sexta-feira, 1 de maio de 2009

"A FAMÍLIA É O CENTRO DOS PROBLEMAS E DAS SOLUÇÕES DA SOCIEDADE", DIZ DOM ORLANDO BRANDES

O presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e arcebispo de Londrina (PR), dom Orlando Brandes afirmou, na penúltima coletiva de imprensa da 47ª Assembleia Geral dos Bispos, que a família é uma prioridade da Igreja Católica no Brasil. Ele apresentou aos jornalistas o “Manifesto em Favor da Família”, aprovado ontem, 29, pela Assembleia.
“O Manifesto é um grito, de fato, em favor da família brasileira. Nosso objetivo como Igreja é centralizar os direitos da família, que é tão mal assistida e agredida em nosso país. Só no Congresso Nacional há 40 projetos em tramitação que vão contra aos valores familiares”, disse.
Dom Orlando lembrou ainda que a família deve ser respeitada porque, segundo ele, trata-se da instituição mais antiga da história da humanidade. “A família é um eixo de pastoral e da ação evangelizadora. Isso significa que, se queremos vocações, a família responde; se precisamos de segurança pública, a família precisa ser agregada; na escola, a família deve colaborar; na catequese, a família é sempre a primeira catequista”.
O arcebispo defende a prioridade e centralidade da família por se tratar de um eixo por onde passam todos os problemas e soluções da sociedade. “Com esse manifesto, queremos defender positivamente e animar a família porque, numa pesquisa séria, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), constatou-se, dois anos atrás, que a família é a instituição mais valorizada pelo brasileiro”, acrescentou.
A imprensa questionou dom Orlando sobre a posição da Igreja que impede os casais de segunda união de receberem a comunhão. Para o arcebispo essa visão de que a Igreja exclui casais de segunda união está ultrapassada. “A Igreja já não diz mais que os casais de segunda união estão em ‘estado de pecado’, mas em ‘união irregular’. O fato de elas pertencerem a uma segunda união criou na Igreja um lugar particular. Elas não participam da comunhão porque estão irregulares, mas nossas pastorais, grupos e movimentos estão abertos para a vivência cristã dessas pessoas e elas podem fazer a comunhão espiritual. Elas não estão condenadas e não se trata de discriminação, mas de distinção”.
Nulidade matrimonialO bispo emérito de Blumenau (SC), dom Angélico Sândalo Bernardino, também respondeu dizendo que as primeiras uniões podem ser consideradas nulas pelos tribunais eclesiásticos, o que pode levar as pessoas a terem as segundas núpcias, ato considerado legal pela Igreja. “Quem está nas segundas núpcias tem as bênçãos de Deus, portanto, é preciso entender essas mudanças radicais que estão acontecendo na Igreja”, frisou.
O arcebispo de Londrina completou explicando as motivações que levam a Igreja a dizer o que é uma família. “A família é a união entre um homem e uma mulher, por meio do matrimônio, que tem o objetivo de gerar filhos para transmitir a vida, conhecimentos, educação. Quando a sociedade não segue esses preceitos, os casais se separam por pequenos motivos. A família é essa proteção que muitas uniões não conseguem dar. É preciso lembrar isso à sociedade porque hoje vemos acontecerem uniões entre pessoas do mesmo sexo, e a Igreja não aceita isso. O nosso papel é fazer as distinções e não discriminar”, acentuou.
Peregrinação da FamíliaO presidente da Comissão para a Vida e a Família também convidou para a Peregrinação Nacional da Família, que acontece no dia 24 de maio, em Aparecida (SP). “Os valores e desvalores são transmitidos pela mídia. A importância da família pouco aparece, é por isso que vamos fazer um evento do porte como essa Peregrinação”, disse.
Dom Orlando ainda destacou que foram os parlamentares, em Brasília, os primeiros a fazer a proposta de um evento da família. “Uma das motivações que levaram os parlamentares a propor um evento como essa Peregrinação é criar mecanismos e argumentos para aprovar projetos que favoreçam as causas familiares e nós estamos abertos a isso”.Segundo o presidente, o ato será um despertar para importância da família. “Queremos despertar o brasileiro para o valor e a centralidade da família diante de tantas crises por que passamos na atualidade”.
CNBB

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