O Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB (Consep) divulgou, nesta quinta-feira, 24, ao final de sua reunião, uma nota manifestando “apreensão” com a aprovação do projeto que libera bingos e outros jogos de azar.
“A legalização dos bingos eletrônicos e outros jogos de azar possibilita o retorno a um mal já superado, colocando em risco a segurança e o bem estar das famílias, submetendo à exploração tantas pessoas, tornando-as dependentes”, afirma a nota. Segundo a CNBB, esta prática abre "um novo campo para a prática de diversos crimes", entre os quais a lavagem de dinheiro.
Os bispos mostraram a mesma apreensão também em relação ao projeto que possibilita o divórcio após a separação judicial por mais de um ano. Segundo os bispos, a nova lei “acentua a gravidade de uma legislação em si lamentável”.
Para a CNBB, se efetivadas, estas duas proposta legislativas "trarão sérias consequências para a sociedade brasileira".
Leia, abaixo, a íntegra da nota.
Nota da CNBB
“Nós vos exortamos, no Senhor Jesus, que progridais sempre no modo de proceder para agradar a Deus” (1Ts 4,1ª)Os bispos do Conselho Episcopal de Pastoral, reunidos em Brasília, preocupados com a preservação dos valores éticos e morais em nosso País, sem os quais não apenas as famílias, mas o próprio Estado se fragilizam, manifestam sua apreensão diante da aprovação em instâncias diversas da Câmara dos Deputados de duas propostas legislativas que, efetivadas, trarão sérias conseqüências para a sociedade brasileira. A legalização dos bingos eletrônicos e outros jogos de azar possibilita o retorno a um mal já superado, colocando em risco a segurança e o bem estar das famílias, submetendo à exploração tantas pessoas, tornando-as dependentes. Mais grave ainda, como foi acentuado durante as discussões no Parlamento, abre-se um novo campo para a prática de diversos crimes, entre estes a lavagem de dinheiro. A alegação de que a abertura de casas de jogos possibilitaria a criação de cerca de 300.000 empregos não legitima a prática nociva desses jogos. Nos últimos anos, tem crescido a oferta de postos de trabalho no País, sem opções que promovam a degradação moral, como bingos eletrônicos e jogos de azar. De outra parte, a alteração do parágrafo 6º do artigo 226 da Constituição Federal, que possibilita a dissolução do casamento pelo divórcio “após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos”, acentua a gravidade de uma legislação em si lamentável. O tempo previsto pela Constituição, na forma atual, pelo menos possibilita aos cônjuges em dificuldade um tempo maior para reflexão sobre as conseqüências da separação para eles próprios, seus filhos e a sociedade. A proposta da separação de forma apressada, sem que seja dado tempo para essa reflexão e a ajuda de amigos, familiares e orientadores em defesa do vínculo que os une significa a banalização do instituto do matrimônio, com graves e dolorosas conseqüências para toda a sociedade.Como essas duas proposições ainda dependem de novos passos no processo legislativo, os bispos exortam os representantes do Povo a uma profunda reflexão sobre as mesmas, ao tempo em que manifestam seu apoio aos parlamentares que vêm se empenhando contra elas. Pedem, ainda, a todas as pessoas de boa vontade, particularmente às lideranças cristãs, que manifestem a seus representantes parlamentares seu desacordo, solicitando-lhes explícito posicionamento contrário. Brasília, 24 de setembro de 2009
Dom Geraldo Lyrio Rocha
Presidente da CNBB e arcebispo de Mariana (MG)
Dom Luiz Soares Vieira
Vice-presidente da CNBB e arcebispo de Manaus (AM)
Dom Dimas Lara Barbosa
Secretário-Geral da CNBB e bispo auxiliar do Rio de Janeiro (JR)
CNBB
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