segunda-feira, 4 de maio de 2009

ALUNOS DISCUTEM CULTURA DE PAZ, EM QUIXADÁ

Quixadá. A promoção dos valores morais, sociais e pessoais como ferramenta de combate à violência. Professores e alunos dos Sertões Central e de Crateús se aliam à Igreja Católica na divulgação da Campanha da Fraternidade deste ano. Dentro das escolas e fora delas, principalmente, o objetivo é um só: promover a paz. A empreitada idealizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e realizada pelas pastorais espalhadas por todo o País aborda a fraternidade e a segurança pública como meios necessários para incentivar a população a respeitar as diferenças e conviver em harmonia.O tema da campanha, “A paz é fruto da justiça”, foi assunto da mesa-redonda realizada na Escola Estadual de Ensino Profissional Maria Cavalcante Costa, o Liceu de Quixadá. A iniciativa do professor Edson Lima atraiu mais de 300 alunos e o corpo docente da unidade educacional para o encontro com o bispo de Quixadá, dom Ângelo Pignoli, o promotor de justiça Nelson Gesteira e o Chefe de Gabinete do poder executivo local, Henrique Rabelo. Foi o primeiro encontro realizado no município.Tanto pelo aspecto religioso como pelo social, as explanações dos convidados levaram a um diagnóstico: a sociedade precisa se mobiliar e participar ativamente. Os órgãos de segurança pública atuam na prevenção e na punição. Os resultados não são animadores em nenhum desses aspectos. Os índices da criminalidade estão aumentando e os da impunidade também. “Essa amarga epidemia está se espalhando por todo o País. No Interior do Ceará não é diferente”, ressaltou, preocupado, o diretor do Liceu, professor René Barbosa.Foi exatamente a apreensão com o agravamento do problema que levou a paróquia de Independência, na região do Sertão de Crateús a realizar caminhada pelas ruas como tentativa de promover a paz. Pelo menos 500 estudantes, de escolas públicas e particulares, professores e funcionários seguiram o padre Manoel Machado clamando os moradores para a difusão da “cultura de paz”. Também pediam às autoridades providências no sentido de coibir a frequência de crimes registrados no município.Até bem pouco tempo a velha “Porronca”, desmembrada de Crateús em meados de 1857 era um lugar pacato, lembram os moradores sexagenários. Hoje, além do acentuado consumo de drogas, até brigas de gangue estão ocorrendo entre grupos da Cohab e da Placa, maiores áreas residenciais da cidade que têm, no comércio e nas festas da padroeira Senhora Santana, sua principal fonte econômica. Nem a igreja foi poupada. Pela primeira vez, desde sua construção, a secular Matriz teve suas paredes pichadas por vândalos.Em comum, os dois movimentos alertam para a necessidade de haver uma participação mais efetiva da sociedade no processo de redução da violência. Os religiosos acreditam na sensibilidade dos jovens como um importante passo, basta apenas despertá-la. Todo cidadão pode contribuir. Basta ter boa vontade para cumprir suas obrigações. Principalmente respeitar as regras do convívio coletivo. “Para se ter direito ao Direito é preciso que cada um cumpra suas obrigações”, lembrou o promotor de Justiça Nelson Gesteira. Obrigações que não incluem somente os direitos, mas os deveres que cada cidadão tem diante do outro e das relações pessoais.Uma das vítimas mais recentes da violência foi o bispo emérito de Quixadá, Adélio Tomasin, atual chancelar da Faculdade Católica Rainha do Sertão. Ele foi assaltado por uma quadrilha no interior de sua residência. Os criminosos o amarraram e amordaçaram juntamente com uma freira. Levaram jóias religiosas incluindo um cálice e um anel episcopal. Sobre o episódio o religioso comentou: “acredito na Justiça dos homens e principalmente de Deus”.
Alex Pimentel Colaborador/ Diário do Nordeste

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