabe a nós ter discernimento, para aprovar o que nelas estiver de acordo com o Evangelho, para reprovar o que for incompatível com o Evangelho, e ter muita compreensão para matizes diferentes da verdade que elas possam apresentar.
Logo em seguida, Jesus dá outro ensinamento, “Quem for ocasião de pecado a um desses pequenos que crêem em mim, seria melhor que lhe atassem ao pescoço uma mó de moinho e o atirassem ao fundo do mar” ( Mc. 9,42 ) Os pequeninos de quem se fala aqui não são necessariamente as crianças, mas todo aquele que é pobre, humilde, desvalido, sobretudo ignorante e de boa-fé. Que pecado enorme induzir essas pessoas, com a palavra ou com o exemplo a praticar o mal ! É o caso de alguns adultos que ensinam os “meninos de rua” a roubar; desses malfeitores que encorajam o pobre a participar de furtos e de assaltos; e de todos os que se valem de sua consciência de adultos mal formada para encaminhar os inexperientes aos mais variados tipos de fraude e de malversação do dinheiro público, como vem acontecendo cada dia em escala mais ampla. A figura da mó de moinho atada ao pescoço é evidentemente uma hipérbole. Mas quer indicar de maneira chocante a gravidade do pecado do escândalo.
E se segue o último ensinamento, a partir exatamente do tema de escândalo, a que Jesus acaba de referir-se. Jesus quer sublinhar a gravidade do escândalo, isto é, de tudo aquilo que é tropeço no caminho do bem e que leva o homem ao pecado. É uma série de afirmações muito sérias, de um colorido que se pode dizer trágico: “Se tua mão é para ti ocasião de pecado, corta-a; é melhor entrar na vida mutilado, do que, tendo ambas as mãos, ires para a geena, para o fogo inextinguível. E assim se corte o pé e se arranque o olho se for ocasião de pecado, pois “melhor é entrar no Reino de Deus com um só olho, de que tendo ambos os olhos, seres atirado à “geena”( Vale de Hinnón ). Era um vale que se estendia do noroeste até o sudoeste de Jerusalém. Era um lugar que tinha sido profanado pelos macabros rituais em que se sacrificavam crianças ao deus Moloc, e que fora transformado pelo piedoso rei Josias em lugar de despejo de todo lixo da cidade, e onde se ateava permanentemente fogo, tornando o lugar sempre execrável. Ficou sendo na literatura rabínica o símbolo do inferno, e Jesus assim o usa também.
Neste domingo da tolerância com os outros, refletimos que em Jesus temos a manifestação total e definitiva do Reino, Ele que veio “para que todos tenham vida”. Ninguém pode monopolizar Cristo. Devemos, sim, proclamar que Deus é livre, que sua palavra é para nós libertação.
Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo
Vigésimo Sexto Domingo do Tempo Comum
A página evangélica de Marcos 9,38-48 apresentada na liturgia deste domingo reúne para nós ensinamentos muito valiosos de Jesus. Aliás, seria o caso de perguntar: há algum ensinamento de Jesus que não seja valioso? Ele o único que pôde dizer: “Eu sou a verdade” ( Jo 14,6 ). E que pode dizer ainda mais explicitamente: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas”( Jo 8,12 ).
O primeiro ensinamento é quando João vem dizer a Jesus que havia alguém expulsando demônios em seu nome, e que o queriam impedir, uma vez que não era do grupo dos discípulos. Mas Jesus disse que o deixassem agir em paz, pois, se estava invocando seu nome para fazer milagres, não iria falar mal dele. E sentenciou valendo-se, ao que parece, de um provérbio: "Quem não está contra nós, está conosco". É a abertura para a verdade dos outros que Jesus nos quer ensinar. Não podemos entender ter o monopólio da verdade. Também em outras religiões se encontram parcelas da verdade. Cabe a nós ter discernimento, para aprovar o que nelas estiver de acordo com o Evangelho, para reprovar o que for incompatível com o Evangelho, e ter muita compreensão para matizes diferentes da verdade que elas possam apresentar.
Logo em seguida, Jesus dá outro ensinamento, “Quem for ocasião de pecado a um desses pequenos que crêem em mim, seria melhor que lhe atassem ao pescoço uma mó de moinho e o atirassem ao fundo do mar” ( Mc. 9,42 ) Os pequeninos de quem se fala aqui não são necessariamente as crianças, mas todo aquele que é pobre, humilde, desvalido, sobretudo ignorante e de boa-fé. Que pecado enorme induzir essas pessoas, com a palavra ou com o exemplo a praticar o mal ! É o caso de alguns adultos que ensinam os “meninos de rua” a roubar; desses malfeitores que encorajam o pobre a participar de furtos e de assaltos; e de todos os que se valem de sua consciência de adultos mal formada para encaminhar os inexperientes aos mais variados tipos de fraude e de malversação do dinheiro público, como vem acontecendo cada dia em escala mais ampla. A figura da mó de moinho atada ao pescoço é evidentemente uma hipérbole. Mas quer indicar de maneira chocante a gravidade do pecado do escândalo.
E se segue o último ensinamento, a partir exatamente do tema de escândalo, a que Jesus acaba de referir-se. Jesus quer sublinhar a gravidade do escândalo, isto é, de tudo aquilo que é tropeço no caminho do bem e que leva o homem ao pecado. É uma série de afirmações muito sérias, de um colorido que se pode dizer trágico: “Se tua mão é para ti ocasião de pecado, corta-a; é melhor entrar na vida mutilado, do que, tendo ambas as mãos, ires para a geena, para o fogo inextinguível. E assim se corte o pé e se arranque o olho se for ocasião de pecado, pois “melhor é entrar no Reino de Deus com um só olho, de que tendo ambos os olhos, seres atirado à “geena”( Vale de Hinnón ). Era um vale que se estendia do noroeste até o sudoeste de Jerusalém. Era um lugar que tinha sido profanado pelos macabros rituais em que se sacrificavam crianças ao deus Moloc, e que fora transformado pelo piedoso rei Josias em lugar de despejo de todo lixo da cidade, e onde se ateava permanentemente fogo, tornando o lugar sempre execrável. Ficou sendo na literatura rabínica o símbolo do inferno, e Jesus assim o usa também.
Neste domingo da tolerância com os outros, refletimos que em Jesus temos a manifestação total e definitiva do Reino, Ele que veio “para que todos tenham vida”. Ninguém pode monopolizar Cristo. Devemos, sim, proclamar que Deus é livre, que sua palavra é para nós libertação.
Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo
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