quarta-feira, 29 de abril de 2009

MENSAGEM PARA O DIA DO TRABALHADOR: CNBB CONDENA CRISE E CONFIRMA COMPROMISSO COM DIREITOS SOCIAIS DO POVO

“Neste ano, o dia 1º de maio acontece no contexto da crise que assola o conjunto da economia mundial. A crise mostra a sua face mais cruel ao se deslocar do capital financeiro para o setor produtivo, dizimando milhares de postos de trabalho, na cidade e no campo”. Este é um dos trechos da mensagem da CNBB para o Dia do Trabalhador, aprovada ontem, 28, pela 47ª Assembleia Geral da Conferência dos Bispos do Brasil, reunidos em Indaiatuba (SP) desde o dia 22. A Mensagem dos bispos lembra que este tempo de crise representa “oportunidades para as mudanças necessárias em direção a uma nova ordem econômica”. Diz ainda que, “nesse contexto, a Igreja faz ressoar o clamor dos trabalhadores por vida e dignidade”.“A CNBB confirma seu compromisso em favor dos direitos sociais do povo e, em especial, dos direitos trabalhistas e dos esforços para consolidar as suas organizações”, diz o texto.Leia, abaixo, a íntegra da Mensagem
MENSAGEM DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL PARA O DIA DO TRABALHADOR - 1º DE MAIO
“O salário que vós deixastes de pagar está gritando e o clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor” (Tg 5,4).Ao celebrar o Dia do Trabalhador, a CNBB confirma seu compromisso em favor dos direitos sociais do povo e, em especial, dos direitos trabalhistas e dos esforços para consolidar as suas organizações. Expressa também a solidariedade com todos os desempregados, vítimas da crise ou dos que se aproveitam dela. Os princípios da Doutrina Social da Igreja - a dignidade da pessoa humana, a destinação universal dos bens da terra e a prioridade do trabalho sobre o capital - inspiram alternativas para uma nova ordem econômica, em vista de um mundo justo e solidário. Neste ano, o dia 1º de maio acontece no contexto da crise que assola o conjunto da economia mundial. A crise mostra a sua face mais cruel ao se deslocar do capital financeiro para o setor produtivo, dizimando milhares de postos de trabalho, na cidade e no campo. Os países e as populações pobres sofrem mais diretamente as conseqüências do atual modelo capitalista de desenvolvimento, incapaz de assegurar a dignidade humana, garantir os direitos sociais básicos e preservar a vida em nosso planeta. Na origem da crise estão o sistema neoliberal globalizado e a falta de ética na economia e na regulamentação do mercado, gerando corrupção e especulação. O mercado financeiro, na medida em que comanda as relações dos seres humanos entre si e com a natureza, reforça o consumismo comprometendo a justiça social e o equilíbrio ambiental. A crise financeira e econômica é apenas uma parte da crise mais profunda que é social, política, cultural, ambiental, ética e espiritual. Todas essas dimensões devem ser consideradas com coragem e lucidez, na busca de uma saída sustentável.A crise atinge, sobretudo, os trabalhadores, os pobres, as pequenas e médias empresas. Os bancos recebem verbas milionárias dos governos para salvar o sistema financeiro. No entanto continuam as demissões, levando muitas pessoas a buscarem sua sobrevivência no trabalho informal. Tal situação corre o risco de ser agravada, caso seja aprovada a Proposta de Emenda Constitucional sobre a Reforma Tributária, do modo como está sendo apresentada. Ela atingiria o cerne do sistema de Seguridade Social e reduziria gravemente a proteção de mais de 36 milhões de trabalhadores aposentados e pensionistas. Os tempos atuais, mesmo difíceis, representam oportunidades para as mudanças necessárias em direção a uma nova ordem econômica. Nesse contexto, a Igreja faz ressoar o clamor dos trabalhadores por vida e dignidade. As aspirações do povo trabalhador, por meio de suas organizações, indicam caminhos para a consolidação dos direitos, tais como: não às demissões, valorização das aposentadorias, queda nos juros, redução da jornada de trabalho sem redução dos salários, reforma agrária e fortalecimento da agricultura familiar e agro-ecológica, combate ao trabalho escravo e degradante, valorização dos movimentos de trabalhadores desempregados, incentivo às iniciativas de economia popular solidária, investimento nas políticas públicas de saúde, educação e moradia. A CNBB convida trabalhadoras e trabalhadores a manterem viva a fé, a esperança e a alegria em Jesus Cristo Ressuscitado. Que Nossa Senhora Aparecida e São José Operário, o Carpinteiro de Nazaré, intercedam junto a Deus, a fim de que as mais copiosas bênçãos sejam derramadas sobre todos os que, irmanados pelos laços do trabalho, constroem o nosso País.Indaiatuba- SP, 28 de abril de 2009.
Dom Geraldo Lyrio RochaArcebispo de Mariana-MGPresidente da CNBB Dom Luiz Soares VieiraArcebispo de Manaus-AMVice-Presidente da CNBB Dom Dimas Lara BarbosaBispo Auxiliar do Rio de Janeiro-RJSecretário Geral da CNBB

Nenhum comentário: